11 de Março de 2025 Robert Bibeau
Por Khider Mesloub .
"Para garantir a sua autonomia estratégica, a
França pretende implementar uma economia de guerra", declarou o ministro
da Economia, Eric Lombard. A altercação entre Donald Trump e Volodymyr Zelensky
é, para ele, mais uma prova dessa necessidade. Nesse sentido, o ministro
francês revelou o seu plano. Ele ressaltou que apresentará, no dia 20 de Março,
em Bercy, com o Ministro das Forças Armadas Sébastien Lecornu, "um plano
de batalha para mobilizar investidores e bancos a fim de apoiar a indústria de
armamentos".
Questionado pela AFP, Eric Lombard especificou que se
tratava de um evento que visava "facilitar o investimento privado em
estruturas de defesa industrial e tecnológica".
Questionado se a situação era de uma "economia
de guerra" , ele respondeu: "Não chegamos
lá, mas temos que chegar".
França paralisada apela a uma economia
de guerra
A França, que se orgulha de ser o único país capaz de assumir corajosamente o esforço de guerra contra a Rússia, não tem os meios financeiros e industriais à altura de suas ambições bélicas e das suas gesticulações imperialistas.
A França em ruínas tem ainda menos meios para
estabelecer uma economia de guerra.
Dito isto, não só o exército francês não é capaz de
sustentar uma guerra de alta intensidade, mas toda a população francesa se opõe
a qualquer conflito militar contra a Rússia. Pior, como um oficial de alta
patente salientou na revista Marianne: “Não devemos iludir-nos; Contra os
russos, somos um exército de majorettes!”
Assim, o exército francês não tem recursos humanos e
militares para liderar uma ofensiva militar contra a Rússia. Ou qualquer outro
poder. Apesar de tudo, nos últimos anos, enquanto presidia o destino de uma
França desindustrializada e superendividada, Macron proclama que está a trabalhar
incansavelmente para rearmar a França, a fim de fortalecer, gaba-se ele, as
capacidades militares do país.
Da mesma forma, Macron, esse homem sem vigor político,
mas seguidor do rigor económico, nunca deixa de alardear que está determinado a
envolver o país numa "economia de guerra". Contudo, a economia de
guerra implica uma profunda transformação do modelo económico para compensar as
convulsões de um conflito armado e, assim, concentrar-se essencialmente no
esforço de guerra.
Apesar das declarações encantatórias do presidente
Macron, a França não parece nada comprometida com essa transformação do seu
modelo económico para adaptá-lo a uma economia de guerra. E por um bom motivo.
A França, assim como a Europa, não está em condições
de mobilizar as suas forças produtivas e o seu financiamento para produzir o seu
próprio equipamento militar para atender às exigências de uma economia de
guerra. Esta observação acaba de ser corroborada por um estudo recente
publicado pela associação L'Eco à venir, que reúne cerca de quarenta
economistas do sector público e de empresas privadas, presidida por
Pierre-Olivier Beffy. O estudo, que abrange tanto a França quanto a Europa, é
categórico: "Não temos capacidade de produção nem financiamento" para
desenvolver uma economia de guerra", escrevem os autores do relatório.
Certamente, durante três anos, desde o início da
guerra na Ucrânia em 24 de Fevereiro de 2022, a União Europeia (UE) aumentou os
seus gastos militares em 100 mil milhões de euros. Contudo, não para a
construção de novas fábricas de armas, mas para a compra de armas. Além disso,
78% dessas compras foram feitas fora da UE (incluindo 80% nos Estados Unidos,
classificado como o principal produtor de armas, 13% na Coreia do Sul, 3% no
Reino Unido e 3% em Israel). A França, por sua vez, terá fornecido menos de 12%
dos 22% restantes dos 100 mil milhões gastos na compra de equipamentos
militares, ou seja, 2,6 mil milhões de euros.
Uma França
desindustrializada, sobre-endividada e sem forças armadas
Portanto, estamos longe de uma economia de guerra tão
exaltada pelo presunçoso Macron, presidindo um país desindustrializado e sobre-endividado.
Um país incapaz de aumentar a sua produção de equipamentos militares. Como
prova disso, durante três anos, no meio da tensão armada na Europa, apesar da
política pro-activa de rearmamento exibida por Macron, a produção mensal de
armas e munições na França aumentou apenas 13%. Estamos longe da mudança da
França para o "modo de economia de guerra".
Vale lembrar que a economia de guerra é caracterizada
por um aumento acentuado nos gastos com defesa e pela orientação de recursos
para um objectivo essencialmente militar.
Como apontam os autores do estudo publicado pela
associação L'Eco à venir, a melhor maneira de entender a importância de uma
economia de guerra é referirmos-nos à mobilização decretada pelos Estados
Unidos de 1941 a 1945. Segundo esses especialistas, durante esses anos
dominados pela economia de guerra, somente as despesas militares deste país
aumentaram consideravelmente. Eles representavam 45% do PIB americano em 1944,
enquanto outros gastos do governo caíram pela metade, para 7% do PIB. Este
período também foi caracterizado por um esforço de produção excepcional,
resultando notavelmente numa extensão de 5 horas semanais na jornada de
trabalho na indústria de transformação, com, além disso, um aumento de 40% no
trabalho feminino. Mas também pelo aumento dos défices públicos para 25% do PIB
e pela duplicação da dívida para 120% do PIB, apesar do aumento do imposto de
rendimento para 8% do PIB.
Hoje, a Europa, com uma economia caracterizada pela predominância
de actividades de serviços, não é de forma alguma capaz de produzir o
equipamento militar de que precisaria, devido à falta de indústrias militares.
Nem mobilizar as suas forças produtivas e o seu financiamento para
reorganizá-las numa economia de guerra. Ainda mais na França, um país
desindustrializado e sobre-endividado.
Além disso, uma verdadeira economia de guerra exige
que a população trabalhadora pague impostos adicionais consideráveis e o
imposto de sangue ilimitado. Agora, a burguesia francesa (como todas as
burguesias europeias) está ciente de que a classe operária se opõe a qualquer
cobrança adicional de impostos e a qualquer pagamento de imposto de sangue.
Então qual é o sentido das gesticulações belicosas e
das elucubrações guerreiras de Macron? Alguns com espírito malicioso
responderiam: para divertir a galeria de uma França em apuros!
"A economia de guerra: uma comédia
francesa", foi a manchete da revista La Tribune. Incapaz de produzir
"pólvora explosiva" (armas abundantes), a França macronista produz
pólvora mágica, fumo e espelhos, para impressionar o mundo.
Economia de
guerra francesa: um slogan presidencial
A expressão “economia de guerra” não passa de um
slogan lançado pela primeira vez pelo narcisista Macron na exposição
Eurosatory, em Junho de 2022. Mobilizar toda a economia para satisfazer as
necessidades do exército é o slogan de Macron, que se gaba do complexo
militar-industrial francês.
No caso desta França narcisista, o complexo militar-industrial de que se gaba com orgulho seria melhor descrito como um “complexo de superioridade” militar-industrial, tão fantásticas são as pretensões militares dos dirigentes franceses. Porque não se baseiam em nenhuma realidade. Nem industrial, nem financeira, nem humana. O sector terciário francês é apenas capaz de vender armas e máquinas de matar. Mas é incapaz de fazer a guerra. E ainda menos capaz de ganhar uma guerra. Como prova, nos dois séculos da sua existência republicana, a França perdeu quase todas as guerras: contra a Alemanha, a Rússia, o Vietname, a Argélia, etc.
Para recordar, o complexo de superioridade é um mecanismo psicológico de defesa (nacional) através do qual os sentimentos de superioridade de um indivíduo (país) compensam os seus sentimentos (capacidades) de inferioridade. O complexo de superioridade esconde uma enorme falta de auto-confiança, compensada por uma condescendência ultrajante, pelo desprezo pelos outros, pela procura de domínio e por uma agressividade exacerbada (belicosidade).
A “tribo” gaulesa, agora falcão, atribuindo a si própria capacidades imerecidas ou mesmo inexistentes, estava convencida de que era o país mais poderoso da Europa. No entanto, a imensa superioridade da força militar da França em relação a todas as outras forças armadas reside na crença na sua farsa nacional armada de vaidade. A França está insuflada com o hélio da vaidade.
Para recordar, a vaidade é um traço de carácter (um estado de espírito político) que consiste numa crença excessiva nas suas próprias capacidades (militares) e atractivos (económicos).
Decididamente, a França liliputiana e falcão pensa que é o umbigo do mundo, uma superpotência, especialmente desde a entronização do agitado Macron no Palácio do Eliseu.
Khider MESLOUB
Fonte: https://les7duquebec.net/archives/298455?jetpack_skip_subscription_popup
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis
Júdice
Sem comentários:
Enviar um comentário