Que o Silêncio dos Justos não Mate Inocentes: Declaração do Comité Internacional para a Defesa das Mulheres Afegãs (8 de Março de 2025)

sábado, 8 de março de 2025

Declaração do Comité Internacional para a Defesa das Mulheres Afegãs (8 de Março de 2025)

8 de Março de 2025 Robert Bibeau

Pelo COMITÉ INTERNACIONAL PARA A DEFESA DAS MULHERES AFEGÃS (defendafghanwomen.org)

As mulheres afegãs exigem mais do que apenas denúncias.

O Movimento Espontâneo de Mulheres Afegãs (SMAW) levanta a sua voz a 8 de Março de 2025, Dia Internacional da Mulher , não para uma celebração simbólica, mas para protestar séria e vigorosamente contra o implacável apartheid de género imposto pelo regime teocrático dos Talibã e pelo patriarcado.

Enquanto o mundo homenageia a resistência e as conquistas das mulheres, somos envolvidas pela tristeza e pela raiva pela supressão sistemática dos nossos direitos, da nossa dignidade e do nosso futuro.

Não é apenas opressão, mas uma guerra contra a existência das mulheres. Desde que assumiram o poder, os Talibã institucionalizaram a misoginia através de decretos desumanos que privam as mulheres afegãs dos seus direitos humanos, civis e democráticos.

Meninas são proibidas de frequentar a educação além do sexto ano, mulheres são impedidas de trabalhar e mulheres não têm permissão para sair sem um acompanhante adulto do sexo masculino , mesmo numa emergência. A obrigatoriedade do hijab não é uma escolha, mas uma corrente, simbolizando a obsessão dos Talibã pelo controle sobre os corpos e a autonomia das mulheres.

Estas políticas misóginas dos talibãs não são actos isolados, mas sim pilares do apartheid sexual e da misoginia concebidos para excluir completamente as mulheres da vida pública.

Uma menina observa mulheres afegãs a fazer fila para receber assistência humanitária, durante o mês sagrado do Ramadão, em Jalalabad, Afeganistão.

Uma menina observa mulheres
afegãs a fzer fila para receber assistência
humanitária, durante o mês sagrado do
Ramadão, em Jalalabad, Afeganistão

Protestos pacíficos de mulheres e meninas corajosas pelos seus direitos à educação, trabalho e liberdade estão a ser reprimidos pela violência dos Talibã. Mulheres e activistas que protestam são detidas, torturadas e submetidas a estupro e violência sexual na prisão. Mulheres activistas enfrentam ameaças de morte, desaparecimento forçado e execuções extra-judiciais.

O aparelho repressivo dos Talibã tenta silenciar-nos, mas recusamo-nos a ser excluídas. Mesmo diante de ameaças directas às suas vidas, as mulheres afegãs continuam a resistir em salas de aula clandestinas, redes clandestinas e prestando solidariedade confiável às mulheres ao redor do mundo.

As medidas enganosas da comunidade internacional foram uma traição.

À medida que os governos emitem condenações e distribuem dezenas de milhões de dólares a cada semana, as atrocidades dos Talibã aumentam sem controle. As mulheres afegãs exigem mais do que declarações de denúncia . Precisamos que a solidariedade internacional se traduza em acção, para que o Tribunal Penal Internacional implemente imediatamente a exigência pela prisão dos líderes dos Talibã, para que os crimes contra a humanidade sejam punidos, para que a comunidade internacional, incluindo a ONU, reconheça o apartheid sexual como um crime contra a humanidade, para que os Talibã enfrentem as consequências pelos seus crimes e para que seja exercida pressão para suspender todas as proibições à educação, ao trabalho e às liberdades civis.

No Dia Internacional da Mulher, pedimos a libertação imediata de mulheres presas e a protecção de mulheres activistas ameaçadas no Afeganistão. Aquelas que fogem da perseguição merecem asilo político e apoio. Pedimos que as mulheres afegãs não sejam vistas como vítimas dos acordos políticos dos governos envolvidos no Afeganistão. Nunca desistiremos e nunca renunciaremos às nossas reivindicações, aos nossos objectivos e à nossa luta.