domingo, 29 de setembro de 2024

O ataque terrorista da Mossad no Líbano e as suas repercussões a nível mundial

 


 29 de Setembro de 2024  Robert Bibeau  

Por Alfredo Jalife-Rahme.

As explosões de pagers e walkie-talkies da Mossad no Líbano não são apenas crimes de guerra e terroristas contra civis. Não atingiram os combatentes, mas a força policial do Hezbollah e os civis entre os quais trabalham. Eles levantam uma questão de segurança muito mais ampla. Imediatamente, os Guardas da Revolução iranianos interromperam o uso de equipamentos electrónicos fabricados no Ocidente, não apenas ferramentas de comunicação. Israel é o especialista mundial em spyware. Agora sabemos que eles podem não só ouvir-nos sem o nosso conhecimento, mas também matar-nos. Isto é verdade no Líbano e em todo o mundo.

 


Israel, como acontece com todas as leis internacionais que atropela sem restricções, desrespeitou a Convenção de Genebra e o Manual de Direito da Guerra de Defesa dos EUA [1] sobre a proibição de "objectos armadilhados" [2], enquanto o uso de explosivos electrónicos por Israel constitui um crime de guerra [3].

Para não falar da decapitação dos líderes da elite do Corpo Radwan do Hezbollah pelo bombardeamento israelita do bairro xiita de Beirute [4], foram reveladas as ligações da Mossad com várias empresas de fachada: a empresa húngara BAC Consulting, que tem apenas um funcionário, um intermediário da empresa húngara Norta Global, um intermediário da empresa israelita Norta Global, Norta Global da Bulgária e o seu chefe norueguês em fuga (a NATO está envolvida?) Rinson Jose com Gold Apollo de Taiwan. Eles explodiram painéis solares e laptops, ferindo mais de 3.000 pessoas e matando centenas!

O Politico comenta que a guerra electrónica no Médio Oriente levanta temores de uma guerra na cadeia de suprimentos quando "poderia desencadear o reconhecimento das  vulnerabilidades enfrentadas pelas empresas de tecnologia com operações mundiais de fabrico [5]". O Financial Times regozija-se com o facto de o Hezbollah ter sido derrotado e enfraquecido após os golpes de Israel "durante a sua pior semana". A revista The Economist afirma que, através da sua guerra electrónica, Israel cobriu de sangue o Hezbollah, mas que está envolvido numa guerra de desgaste em que "dois ataques contra a milícia xiita podem não mudar o dilema estratégico de Israel no Líbano". Mounir Rabih, do L'Orient Le Jour, acredita que o Hezbollah encaixou os golpes e está a preparar a sua vingança: atravessará o Rubicão quando "segundo fontes diplomáticas concordantes, os israelitas deram ao partido xiita alguns dias para aceitar a proposta de solução política da União Europeia [8]"? 20 dias antes do cibercídio, o Comando Sul dos EUA (Southcom), liderado pela general Laura Richardson, abordou o tema quente da cibersegurança na sua reunião em Santiago, Chile, com "autoridades de defesa sul-americanas".

O sistema de cibersegurança do México foi sequestrado por software que governos neo-liberais mundialistas compraram a Israel – supostamente implicando Genaro García Luna (preso em Nova York), Tomás Zerón (refugiado em Israel), Cárdenas Palomino (preso por tortura), o irrepreensível Eduardo Margolis Sobol, um agente da Mossad [10]. O problema mais grave é que "cibercidadãos israelitas estão a espionar jornalistas e activistas no México", cujos dispositivos electrónicos podem explodir por vingança política.

Acontece agora que Candiru é "muito mais malicioso que o Pegasus" [12], enquanto "Demoman e a equipa de Israel estão por trás da desinformação cibernética em 33 (sic) países (incluindo o México) [13]". Quem protegerá os cidadãos mexicanos da retaliação electrónica de Israel e dos seus aliados sayanim? O solipsismo de Israel na guerra electrónica já começou a produzir o seu efeito boomerang, com países do Médio Oriente  a pedir urgentemente dispositivos fabricados na China (não em Taiwan!).

O segundo dia do cibercídio da Mossad no Líbano ofuscou a resolução não vinculativa da Assembleia Geral das Nações Unidas para a retirada de Israel dos territórios palestinianos ocupados no prazo máximo de 12 meses [15]. Vamos ver o que restará da antiga Palestina e do Sul do Líbano nos próximos 12 meses, quando Netanyahu terá carta branca dos democratas e republicanos nos Estados Unidos. Hoje, não há lugar seguro no planeta onde países ingénuos sem auto-suficiência em segurança cibernética usem o software de Israel e o seu know-how de dois gumes que pode ser transformado num cavalo de Troia electrónico.

Alfredo Jalife-Rahme

Tradução
Maria Poumier

Fonte:
La Jornada (México)
O maior jornal diário em língua espanhola do mundo.

 

Fonte: L’attaque terroriste du Mossad au Liban et ses répercussions mondiales – les 7 du quebec

Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice




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