quarta-feira, 10 de setembro de 2025

Sabra-Chatila – Opération salami 1/2

 


Sabra-Chatila – Opération salami 1/2

 

René Naba / 5  DE setembrO DE 2017 / EM Décryptage

Última atualização em 5 de setembro de 2017

Líbano: «Operação Salami», nome de código dos massacres nos campos palestinianos de Sabra e Chatila, em 1982, planeados muito antes do assassinato de Bachir Gemayel.

Duas ideias pré-concebidas foram desmentidas ao ler as memórias do académico libanês Georges Freyha, parente próximo de Bachir Gemayel e um dos seus colaboradores mais próximos durante a guerra civil libanesa (1975-1990).

1 – A invasão israelita do Líbano não foi decidida como retaliação ao assassinato do embaixador israelita em Londres, Shlomo Argov, em 3 de Junho de 1982, como proclama a fábula israelita. Bachir Gemayel, o chefe militar das milícias cristãs, tinha feito o anúncio ao presidente libanês Elias Sarkis seis meses antes, em Janeiro de 1982, ou seja, seis meses antes do início da operação «Paz na Galileia».

2 - Os massacres nos campos palestinianos de Sabra-Chatila não ocorreram como retaliação ao assassinato do presidente eleito Bachir Gemayel, como sustenta a lenda falangista. Eles foram planeados anteriormente e discutidos durante uma reunião entre Bachir Gemayel e Ariel Sharon, em Bickfaya, a residência de Verão do clã Gemayel, em 12 de Setembro de 1982, três dias antes do assassinato do presidente eleito.

3 – «Operação Salami», nome não escolhido por Bachir Gemayel para designar a erradicação dos campos palestinianos do Líbano, refere-se ao salame italiano que se costuma cortar em rodelas para decorar pizzas e outros pratos exóticos. Para além dos seus desígnios, a escolha deste código revela a grandeza de alma dos conspiradores, bem como o rigor moral dos numerosos apoiantes destes dois criminosos de guerra a título póstumo.

Pelo menos é essa a essência da obra de Georges Freyha, «Souvenirs et mémoires avec Bachir» (Memórias e recordações com Bachir), que relata a amizade deste académico libanês com Bachir Gemayel, o chefe militar das milícias cristãs, cuja prima ele casou.

Uma resenha exaustiva desta obra foi feita pelo politólogo Assaad Abou Khalil no jornal libanês neste link para o falante de língua árabe.

·         http://www.al-akhbar.com/node/280955

 

Extractos:

A entrevista de Nahariya entre Menahem Begin e Bachir Gemayel.

Recém-eleito, Bachir Gemayel viaja a Israel para se encontrar com o primeiro-ministro Menahem Begin em Nahariyah (Alta Galiléia).

Georges Freyha contradiz a versão libanesa que apresentava Bachir Gemayel, preocupado com a independência do Líbano, batendo com o punho na mesa para pôr fim a uma conversa acalorada, antes de embarcar num helicóptero israelita para regressar ao Líbano.

A versão real dos factos é bem diferente e um tanto humilhante para o orgulho libanês. Furioso com a ingratidão libanesa, Menahem Begin repreende Bachir Gemayel com veemência pelo facto de que «nem ele, nem o seu pai Pierre, nem Camille Chamoun, líder de outra milícia cristã, agradeceram publicamente a Israel pela sua ajuda».

Bachir Gemayel promete ao primeiro-ministro israelita que cumprirá a sua dívida de gratidão durante a sua entrevista programada para a revista americana Time, com a promessa de «uma grande manifestação anti-palestiniana e de apoio a Israel».

Menahem Begin recomendou então a Bachir Gemayel que tratasse com consideração o oficial traidor Saad Haddad, chefe do exército do Sul do Líbano, que actuava como guarda prisional na zona fronteiriça entre o Líbano e Israel. «Um cidadão libanês honesto», julgaria o antigo membro do grupo terrorista judeu IRGOUN.

Solange Gemayel: Perfeita dona de casa, na cozinha para preparar pratos e satisfazer o paladar do voraz general israelita.

Georges Freyha especifica que uma segunda reunião ocorreu em Bickfaya, em 12 de Setembro de 1982, logo após a de Nahariya, durante a qual Ariel Sharon se empenhou em suavizar as tensões e restabelecer um pouco de cordialidade nas relações entre as milícias cristãs e o exército israelita.

Revelador do estado de servilismo do clã Gemayel em relação ao gigantesco general israelita, o comportamento de Solange Gemayel: Como uma perfeita anfitriã, a própria esposa de Bachir Gemayel colocou-se aos fogões para preparar os pratos destinados a satisfazer a voracidade do general Sharon: o famoso mezze libanês, além de vários pratos típicos: carneiro recheado, kibbé grelhado, kibbé ao prato e kneffé, a famosa pastelaria libanesa.

Um espectáculo impressionante: a esposa do presidente libanês a cozinhar para o invasor do seu país, uma sequência comparável na sua abjecção aos colaboradores franceses do nazismo, indício indiscutível de uma decadência moral, de uma desfragmentação mental e de uma degeneração cívica.

O apetite de Ariel Sharon era lendário. No filme «Valse avec Bachir», que reconstitui esta sequência, o realizador israelita ARI FOLMAN mostra Ariel Sharon, imperturbável, a engolir 12 ovos estrelados no dia do massacre dos palestinianos em Sabra-Chatila.

·         http://www.renenaba.com/sabra-chatila-in-memoriam/

Durante esse farto repasto, Sharon lembra a Bachir Gemayel que ele foi o padrinho da sua candidatura à presidência do Líbano, «um objectivo que nem mesmo os americanos acreditavam ser possível alcançar».

Mas o elemento mais perigoso dessa conversa surge quando Ariel Sharon evoca as linhas gerais do projecto que visa erradicar os campos palestinianos de Sabra e Chatila. Noutras palavras, esses massacres foram premeditados antes que o assassinato de Bachir Gemayel servisse de pretexto para a execução desse plano.

A «operação salame» ou o diálogo arrepiante entre Ariel Sharon e Bachir Gemayel sobre o projecto de intervenção do exército israelita em Beirute Ocidental.

O plano estava pronto. Sharon discute-o em detalhe com Bachir Gemayel.

-Sharon: Quer que as nossas tropas operem livremente em Beirute Ocidental (sector na altura controlado pelas forças palestinianas progressistas)? Pessoalmente, desejo que o exército israelita permaneça fora de Beirute. Respeitaremos a legalidade no nosso comportamento com as suas forças no que diz respeito ao assassinato de palestinianos e outros. Quer que participemos nesta acção? Se disser que não, respeitaremos a sua decisão. Estamos preocupados em não o embaraçar.

Bachir Gemayel: Não entrem em Beirute. Fiquem onde estão. A vossa presença constitui uma alavanca de pressão. Facilitaria o destacamento do exército libanês noutras zonas do Líbano. Ele vai limpar essas zonas e restaurar a ordem e a tranquilidade, de forma suave.

-Sharon: Se o vosso exército for para Sabra-Chatila...

Bachir Gemayel: Acho que o nosso exército é capaz de fazer o trabalho sozinho.

Sharon: O exército israelita seguirá as suas forças até à Cidade Desportiva e aos campos de Sabra e Chatila?

Bachir Gemayel: Sim. E se tiverem de acompanhar esta operação, basta dizerem que foi o exército libanês que tomou a iniciativa desta operação; que o exército israelita se limitou a avançar nessa direção para garantir que tudo corresse conforme o previsto. Ninguém deve pensar que estão a coordenar as vossas acções com o exército libanês.

A coordenação entre Israel e o Líbano deve ser feita por intermédio de Horse, também conhecido como Fadi Frem, um responsável pelas milícias cristãs, de Michel Aoun, na época general comandante militar da praça de Beirute, e de Amir Drouri, coordenador das actividades israelitas no Líbano. Estamos a empreender uma «operação salami», lançou Bachir, controlando com dificuldade a sua alegria, referindo-se ao salame italiano que se costuma cortar em rodelas para decorar as pizzas.

Sharon: Não é apropriado, neste momento, realizar uma demonstração de força em Beirute Ocidental.

Bachir Gemayel: A zona não é segura. Os seus soldados correm o risco de serem mortos ou sequestrados. A coordenação será feita por Elie Hobeika, adjunto de Bachir Gemayel, e Johnny Abdo, chefe dos serviços de inteligência do exército libanês e das milícias cristãs, que estabelecerão uma coordenação com os seus interlocutores israelitas.

Ariel Sharon estava obcecado por Chafic Al Hout, chefe do gabinete de representação da OLP em Beirute. Essa obsessão por um ensaísta político, um civil sem qualquer qualidade política, traía mal a preocupação do general israelita em erradicar toda a presença palestiniana no Líbano.

Sharon: Se nos chegarem informações sobre as atividades de um dos centros palestinianos, o de Chafic Al Hout, por exemplo...

Bachir Gemayel: Faça o que bem entender. Aproveito esta oportunidade para informar que nem Chafic Al Wazzan, deputado sunita de Beirute, nem Walid Joumblatt, líder druso do Partido Socialista Progressista, nem Ibrahim Koleilat, líder dos Mourabitoun (milícias sunitas de Beirute aliadas aos palestinianos), nem Yasser Arafat, líder da OLP, farão parte do meu próximo governo.

Um tratado de paz israelo-Libanês em perspectiva

Concluindo a entrevista, Bachir Gemayel dirige-se a Ariel Sharon com estas palavras: «Para ser claro, não vou proclamar a minha determinação em permanecer no mundo árabe. Os interesses árabes no Líbano pouco me importam. Mas tenho de dar importância a considerações vitais. Sessenta por cento (60%) dos rendimentos dos libaneses, nomeadamente da maioria dos cristãos, provêm dos países árabes. Não temos qualquer problema, a nível político, em romper as relações do Líbano com os países árabes.

Ariel Sharon e Bachir Gemayel concordam então com a assinatura de um tratado de paz entre o Líbano e Israel. Menahem Begin enviou então uma mensagem de felicitações a Bachir Gemayel pelo feliz desfecho deste diálogo.

Georges Freyha sustentará que os muçulmanos libaneses eram favoráveis a um tratado de paz com Israel, porque estavam «fartos» da situação e que dois líderes sunitas, Abdel Hamid Al Ahdab, neto do primeiro-ministro do mandato francês no Líbano, pelo Norte do Líbano, e Saeb Salam, o líder sunita pró-saudita de Beirute, nutriam uma grande simpatia por Bachir Gemayel.

O anúncio da invasão israelita do Líbano seis meses antes da «Operação Paz na Galileia».

Outro cliché que foi desmentido pela leitura das suas memórias foi a invasão israelita do Líbano, decidida, segundo a versão da época, como retaliação ao assassinato do embaixador israelita em Londres, Shlomo Argov, em 3 de Junho de 1982.

Georges Freyha também refuta a lenda de que os falangistas e os seus aliados de outras milícias cristãs foram obrigados a aliar-se a Israel por falta de meios militares.

Ver, a este respeito, a obra do diplomata americano James R. Stocker: «Spheres of intervention: US foreign policy and the collapse of Lebanon 1967-1976», James R. Stocker, Cornell University Press. Por outras palavras, «Como os Estados Unidos provocaram o incêndio do Líbano», ou melhor, as raízes americanas da guerra do Líbano.

·         http://www.cornellpress.cornell.edu/book/?GCOI=80140100599430  

O anúncio da invasão israelita do Líbano seis meses antes da «Operação Paz na Galileia». O autor ignora rapidamente esta sequência, que não deixa de ser reveladora da conivência entre as milícias cristãs e os israelitas e do envolvimento directo do Estado hebraico na guerra civil libanesa.

«Em 13 de Janeiro de 1982, Bachir Gemayel foi ao palácio presidencial de Baabda para informar o presidente Elias Sarkis, o ministro dos Negócios Estrangeiros Fouad Boutros e o chefe dos serviços de inteligência do exército libanês, coronel Johnny Abdo, sobre a decisão de Israel de invadir o Líbano.

O anúncio foi recebido com satisfação não dissimulada. «A nossa salvação finalmente chegou», exclamaram os participantes da reunião, enquanto aplausos ecoavam pela sala.

«Ao anunciar a invasão israelita, o presidente Elias Sarkis, com um grande sorriso no rosto, virou-se para o coronel Johnny Abdo e pediu-lhe que coordenasse os seus esforços com Bachir Gemayel.

Aplaudir a invasão do seu país pelo seu pior inimigo... Este facto revela o nível de covardia dos dirigentes libaneses, o seu grau de desorientação mental, a sua falta de patriotismo, a gangrena que assola as principais articulações do Estado.

Georges Freyha confirma, nesta ocasião, a duplicidade de Johnny Abdo, oficial superior do exército libanês e, ao mesmo tempo, responsável pelos serviços de inteligência das milícias cristãs, cujo trabalho consiste em minar constantemente as estruturas do poder central libanês.

Ele especifica, a este respeito, que «Johnny Abdo era, em 1976, chefe do 2.º gabinete das Forças Libanesas», agrupamento das milícias cristãs, e que este oficial se tinha encontrado várias vezes com o general Ariel Sharon, ministro da Defesa do Estado hebraico e artífice da invasão israelita do Líbano.

«Johnny Abdo transformou o seu apartamento num apartamento de hóspedes para Ariel Sharon», escreve ele, apesar das múltiplas negações do oficial libanês sobre este ponto.

·         http://www.renenaba.com/wissam-al-hassan-la-dague-du-dispositif-securitaire-saoudien-au-proche-orient/

A profissão de fé de Bachir Gemayel: o Líbano não faz parte do mundo árabe e o terceiro mundo é um mundo atrasado.

Após a sua eleição, Bachir Gemayel convocou o director-geral do Ministério dos Negócios Estrangeiros e disse-lhe o seguinte:

«A imigração libanesa deve ter uma forte influência cristã. Vou empregar todos os meios para fazer com que os cristãos regressem ao Líbano. O Líbano não faz parte do mundo árabe. O Líbano é uma civilização e não tem nada a ver com o Terceiro Mundo. Por favor, deixe bem claro nas suas acções que não pertencemos ao Terceiro Mundo. Saímos deste mundo atrasado. Vamos unir-nos ao mundo europeu e ao mundo livre da América.

Caspar Weinberger, secretário da Defesa de Ronald Reagan, lança então a hipótese de incluir o Líbano numa aliança estratégica. «Concordo com isso. Aproximem-nos da América. Ofereçam-lhes os nossos portos, os nossos aeroportos. A minha relação é com ela e com a Europa».

Durante um contacto com o comandante-chefe do exército libanês, o general Victor Khoury parece preocupado em dar garantias de lealdade confessional ao novo presidente:

«Os oficiais muçulmanos são agora mais numerosos no exército libanês. Quando assumi o comando, eram 17 000, chegando agora a 24 000. Decidi então despedir 4000 deles», gabar-se-á o general Khoury, que combateu as milícias cristãs durante a guerra civil na região de Chekka, no norte do Líbano. Um oportunismo de grande arte.

Em seguida, numa surpreendente escalada, o general Victor Khoury propôs a Bachir Gemayel «declarar guerra à Síria. A nossa irmã Síria», sublinhou.

Epílogo

Presidente efémero do Líbano, Bachir Gemayel foi assassinado na véspera da sua tomada de posse por Habib Chartouni. Se o assassino de Bachir sobrevive na mais total clandestinidade, a sua família foi dizimada pelas vinganças anónimas dos simpatizantes do «Bach».

A eliminação de Bachir Gemayel reduziu a nada a construção de um reduto cristão fascista sob a liderança dos falangistas, com a sua extensão estratégica, a Aliança do «Reduto Cristão» apoiada no «Reduto Judaico» no coração do mundo árabe.

O exército israelita operou uma retirada sem glória do Líbano, que desde então exerce uma função traumática para os israelitas, em 2000, depois em 2006, até aos dias de hoje.

Manchado pelo escândalo do massacre dos campos palestinianos de Sabra Chatila, Ariel Sharon teve de abandonar a cena política durante uma década, antes de regressar e entrar em coma, terminando a sua vida política e biológica como um «vegetal».

O tratado de paz libanês-israelita foi assinado em 17 de Abril de 1983, sob a égide do irmão mais velho e sucessor de Bachir, o presidente Amine Gemayel, mas nunca foi ratificado, tendo sido abortado sob os golpes das forças progressistas libanesas, decididas a riscar do seu calendário político esse «dia de infâmia».

 

René Naba

Jornalista-escritor, ex-chefe do mundo árabe e muçulmano no serviço diplomático da AFP, depois assessor do director-geral da RMC Médio Oriente, chefe de informação, membro do grupo consultivo do Instituto Escandinavo de Direitos Humanos e da Associação de Amizade Euro-Árabe. De 1969 a 1979, foi correspondente rotativo no escritório regional da Agence France-Presse (AFP) em Beirute, onde cobriu a guerra civil jordaniano-palestiniana, o "Setembro Negro" de 1970, a nacionalização de instalações petrolíferas no Iraque e na Líbia (1972), uma dúzia de golpes de Estado e sequestros de aviões, bem como a Guerra do Líbano (1975-1990) a 3ª guerra árabe-israelita de Outubro de 1973, as primeiras negociações de paz egípcio-israelitas na Mena House Cairo (1979). De 1979 a 1989, foi responsável pelo mundo árabe-muçulmano no serviço diplomático da AFP, depois assessor do director-geral da RMC Médio Oriente, encarregado da informação, de 1989 a 1995. Autor de "Arábia Saudita, um reino das trevas" (Golias), "De Bougnoule a selvagem, uma viagem ao imaginário francês" (Harmattan), "Hariri, de pai para filho, empresários, primeiros-ministros" (Harmattan), "As revoluções árabes e a maldição de Camp David" (Bachari), "Media e democracia, a captura do imaginário, um desafio do século XXI" (Golias). Desde 2013, ele é membro do grupo consultivo do Instituto Escandinavo de Direitos Humanos (SIHR), com sede em Genebra. Ele também é vice-presidente do Centro Internacional Contra o Terrorismo (ICALT), Genebra; Presidente da instituição de caridade LINA, que opera nos bairros do norte de Marselha, e Presidente Honorário do 'Car tu y es libre', (Bairro Livre), trabalhando para a promoção social e política das áreas periurbanas do departamento de Bouches du Rhône, no sul da França. Desde 2014, é consultor do Instituto Internacional para a Paz, Justiça e Direitos Humanos (IIPJDH), com sede em Genebra. Desde 1 de setembro de 2014, é responsável pela coordenação editorial do site https://www.madaniya.info  e apresentador de uma coluna semanal na Radio Galère (Marselha), às quintas-feiras, das 16h às 18h.

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Fonte: Sabra-Chatila - Opération salami 1/2 - Madaniya

Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice




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