sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

Adeus à vida, adeus ao amor... Ucrânia, Guerra e Auto-Organização, por Tristan Leoni

 


 16 de Dezembro de 2022  Oeil de faucon 

Como não tenho nenhum artigo meu para vos apresentar, aqui está um para vossa informação, a ser tomado com reservas.

G.Bad

Publicado em 30 de Maio de 2022 por Tristan Leoni, comentário Pantopolis em analyse politique

Baixar Ukaine-guerra-e-auto-organização

arquivo pdf do texto de Tristan Leoni.

Tradução espanhola: https://inter-rev.foroactivo.com/t11103-adios-a-la-vida-adios-al-amor-ucrania-la-guerra-y-la-autoorganizacion-tristan-leoni-8-de-mayo-de-2022#91567,

por inter-rev.foroactivo.com

Brigada de Defesa Territorial Anarquista Ucraniana, Março de 2022 https://www.militantwire.com/p/ukrainian-anarchists-mobilize-for?s=r

Introdução ao artigo de Tristan Leoni, 8 de Maio de 2022[1]

Reproduzimos no Pantopolis o artigo de Tristan Leoni publicado a 13 de Maio pelo blog "duvidar de tudo... “(DDT).

O seu interesse, para além da sua recusa de toda a linguagem de madeira, é sublinhar o que está em jogo no conflito não só internacionalmente mas também em França, onde a propaganda do Estado e dos seus meios de comunicação social gargareja com "Lei", "Justiça" e "Democracia" a fim de melhor preparar uma nova união nacional como em 1914, onde os explorados voltariam a ser utilizados como carne para canhão:

"Os blocos estão constituídos, formalizados. O risco seria que a guerra na Ucrânia, apesar da sua quota-parte de horrores, seja apenas uma escaramuça anunciando conflitos de outra magnitude, a curto ou médio prazo.

"Entretantoquem paga os prejuízos são sempre os mesmos, os proletários: acentuação da crise, aumento da concorrência e exploração internacional, inflacção, aumento dos orçamentos militares que só podem significar aumentos de impostos e cortes nos serviços (saúde, educação), etc. As revoltas locais terão lugar, especialmente em França, mas nada que, de momento, possa abalar a ordem capitalista ou as tensões interestatais.”

"Vamos apostar, no entanto, que se, nos próximos meses ou anos, a França e o seu exército estivessem muito mais directamente envolvidos numa guerra de alta intensidade (do tipo que a Ucrânia está a viver), o governo e os media explicar-nos-ão que é para defender a justiça, o direito e a democracia, como em 1914!

O outro interesse do artigo de Leoni é o de denunciar o envolvimento de alguns anarquistas no conflito do lado da bandeira nacional amarela e azul. Estes últimos, em nome de um alegado envolvimento na "política real", ou seja, a carnificina imperialista, enfileiram-se – como alguns dos seus antecessores em 1914 e 1937 – do lado da "pátria" pela qual se trata de "morrer de armas na mão" mas embrulhando-se na bandeira da "autonomia", " primeira mensagem de libertação social para todos e todas". ». Um pouco de negro para esconder o sangue derramado pelos proletários de ambos os lados... Para o Z (para o Ocidente, zapad) dos tanques do imperialismo russo e para a bandeira amarela e azul do Estado burguês ucraniano, os anarquistas opõem o A cercado por um fundo de bandeira negra "para estar ao lado do povo" (sic):

"No entantoo que surpreendeu muitos em França foi saberatravés de alguns textos e testemunhos, que os anarquistas ucranianos se tinham juntado ao exército ou à defesa territorial. Alguns grupos parecem ter aproveitado a distribuição de armas para formar unidades de combate; uma brochura evoca a criação de "dois esquadrões"; cerca de vinte activistas fatigados e Kalashnikovs posam para a foto em torno de uma bandeira negra com o círculo A, na legenda da foto afirmando cautelosamente que estes grupos "teriam um certo grau de autonomia" dentro da Defesa Territorial...

« Se nos mantivermos afastados dos conflitos entre Estados, ficamos longe de uma política real. Énos dias de hoje um dos conflitos sociais mais importantes que se desenrolam na nossa região. Se nos isolarmos deste conflito, isolamo-nos do actual processo social. Então temos que participar de alguma forma. [...] Qualquer força que invista no futuro desenvolvimento político deve estar presente aqui e agora, ao lado do povo. Queremos fazer progressos para estar em relacionamento com as pessoas em maior escala, para nos organizarmos com elas. O nosso objectivo a longo prazo, o nosso sonho, é tornar-nos uma força política visível nesta sociedade, a fim de ter uma oportunidade real de promover uma mensagem de libertação social para todos. [2]

O "combatente" anarquista na Ucrânia tornar-se-ia então, como o "combatente" curdo do Rojava (Curdistão Sírio) – morrendo ao lado ou pelas forças imperialistas dos EUA – tornando-se uma "referência em termos de radicalismo político", estampado com a bandeira negra. Sem recordar que as fronteiras são as da luta inter-imperialista e não as fronteiras do confronto entre o proletariado e a burguesia:

"Falam mais de "resistência", "voluntários em armas" ou de uma "estrutura miliciana" que lembra a Espanha em 1936 (embora aqui sejam dois campos nacionalistas que se opõem), relativizam o peso da extrema-direita, que no entanto está muito presente no exército de Kiev, etc.".

Para estes anarquistas, o apelo, clássico no movimento revolucionário, para colocar o pau no ar, para quebrar fileiras e para desertar, só diria respeito aos rebeldes russos, excluindo os rebeldes ucranianos, e portanto a todos os desertores de ambos os lados das linhas de frente imperialistas:

"Apoiar desertores? Esta é, pelo menos, uma actividade revolucionária clássica em tempo de guerra (organizando redes para atravessar fronteiras, obter documentos falsos, abrigar fugitivos), mais aplicável nos países vizinhos. Em França, podemos certamente encontrar bandeiras ou iniciativas de apoio a "desertores russosrefractários e rebeldes ", mas não, ao que parece, a favor dos seus homólogos ucranianos, cujo número está a aumentar. A situação pode mudar, mas, para já, recorda-nos que, durante a guerra na Síria, os curdos que recusam o serviço militar obrigatório no seio das YPG foram convenientemente esquecidos enquanto eram muitos para se refugiarem nas grandes cidades europeias. »

Enquanto não houver mobilizações reais de proletários contra a guerra, de ambos os lados da linha da frente, com apelos à deserção, à sabotagem do aparelho militar e à desactivação do comando militar e do Estado que os conduz - qualquer que seja a bandeira - a carnificina sangrenta que atinge a Ucrânia e a Rússia vai continuar. Enquanto se espera por outros conflitos ainda mais mortíferos na Europa, África e Ásia...

Pantopolis, 30 de Maio de 2022.


[1] Texto publicado originalmente no blog "duvidar de tudo... para manter o essencial": ddt21.noblogs.org.

[2] Cf. "Entrevista: Comité da Resistência, Kiev", Março de 2022: https://renverse.co/analyses/article/ukraine-et-russie-3441

 

Fonte: Adieu la vie, adieu l’amour… Ukraine, guerre et auto-organisation, de Tristan Leoni – les 7 du quebec

Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice




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