segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

O princípio do fim?

 


 26 de Dezembro de 2022  Olivier Cabanel  

OLIVIER CABANEL — O aquecimento mundial deverá acelerar a um ritmo muito mais rápido do que o esperado, devido ao metano que estava preso no fundo do mar.

 


Se se acreditar em Orjan Gustafsson, um dos líderes da expedição embarcado no navio científico russo Smimiskyi Jacob, o metano contido nos depósitos sub-aquáticos no Ártico está a escapar por milhares de toneladas, devido ao aquecimento mundial, e vai acelerá-lo ainda mais.

No The Independent, de 23 de Setembro, o jornalista Steve Conor leu alguns dos primeiros resultados.

Os investigadores conseguiram observar as bolhas causadas pelo gás na superfície do mar.

No seu último e-mail, Gustafsson escreve:

"Trabalhámos febrilmente para completar o programa de amostragem ontem e na noite passada. Uma grande área de libertação intensa de metano foi descoberta. Em locais anteriores, tínhamos observado elevadas concentrações de metano dissolvido. Ontem, pela primeira vez, observámos uma área onde a libertação é tão intensa que o metano não teve tempo de se dissolver na água do mar. Chega na forma de bolhas de metano na superfície... Em alguns lugares, as concentrações de metano eram 100 vezes superiores aos níveis habituais.

Estas anomalias foram encontradas no Mar da Sibéria Oriental e no Mar de Laptev.

Cobrem dezenas de milhares de quilómetros quadrados e totalizam milhões de toneladas de metano.

Isto pode ser da mesma ordem de magnitude que o que é actualmente estimado para os oceanos como um todo.

O pressuposto habitual era que a "cobertura" do permafrost nos sedimentos sub-aquáticos da plataforma continental siberiana poderia conter estes enormes depósitos de metano.

O aumento da libertação de metano nesta região pode sugerir que o permafrost tem agora pequenos buracos e, portanto, liberta metano em grandes quantidades."

Os resultados preliminares do Estudo da Plataforma Siberiana de 2008 serão publicados pela União Geofísica Americana, e são supervisionados por Igor Semelitov, do Departamento do Extremo Oriente da Academia russa de Ciências.

Semelitov liderou uma dezena de expedições ao Mar de Laptev desde 1994, mas desde 2003 tem assistido a um aumento significativo do número de "pontos quentes" de metano.

O Ártico tem registado um aumento médio de temperatura de 4 graus centígrados nas últimas décadas.

O fenómeno é duplo:

Por um lado, o oceano absorve mais calor do sol do que a superfície reflectora do gelo.

Por outro lado, o gelo da calota polar está a derreter a alta velocidade.

Se juntarmos a isto os milhões de metros cúbicos de metano libertados, o aquecimento mundial acelerará em conformidade.

De acordo com a Enciclopédia Britannica, aprendemos que a concentração atmosférica média de metano é equivalente a 3,5 mil milhões de toneladas de carbono hoje em dia.

O permafrost ártico contém quase 3.000 vezes mais metano (10 biliões de toneladas de equivalente de carbono), que está a ser libertado para a atmosfera.

Estima-se que a quantidade de metano presa sob o Ártico seja maior do que a quantidade total de carbono contida nas reservas mundiais de carvão.

Enquanto os "especialistas" do Grenelle apontam principalmente o dedo ao dióxido de carbono como responsável pelo aquecimento mundial, esquecem-se que o metano é vinte vezes mais poderoso do que ele.

Dito isto, o imposto ecológico do governo planeado para incentivar carros limpos parece ser uma ferramenta muito ultrapassada para combater o aquecimento mundial.

Pode reanimar a indústria automóvel, mas não muito mais.

Porque, como dizia um velho amigo africano:

"Quando o elefante tropeça, são as formigas que sofrem."

 

Fonte: Le début de la fin? – les 7 du quebec

Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice




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