4 de Dezembro de
2022 ROBERT GIL
Investigação
conduzida por Robert Gil
Os direitos humanos tornaram-se uma ideologia de substituição que nos permite fazer vista grossa às disfunções da nossa sociedade. A defesa dos direitos humanos é o argumento supremo para obter o consentimento do público e poder intervir contra outro país de uma forma mais ou menos violenta. É utilizado para justificar o nosso direito de interferir em nome de supostos valores. A boa consciência do Ocidente é variável.
Seja no Médio Oriente, Afeganistão, ex-Jugoslávia, Haiti ou Tibete, os direitos humanos servem muitas vezes apenas para esconder interesses económicos ou estratégicos. Já os conquistadores e colonos americanos massacraram milhões de "selvagens" para lhes trazer a civilização. Não se pode trazer a democracia enterrando países debaixo de um tapete de bombas!
Os activistas ocidentais dos direitos humanos na China, Irão ou Cuba deveriam interrogar-se sobre a relação destes países com as potências ocidentais, e interrogar-se porque é que a mobilização e os meios de comunicação social não são tão virulentos na Colômbia, México, Kuwait, Nigéria, .... Os direitos humanos só são apontados em países que não abraçam a ideologia liberal, que não querem que as multinacionais controlem os seus recursos, ou que ocupam uma posição estratégica. E sem ser demasiado optimista, se de facto existem problemas nestes países, os direitos humanos são apenas um pretexto, porque apoiamos regimes muito piores mas que não põem em causa os nossos interesses!
Usar os direitos humanos para nos absolvermos do que está a acontecer nas nossas sociedades é uma forma de tentar fugir à realidade. Quantos prisioneiros inocentes estão à espera no corredor da morte nos Estados Unidos ? Quem são os prisioneiros em Guantánamo? Quantos palestinianos estão a invadir as prisões israelitas? E em França, quantos manifestantes são detidos, espancados, levados sob custódia? Quantas pessoas perdem os seus empregos por protestar? Oh claro, ainda não é tão violento como nas Honduras, Birmânia ou Tunísia... mas está a acontecer aqui! E o MAM tinha mesmo proposto a assistência da polícia para ajudar o regime "democrático" de Ben Ali!
Os defensores dos direitos humanos deveriam manifestar-se contra a OMC e o FMI, que através de "reformas estruturais" destruíram a auto-suficiência alimentar de muitos países do Sul, entregando-os a multinacionais que se apropriaram de sementes e destruíram serviços públicos em benefício de empresas ocidentais. Os defensores dos direitos humanos deveriam exigir a anulação das dívidas dos países, dívidas já reembolsadas várias vezes, e apoiar o acesso aos medicamentos genéricos face às empresas farmacêuticas multi-bilionárias que beneficiam da investigação pública e de numerosos subsídios pagos gratuitamente sem qualquer compensação.
Nenhuma televisão ou jornal apoiará tal iniciativa, porque embora esteja na moda criticar um país onde a informação é controlada pelo Estado, esquecemos que no nosso país a informação é controlada por multinacionais que utilizam o pretexto dos direitos humanos para interesses partidários. Em geral, as teorias liberais do sistema capitalista não são compatíveis com os direitos humanos. A mundialização "feliz" produziu mais pobreza do que nunca em todo o planeta. Não se pode defender os direitos humanos sem questionar as consequências económicas do sistema capitalista.
"Aquele que vê um problema e nada faz, faz parte do problema"...GANDHI
Fonte: Le prétexte des droits de l’Homme – les 7 du quebec
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis
Júdice
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