Putin quer desmilitarizar a Ucrânia, a UE quer
rearmá-la... Qual é a escolha da burguesia atlantista?
25 de Abril de 2025
Robert Bibeau
O frenesim de reuniões bélicas e discursos beligerantes que tomou conta das chancelarias europeias está a tornar-se cada vez mais grotesco.
Sem exércitos substanciais, divididos como nunca
antes, totalmente perplexos com a deserção de Washington e, acima de tudo,
incomodados por serem marginalizados das negociações que ocorrem entre Putin e
Trump, os europeus estão a lutar para encontrar um lugar na solução do conflito
ucraniano. Mas
é o bom senso que falta nesses cabeças-quentes, que desconhecem completamente a
sua fraqueza. (Fonte: https://ripostelaique.com/poutine-veut-demilitariser-lukraine-lue-veut-la-rearmer-mauvaise-pioche.html ).
Todos esses idiotas deveriam gesticular um pouco menos
e tentar entender o Czar:
– Putin está a travar uma guerra existencial após 35
anos de traições e mentiras do Ocidente, que constantemente prejudica a
Federação Russa enquanto sonha em desmembrá-la;
– O czar nunca cederá a Crimeia ou os quatro oblasts
de Donbass anexados à Rússia. E se a situação exigir, ele recorrerá a armas
nucleares tácticas;
– Ele não assinará nenhum tratado de paz com Zelensky,
um palhaço mafioso corrupto que ele considera ilegítimo, já que o seu mandato
expirou há um ano;
– Ele não negociará com os europeus que o traíram ao
torpedear os acordos de Minsk;
– Ele não aceitará nenhuma paz até que os seus
objetivos sejam alcançados:
1) desmilitarização da Ucrânia
2) desnazificação do regime
3) neutralidade com a impossibilidade de adesão à OTAN
Putin recusa-se a permitir que tropas europeias,
incluindo tropas da OTAN, sejam estacionadas na Ucrânia, estejam ou não sob a
protecção do Artigo 5. Mas Macron insiste sem ter meios para sustentar as suas
alegações.
É claro que os anões militares europeus ainda não
entenderam que os russos podem enfrentar cinquenta nações sem recorrer à
mobilização geral. Putin recruta tantos voluntários a cada mês quanto Zelensky
perde soldados ao longo dos 1.200 km de frente.
Se a Rússia entrasse em guerra com a OTAN, uma opção
que Putin nunca descartou, ela poderia mobilizar 20 milhões de soldados. Em
comparação, os exércitos europeus não conseguem sequer cumprir as suas quotas
anuais de recrutamento.
Por todas essas razões, é difícil entender o que
significam todas essas gesticulações de Macron e Starmer. Não só não há sinais
de voluntários a juntar-se à coligação, como a Europa não consegue fornecer
garantias de segurança à Ucrânia sem apoio americano, incluindo protecção aérea
confiável.
Como podemos resolver um grande problema
em que é impossível chegar a um acordo sem ser pela força das armas?
– Os europeus consideram a desmilitarização da Ucrânia
inaceitável;
– Putin só fará a paz quando essa desmilitarização for
alcançada e irreversível.
Na verdade, a Europa quer envolver-se numa missão de
paz armada que pode durar anos. Basta dizer que é um fardo para além das suas
possibilidades.
A solução para uma paz duradoura certamente não é um
conflito latente entre a Rússia e a OTAN, que se arrastaria como o conflito
israelo-palestiniano, como os europeus estão a planear. A única solução credível é aceitar a paz
nos termos do czar.
O Ocidente pode gritar, mas deveria ter respeitado os
acordos de Minsk para evitar a guerra, em vez de perseguir a população russa do
Donbass.
Quanto à soberania territorial da Ucrânia, aqueles que
a estão a propor para lutar contra a Rússia são as mesmas pessoas que dividiram
a Sérvia ao decretar a independência unilateral do Kosovo em 2008, desafiando o
direito internacional.
Como o Ocidente russófobo só conhece a lei do mais
forte, o conflito será resolvido na frente militar. Não haverá paz até que as
causas desta guerra sejam eliminadas e as garantias duradouras de paz sejam
claramente definidas...(sic)
O czar tem vindo a dizer isso desde Fevereiro de 2022,
mas o Ocidente recusa-se a ouvir e prefere gesticular sozinho. A próxima
reunião de Ramstein, onde cinquenta nações discutirão a ajuda à Ucrânia,
ocorrerá sem a presença do Secretário de Defesa dos EUA.
Essas discussões são inúteis, pois é o Urso Russo que
detém a chave para o problema, com o seu exército avançado, as suas 6.200
ogivas nucleares e os seus inestimáveis recursos geológicos. Tantos activos
que os europeus não têm, que preferiram investir em questões sociais desde 1990
(???!!!-sic-NDÉ). Não se consegue interpretar o Rambo depois de 35 anos deitado
no sofá.
Antes de discutir o rearmamento do
exército ucraniano, seria melhor que os europeus se preparassem para o seu
colapso.
Jacques Guillemain
Fonte: https://les7duquebec.net/archives/299477?jetpack_skip_subscription_popup#
Este artigo
foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis
Júdice
Comentário de Normand Bibeau
Guillemain bate forte, mas acerta no alvo numa perspetiva táctica e de curto prazo. No entanto, onde erra é quando analisa a guerra na Ucrânia numa perspectiva "militar", quando na verdade se trata de uma guerra regional inter-imperialista pela redivisão do mercado "russo" entre as facções ocidental e oriental do capital mundial.
Assim, está a enganar-se a si próprio ou a tentar enganar-nos, ao
obscurecer o envolvimento dos EUA nesta guerra desde a sua génese com as
negociações para a integração da Ucrânia na NATO e as falsas negociações com o
Mercado Económico Europeu que levaram directamente ao golpe Euromaidan em 2014,
depois à guerra civil e aos seus 13.000 mortos, 30.000 feridos e um milhão de
exilados.
Estes preliminares tinham como objectivo preparar o terreno para a enorme
guerra económica travada simultaneamente contra a economia russa com o
lançamento de 19.000 "bombas de sanção", o roubo em massa de activos
russos e o ataque terrorista ao cordão umbilical da NordStream Energy, tudo com
o "fim desejado" de provocar um golpe palaciano em Moscovo em
detrimento da facção "orientalista" da burguesia russa representada
por Putin a favor da facção "ocidentalista", representada por
Prigogine como bonecas russas: os grandes a prender os pequenos.
Guillemain, com os "20 milhões de soldados que o czar Putin conseguiu
mobilizar" (uma excelente descrição da personagem, diga-se), analisa a
guerra segundo a velha retórica dos confrontos entre soldados de infantaria,
enquanto as guerras modernas são guerras aéreas: por drones, aviões, mísseis,
tudo sob a supervisão constante de satélites que observam o campo de batalha
desde a linha da frente, até ao estado-maior, passando pelas linhas de
abastecimento, pelas fábricas que produzem as armas e pelos reservatórios de
petróleo que as abastecem.
O genocídio dos mártires palestinianos no campo de concentração de Gaza, os
corajosos combatentes libaneses e iranianos e todos os exércitos árabes são
ilustrações abomináveis daquilo em que consiste uma guerra moderna: 100
aviões de mercenários israelitas SIONAZI de "todo este povo
reaccionário" que bombardeiam implacavelmente um território e a guerra é
ganha. Quem se esqueceu dos 78 dias de bombardeamentos de Belgrado e da Sérvia
que obrigaram à capitulação do exército jugoslavo?
Os dirigentes capitalistas europeus que pretendem uma segunda Operação
Barbarossa na Federação Russa, como Kaja Kallas está a pedir, a "Ministro
liliputiana dos Negócios Estrangeiros da União Europeia" e Ven Der, a
Hiena, a sua Presidente, sob o falso pretexto de "libertar as 160 nações
que compõem a Federação Russa do jugo do Czar Putin", sabem que a guerra
na Ucrânia terá sido apenas uma ronda na guerra final para se apoderar dos
recursos naturais da Rússia porque, como ensinou Darwin: "A necessidade
cria o órgão" e a necessidade insaciável e insatisfeita de
matérias-primas: hidrocarbonetos, petróleo e gás natural, "terras
raras", terras menos raras, terras em geral, exige que a burguesia
europeia se apodere da Rússia para saquear os seus inúmeros recursos naturais.
Nesta guerra até ao fim, com todo o respeito pelos idiotas úteis, a
aristocracia "popular" europeia, sob o domínio da burguesia, está
pronta a transformar-se de "carne para patrão em carne para canhão",
como fez insanamente duas vezes só no século passado.
14 milhões de mortes e 60 milhões de mortes não terão sido suficientes para
dissuadir a burguesia de se matar com os seus idiotas úteis para perpetuar o
seu modo de vida decadente e louco, movidos pela convicção de que "fora da
exploração capitalista, do consumo desenfreado, dos espectáculos degenerados,
da música decadente, dos jogos circenses, a vida não vale a pena ser vivida e
que é melhor que os seus escravos assalariados morram do que ser privado
deles".
Existe um forte receio de que o seu desejo seja realizado e que a chuva
radioactiva que se seguirá à guerra termonuclear apocalíptica que porá fim à
próxima guerra mundial a alivie da sua ânsia de exploração e consumo.
Para aqueles que duvidam deste diagnóstico desesperado, que se lembrem de
como começou a Segunda Guerra Mundial: a perseguição e a implementação dos
fundamentos ideológicos do genocídio dos comunistas, sindicalistas,
"judeus", "dissidentes" em todo o Ocidente e
particularmente na Alemanha, pela "elite burguesa" e pelos seus "aristocratas
populares" para roubar a sua liberdade e as suas propriedades na
indiferença e submissão do "populo".
O que está o mundo a testemunhar agora? Ao genocídio dos mártires
palestinianos e à queima e derramamento de sangue no Médio Oriente para lhes
roubar as vidas e o seu ouro negro, petróleo e gás natural na indiferença e
submissão da "população".
Como ensinou Einstein: as mesmas causas geram os mesmos efeitos e a guerra
na Ucrânia, o genocídio do martirizado povo palestiniano e a guerra comercial
entre os EUA e a China são apenas tremores antes do terramoto que a burguesia mundial
e a sua aristocracia estão a preparar para se apoderar dos recursos naturais e
dos mercados que lhe escaparem, mas quem semeia ventos de guerra colhe
tempestade nuclear, diga-se.
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