terça-feira, 29 de abril de 2025

Deixem-se de tretas: a explicação para o APAGÃO é POLÍTICA... não TÉCNICA!


Deixem-se de tretas: a explicação para o APAGÃO é POLÍTICA... não TÉCNICA!

Na manhã de dia 28 de Abril, cerca das 11h30, todo o país sofreu as consequências daquele que já é considerado o maior apagão na história de Portugal, evento que só veio a ter solução – ainda que não total – cerca de 12 horas depois. A destruição de riqueza que tal catástrofe energética provocou está por definir, mas situar-se-á, certamente, na ordem dos muitos milhares de milhões de euros.

Isto para não falar nos transtornos, no desconforto e, até, nos riscos – incluindo de morte – em que se traduziu o referido apagão.

Apesar da sua utilidade, qualque explicação “técnica” peca por desviar a nossa atenção do essencial. E o essencial é que, a explicação para o "apagão" que ocorreu não é, de todo, técnica! Ela é política e assenta, essencialmente, nas necessidades de acumulação de capital que um sector da burguesia portuguesa - a burguesia compradora - persegue com denodo, sem olhar a meios e consequências para o bem estar de operários e restantes escravos assalariados.

A decisão, POLÍTICA, de acabar com as Centrais  Termoeléctricas a carvão de Sines e do Pego, não se deveu a qualquer “generosidade” ecológica. Sabemos que todos os políticos da burguesia - de Sócrates a Passos Coelho e de António Costa a Luís Montenegro, portanto, do PS ao PSD - quiseram passar a ideia de que são "bons alunos" sempre prestimosos em abraçar as "regras" europeias que ditam o acesso a energias "verdes" ou renováveis. Ou, como diz o povo, serem “mais papistas do que o papa”!

Porém, nenhum deles tem vocação ecológica. O que ambos perseguem, para prestar um bom serviço ao capital que servem, é que o custo de energia seja um factor de produção mais barato e competitivo, que possibilite um acréscimo da mais-valia e do lucro nos produtos acabados e nos serviços.

No entanto, ninguém fala na economia de escala que representa para a Espanha e a burguesia espanhola, produzir energia suficiente para abastecer parte das necessidades energéticas de Portugal e de França (pelo menos as regiões do sul deste país) assegurando, assim, um autêntico monopólio energético.

Portugal, de país excedentário na produção de energia, passou a importar - pelos vistos entre 30 a 40% das suas necessidades energéticas - da rede espanhola. Porque sai mais barata a electricidade vendida por Espanha. Porque, assim, a burguesia e o grande capital, que PS e PSD servem de forma canina, consegue exponenciar ainda mais os seus lucros.

As explicações "técnicas" - por mais rebuscadas que sejam, incluindo a de ataque cibernético - servem para escamotear este FACTO.


Luis Júdice, 29 de Abril de 2025

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