Gaza – Jornalista sabia que corria risco de morte
(vídeo)
"Ela
sabia que corria risco de morte": a história de Fatma Hassouna, heroína de
um documentário sobre Gaza apresentado em Cannes (vídeo 1'40)
http://mai68.org/spip3/spip.php?article3502
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https://mai68.org/spip3/IMG/mp4/Fatma-Hassouna_documentaire-Cannes.mp4
ENTREVISTA – A foto-jornalista palestiniana
de 25 anos soube um dia antes da sua morte que Put Your Soul on Your Hand and
Walk seria apresentado no festival. A realizadora Sepideh Farsi conta a
história.
Eles deveriam encontrar-se pela primeira vez na
Croisette em Maio. Na terça-feira, 15 de Abril, a realizadora franco-iraniana
Sepideh Farsi correu para ligar para sua amiga e colega Fatma Hassouna, uma
fotojornalista palestiniana de 25 anos, para lhe contar as boas novas. O
documentário Put Your Soul on Your Hand and Walk foi seleccionado para competir
no Festival de Cinema de Cannes na secção independente criada pela Associação
de Cinema Independente para a sua distribuição (Acid). Vinte e quatro horas
depois, Fatma Hassouna e nove membros da sua família perderam a vida no seu
prédio em Al-Touffah, no norte de Gaza, informou a media local, incluindo a Al
Jazeera.
Soube da notícia na quarta-feira ao meio-dia por um
dos meus colegas, que compartilhou comigo algumas postagens anunciando a sua
morte. Eu não conseguia acreditar. Ainda não consigo acreditar. No dia
anterior, havíamo-nos separado com a promessa de que faríamos de tudo para
garantir que ela pudesse vir a Cannes e nos conhecermos pela primeira vez.
"Mas isso não vai acontecer", disse a realizadora Sepideh Farsi,
emocionada, ao Le Figaro.
Ela sabia que corria risco de morte, mas nunca
falávamos sobre isso abertamente. Havia uma espécie de modéstia. Ela era uma
mulher forte, orgulhosa de ser palestiniana. Tudo o que ela queria era poder
viver uma vida normal. » Sepideh Farsi e Fatma Hassouna conheceram-se
virtualmente em Abril de 2024, através de uma amiga. A realizadora queria
trabalhar num documentário, "Put Your Soul on Your Hand and Walk"
(Coloque asua alma na sua mão e ande), para contar a realidade de Gaza. Mas
como contar a história da guerra quando não se pode ir até lá? Sepideh Farsi,
com entrada negada em Gaza devido a estradas bloqueadas e à falta de visto,
procurava desesperadamente alguém no local que pudesse mostrar-lhe o quotidiano
dos palestinianos. A fotojornalista chegou na hora certa.
Mostrar o que “a media não mostra”
Com Put Your Soul on Your Hand and Walk, Sepideh Farsi
queria "entender como é que alguém pode resistir sob cerco, sob bombas,
como é ficar preso num país sem nunca poder sair". Um cenário que ecoa a sua
experiência, já que a realizadora não pôde retornar ao seu país durante mais de
quinze anos. Ela queria mostrar uma "voz de dentro de Gaza, um ponto de
vista palestiniano que está muito ausente do cenário mediático" e dar
"uma voz e um rosto a essa presença palestiniana". Para criar este
documentário de 1 hora e 50 minutos, a realizadora contou com videochamadas
feitas com Fatma Hassouna. Além disso, o filme mostra muitas fotografias da
fotojornalista. E trechos de noticiários de televisão sobre a guerra.
Há momentos de desespero, quando ela se desespera e se
lembra de que gostaria de viver uma vida normal. Ela vivia com o barulho dos
drones 24 horas por dia, 7 dias por semana. "Ouvimos bombardeamentos,
explosões", diz a realizadora.
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https://mai68.org/spip3/IMG/mp4/Gaza_tentes_Khan-Younes_34-morts.mp4
Qual o futuro do documentário, ainda não
finalizado?
O filme, actualmente em pós-produção, está quase pronto. A sua montagem não mencionará a morte da jovem fotojornalista. Crédito SEPIDEH FARSI/WATER DREAMS PRODUCTIONS
Para o Acid, que prestou homenagem à fotojornalista,
"não é mais o mesmo filme que exibiremos, apoiaremos e apresentaremos em
todos os cinemas, começando por Cannes". Após a morte de Fatma Hassouna,
surge a questão sobre o futuro do documentário. O filme, actualmente em
pós-produção, está quase concluído. Resta apenas trabalhar no som e na
calibração. O conteúdo de Put Your Soul on Your Hand and Walk deve ser alterado
após os eventos recentes? Para a realizadora, a resposta é não. "Não quero
mudar a edição. Quero que o filme permaneça como era quando Fatem (apelido dado
a ela por pessoas próximas – Nota do editor) ainda estava viva. »
O separador final homenageará a memória da
fotojornalista. Sepideh Farsi, no entanto, está a considerar incluir um
“pequeno trecho da sua última videochamada” após o Festival. Mais de 250 jornalistas
e profissionais de media palestinianos foram mortos desde 7 de Outubro de 2023.
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Atenciosamente,
do
http://mai68.org/spip3
Fonte: https://les7duquebec.net/archives/299409#
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis
Júdice
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