2 de Agosto
de 2021 Robert
Bibeau
Tradução
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| Ursula von der Leyen, Timmersmans e três Comissários – Kadri Simson, Paolo Gentiloni e Adina-Ioana Valean – apresentam o pacote "Fit for 55" em Bruxelas sob o lema "Cumprir o Acordo Verde Europeu" |
A Comissão Europeia apresentou esta semanao "Fit for 55",um conjunto de medidas para desenvolver o direito climático europeu. O objectivo declarado é reduzir as emissões de todos os países da UE para 55% até 2030 em comparação com 1990. A media permanece no final dos voos baratos e na proibição da venda de carros a motor em 2035. Acima de tudo, no entanto, é um meio de inflaccionar o mercado especulativo de emissões ao custo do aumento dos preços dos combustíveis, aquecimento, transporte, alimentos e construcção.
conteúdo
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Qual é o principal impulso de
"Fit for 55"?
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Quais os produtos que aumentarão
os preços com "Fit for 55"?
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Mas há também um fundo para
evitar a pobreza energética, não há?
O que é o "Fit
for 55"
"Fit for 55" (apto para 2055 – NdT) é, na verdade, um conjunto de directrizes – regras que cada país deve adaptar – e regulamentos – leis de aplicação directa em todos os países membros – que a Comissão Europeia apresentou na última quarta-feira na forma de um pacote. Isso significa que, nas próximas negociações, não podemos esperar mudanças globais: o que dá lugar a uma coisa será recuperado noutra, de modo que o efeito mundial, não apenas sobre as emissões, mas também sobre os rendimentos dos trabalhadores europeus, será mais ou menos o que podemos calcular agora.
Qual é o principal
impulso de "Fit for 55"?
Preços futuros do Mercado Europeu de emissões (ETS). O pacote Fit for 55 aumentará a procura ao integrar a obrigação de comprar direitos a mais sectores.
O elemento central é, uma vez mais, a regulação do mercado de emissões de CO.2. Este regulamento, que se seguiu ao Acordo de Paris, criou um mercado especulativo sobre quotas que, graças ao Acordo Verde, está a experimentar um boom especulativo. Em Maio, duplicou o preço por tonelada seis meses antes e atingiu €50. Desde então, não desceu daí e já vimos o efeito que isso teve na conta de luz.
O "Fit for 55" gira em torno desse mercado, para o qual multiplicará a procura forçando novos sectores a comprar quotas de acordo com a sua producção. Além disso, a Comissão propõe agora reduzir ainda mais o limite global de emissões e aumentar a sua taxa anual de redução, ou seja, reduzir a oferta a cada ano e cada vez mais.
Quais os produtos que aumentarão
os preços com o "Fit for 55"?
Habitação, transporte, consumo básico, encargos e, claro, carne e lacticínios verão os seus preços aumentarem com o "Fit for 55"
"Fit for 55" é uma conta sem fim. As alterações à Directiva de Energia Renovável obrigam os produtores de combustíveis de aquecimento e frio a comprar subsídios de emissão. O combustível de transporte também terá que fazer isso. Isso significa um custo adicional em autocarros a gasolina ou diesel, camiões, comboios e outros meios de locomoção e encaminhamento de cargas, que além disso crescerão cada vez mais. A aviação comercial e o transporte marítimo também terão que pagar direitos de emissão.
Além disso, o "Fit for 55" inclui a reforma do mercado de gás natural, a directiva sobre o comportamento energético de edifícios e habitações, novos limites de emissões de carros e carrinhas que vão forçá-lo a trocar de carro mais cedo e pagar mais para usá-lo em grandes cidades. Não poderiam faltar novos impostos verdes que já foram anunciados ontem e a nova regulamentação do uso da terra que aumentará o preço da carne e dos produtos lácteos. INFLAcÇÃO:
Mas há também um fundo
para evitar a pobreza energética, não há?
A pobreza energética aumentará inevitavelmente com o "Fit for 55"
Não, o Fundo Social para o Clima incluído no "Ajuste para 55" servirá melhor para manter as políticas de ajuda actuais dos Estados em caso de extrema pobreza energética, nada mais.
Somemos os novos custos de electricidade, a previsível escalada de aquecimento, o aumento geral dos preços de todos os bens importados devido ao aumento do frete e – veja abaixo das fronteiras de carbono–, o aumento dos custos associados às viagens e a ida para o trabalho todos os dias, o aumento dos preços dos produtos refrigerados e frescos devido aos seus custos mais elevados de energia e transporte, o aumento da carne, produtos lácteos e outros produtos alimentares básicos...
O impacto total de "Fit for 55" no salário mais comum de um trabalhador será pouco menos de 20% do seu rendimento actual em muitas regiões da Europa bem antes de 2030... e então eles nos pedirão um esforço final para alcançar zero emissões até 2050. Vamos agora comparar isso com o novo Fundo Social para o Clima.
O novo Fundo Social para o Clima será financiado a
partir do orçamento da UE, utilizando um montante equivalente a 25% da receita
projectada do comércio de emissões para a construcção e os combustíveis de
transporte rodoviário. Fornecerá 72,2 biliões de euros em financiamento aos
Estados-Membros para o período 2025-2032
ACORDO
VERDE EUROPEU: A COMISSÃO PROPÕE TRANSFORMAR A ECONOMIA E A SOCIEDADE DA UE
PARA ALCANÇAR AS METAS CLIMÁTICAS. COMUNICADO DE IMPRENSA DA
COMISSÃO EUROPEIA.
72 biliões para 27 Estados em 7 anos... É evidente que este é, na verdade, apenas um fortalecimento dos fundos para ajudar a pobreza energética que já existe hoje em quase todos os países, dado que ... Haverá muito mais pobreza energética e muitas situações mais extremas para lidar, a fim de evitar que os casos mais sangrentos sejam usados como gatilho para uma explosão social.
Mas se é tão sério o
que está para vir... por que é que eles não têm medo de uma resposta social e
dos trabalhadores?
Primeiras manifestações dos "coletes amarelos" contra o aumento do combustível da "transicção ecológica" de Macron.
Na verdade, eles temem. O Astro Verde do Parlamento Europeu, Pascal Canfin, disse durante os debates parlamentares com Timmersmans e von der Leyen que "Fit for 55" é politicamente suicida. Não, não se deixem confundir, Canfin é favorável – parece mais um macronite – mas vocês têm em mente que a explosão dos coletes amarelos veio de uma tentativa de elevar os preços dos combustíveis menos do que o "Fit for 55" vai impor. AUTOPSIE DU MOUVEMENT DES GILETS JAUNES – AUTOPSY OF YELLOW VESTS – les 7 du quebec
As fontes sindicais e da OIT também foram citadas em vários meios de comunicação especializados, garantindo que
“As decisões de defesa do clima da CE são uma derrota arriscada porque
afectam a população com poucos recursos, o que leva ao risco de inviabilizar o
processo pela reacção popular à descarbonização.
E é que o processo é a esperança dos capitais europeus, não é todos os dias que se aprovam transferências deste volume dos rendimentos do trabalho para o capital .
As quotas não sairão
pela culatra para as empresas europeias, tornando-as menos competitivas do que
as empresas chinesas, russas ou americanas?
China, Rússia e Irão destacam-se nos mapas de CO2 associados às exportações com as quais "Fit for 55" justifica a imposição de uma taxa proteccionista sobre as importações
Nem por isso. Além de tornar o frete marítimo mais caro https://queonossosilencionaomateinocentes.blogspot.com/2021/08/a-crise-mundial-do-transporte-maritimo.html – através das quais a maioria das importações entra – o "Fit for 55" estabelece as chamadas fronteiras de carbono, impostos que tributarão na fronteira aço, alumínio, energia, cimento e fertilizantes de países que a UE acredita que não fazem o suficiente para o Acordo de Paris. E a lista de bens tributados pode ser expandida no futuro: https://queonossosilencionaomateinocentes.blogspot.com/2021/07/desaprovisionamento-industrial-e-nova.html
Trata-se de um mecanismo proteccionista que visa evitar que a producção europeia de uma indústria pesada e intensiva em energia perca a sua competitividade de preços. Mas, na realidade, fazia parte de uma abordagem mais ampla: acelera primeiro a re-europeização da producção industrial que se torna a bandeira de Macron, que promete torná-la – com uma nova reforma previdenciária – o eixo do ano político que começa em Setembro. Os candidatos nas eleições alemãs estão a fazer um discurso semelhante.
Os "limites de
carbono" estabelecidos pelo "Fit for 55" podem ser o início de
uma nova guerra comercial "verde"?
Kerry e Lavrov esta semana em Moscovo
A natureza arbitrária dos limites de carbono em "fit for 55" é inseparável da sua inegável intenção imperialista. Mas os principais temores de uma guerra comercial na Europa estão focados nos Estados Unidos. E diante dos Estados Unidos, as fronteiras de carbono não se vão erguer.
Além disso, tributando o gás russo, oferece uma saída honrosa para a Alemanha fora dos EUA na disputa pelo NordStream2, que parece ser, será finalmente encerrada com a visita de Angela Merkel a Biden. Estratégias e custos dos EUA na guerra do gasoduto (North Stream 2) – os 7 de Quebec
Por outro lado, permite que os EUA e a UE coordenem as suas políticas proteccionistas e ataques comerciais a terceiros como um compromisso sacrossanto contra as mudanças climáticas. No final do dia, é uma ferramenta discriccionária para punir a China, a Rússia e todos aqueles que dela precisem em conjunto. É por isso que os Estados Unidos acabam de anunciar que também estão a adoptar o sistema de fronteiras de carbono: pode ser uma das bases da nova relação com a UE.
Isso é outra coisa, a resposta da Rússia e da China. Parece que os Estados Unidos estão a usar o anúncio desta medida como parte da sua política de contenção com o governo Putin. A visita de Kerry a Moscovo esta semana parece estar a ir por aí. Os EUA poderiam juntar-se à política alemã que oferece ajuda e investimento à Rússia para que se torne um fornecedor de energia e producção industrial verde... removendo este sim, a dependência estratégica da UE sobre o gás natural russo.
Outra coisa é a China, que, apesar do seu próprio Acordo Verde, sabe – e,
portanto, protesta contra a UE – é o primeiro candidato a enfrentar a nova
barreira diante da pressão expressa das indústrias pesada e automóvel da
Europa.
"Fit for
55": uma punição severa para os trabalhadores que estimulam tensões
imperialistas e guerra comercial
Os principais pagadores de "Fit for 55"
"Fit for 55" representará uma punição severa para os trabalhadores europeus.
O impacto será desigual por região e ao longo do tempo. O trabalhador polaco certamente será atingido pelo aumento do combustível de aquecimento. Ao precário da França rural sobre o custo do combustível para o carro do qual ele precisa para ir de um trabalho para outro. Em grego, alemão ou irlandês, o item principal chegará até si na conta do supermercado e em espanhol ou português para os custos de manutenção doméstica e custos de transporte.
O Acordo Verde está a tomar a forma de um ataque brutal ao poder aquisitivo dos trabalhadores assalariados.
Kerry está certo quando diz aos governos e grandes fundos que o Green Deal é o maior mercado conhecido até hoje e
Sanchez quando ele diz que abre oportunidades extraordinárias para a economia (= acumulação). Nunca, desde a
última guerra mundial, foi articulada uma transferência de rendimento de tal
magnitude dos trabalhadores para o capital.
Faz sentido que eles estejam felizes e ansiosos para começar o mais rápido possível. Na verdadeira mudança climática, eles encontraram a desculpa perfeita para articular uma saída às nossas custas da crise de rentabilidade que o capital vem a arrastar há anos. E se nada mais, "Fit for 55" alimenta as tensões imperialistas ao desencadear uma guerra comercial na prática.
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Este
artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice
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