6 de Agosto de
2021 Robert Bibeau
Por Vladimir Terehovb - Julho 2021 -
Fonte New Eastern Outlook
Deve-se ressaltar também que, ao contrário dos Estados Unidos, a componente económica da potência mundial que é a China é a principal ferramenta para garantir a sua relevância. Como resultado, a "expansão" externa da China é bastante bem recebida pelos metas que ela visa. A componente militar também está a crescer rapidamente, mas só desempenha um papel no apoio à sua política externa. E isso, aparentemente, continuará a ser o caso para um futuro próximo. https://queonossosilencionaomateinocentes.blogspot.com/2021/07/as-discussoes-entre-os-estados-unidos-e.html
Também é importante salientar a ausência de tentativas por parte de Pequim de, como dizem, "provocar o sentimento dos parceiros" nas suas relações bilaterais. O qual, com as suas demonstrações de força com porta-aviões, é mais o método de Washington na política externa. E a total ausência de factores que mostram a validade das pretensões à autoridade moral deste último confirma a tese segundo a qual a falta de vergonha o conduz.
Não há nada parecido que acompanhe o conceito-chave da política externa da China, a chamada "Comunidade de Um Destino", na qual todos os países do mundo, incluindo adversários geopolíticos, são convidados a participar voluntariamente. Este conceito está incorporado na iniciativa global New Silk Roads, que muitas vezes evoca associações com a antiga Grande Rota da Seda.
Como há dois mil anos, uma das principais rotas desta iniciativa chinesa deve passar pela região muito conturbada do Grande Oriente Médio. Mas, sem (pelo menos) reduzir o nível de turbulência nessa região, a construcção e a operação sustentável desse projecto é impossível. É por isso que Pequim está a prestar mais atenção a ela, que agora se está a tornar uma realidade.
A conclusão, em Março de 2021, dos anos de negociações sino-iranianas sobre a assinatura (por 25 anos) do Acordo de Parceria Política, Estratégica e Económica, assinado em nome da República Popular da China pelo mesmo Wang Yi, é de suma importância.
Desde então, os factores que agravam a situação no Afeganistão https://queonossosilencionaomateinocentes.blogspot.com/2021/07/derrota-esmagadora-da-america-no.html (como resultado da decisão de Washington de retirar o resto do contingente militar americano em ritmo acelerado) e os conflitos que ocorrem mais ou menos regularmente em diferentes regiões do mundo árabe começaram a ganhar especial importância. O Ministro das Relações Exteriores chinês abordou essas questões durante sua recente visita em duas etapas à região. https://queonossosilencionaomateinocentes.blogspot.com/2021/07/moscovo-tem-informacoes-sobre.html
A primeira etapa (12 a 16 de Julho) incluiu visitas a três países da Ásia Central (Turquemenistão, Tajiquistão e Uzbequistão), onde foram realizadas conversações com os seus colegas sobre todos os aspectos das relações bilaterais. Mas, sobretudo, sobre a situação no Afeganistão, que, com a expansão do Talibã no seu território, é uma preocupação crescente para os seus vizinhos.
Além disso, em Dushanbe, Wang Yi participou da reunião ministerial ordinária dos Estados membros da SCO e, em seguida, em Tashkent na conferência internacional "Ásia Central e Do Sul: Conectividade Regional. Desafios e oportunidades. O principal item da agenda desses dois eventos foi o problema afegão, discutido pelos representantes de quase todos os países envolvidos de uma forma ou de outra. https://queonossosilencionaomateinocentes.blogspot.com/2021/07/estamos-em-guerra-o-capital-americano.html
Ainda é muito cedo para poder discutir o resultado dessas actividades, dado os diferentes interesses dos participantes, a natureza complexa das relações entre eles e a situação em rápida mudança no próprio Afeganistão. No entanto, vale a pena notar o ponto principal: o problema afegão não será deixado de fora por "interesses externos". Isso teria muitas consequências desagradáveis para eles próprios, mas especialmente para o Afeganistão.
Tashkent foi seguido pela segunda etapa, "Árabe" (17 a 20 de Julho), da digressão de Wang Yi, que incluiu visitas à Síria, Egipto e Argélia. Em cada um desses países, o convidado chinês também foi recebido pelos seus colegas e líderes seniores. Além disso, Wang Yi reuniu-se com Ahmed Aboul Geith, secretário-geral da Liga Árabe, em El-Alamein, Egipto. No final das conversações, foi adoptada uma declaração conjunta.
Talvez a principal coisa que chama a atenção nos comentários da visita de Wang Yi a esses três países árabes é o apoio mútuo óbvio expresso pelas partes para encontrar maneiras de resolver os seus problemas internos. Não havia uma única palavra de moralidade quando se tratava de certos aspectos "sensíveis" da situação política interna dos países em cujo nome os negociadores falavam em Damasco, Cairo e Argélia.
O presidente sírio Bashar al-Assad expressou notavelmente o seu "apoio incondicional" à posição de Pequim em questões relacionadas com Taiwan, Xinjiang e Hong Kong, ou seja, sobre as três principais causas dos ataques de propaganda cada vez mais ferozes que os Estados Unidos e os seus aliados mais próximos estão a realizar contra a República Popular da China. Por sua vez, Wang Yi expressou a oposição da China a qualquer tentativa de mudança de regime na Síria, e esperava que a Síria se juntasse à iniciativa das Rotas da Seda.
O Egipto já se juntou desde Janeiro de 2016, e o nível de cooperação alcançado sob este projecto foi bem-vindo durante a reunião de Wang Yi com o presidente Abdel-Fattah al-Sisi. Durante a conversa, ele expressou a sua esperança de uma nova expansão da cooperação bilateral neste quadro e ressaltou a capacidade do Egipto de mediar o projecto com outros países do continente africano. Como na Síria, Wang Yi ficou seguro do apoio inabalável do Egipto à política de uma Só China e sua disposição de coordenar acções no sector de segurança.
Palavras mais ou menos semelhantes às expressadas
em Damasco e no Cairo também foram faladas durante a reunião de Wang Yi com o
presidente argelino Abdelmadjid Tebboune. Aqui, também, expressou-se extrema
satisfação no que diz respeito à participação no projeto Rotas da Seda e à natureza das
relações com a China em geral. Como nas outras duas capitais, agradecemos pela
pronta assistência na obtenção da vacina Chinesa Covid-19 (a sua produção
começou no Egipto).
Duas características notáveis devem ser sublinhadas na retórica dos interlocutores desses seis países muçulmanos visitados (três da Ásia Central e três árabes). Em primeiro lugar, todos enfatizaram o papel decisivo do Partido Comunista Chinês no desenvolvimento da China e no seu surgimento como uma potência mundial. Em segundo lugar, não houve menção à chamada "opressão dos uigures",ou seja, as pessoas altamente religiosas que vivem na Região Autónoma uigure de Xinjiang. Deve-se notar que este problema está apenas na mira dos adversários muçulmanos da China. No entanto, é provável que este último tenha pouco a ver com as suas próprias raízes religiosas e culturais.
Em geral, a recente visita do Ministro das Relações Exteriores chinês na região do Grande Oriente Médio é mais uma prova do crescente prestígio da China no mundo, particularmente no Terceiro Mundo. O que acontece (na maioria das vezes) sem mostrar os músculos e muito menos sacar de uma arma. https://queonossosilencionaomateinocentes.blogspot.com/2021/08/o-imperio-chines-euro-asiatico-cerca-o.html
Isso demonstra mais uma vez a eficácia da conhecida estratégia:
... agora você tem que ser mais gentil com as pessoas, e olhar para os
problemas de forma mais ampla.
Vladimir Terehovb
Traduzido por Wayan, revisto por Hervé, para o Saker de língua francesa
Este
artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice
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