26 de Julho de 2021 Robert Bibeau
A Rússia destacou as ligações entre Washington e o ISIS* no norte do Afeganistão. Aproveitando-se do caos, o grupo terrorista está aí no meio de um renascimento, enquanto a retirada militar americana deve terminar em Setembro.
Um conjunto de indicações agora permite-nos afirmar que Washington cooperou com os combatentes do ISIS* no norte do Afeganistão, declarou nesta quinta-feira, 22 de Julho, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova.
"Tivemos muitas questões sobre os voos de
helicópteros não identificados, registados desde 2017 nas áreas de actuação do
Daesh*, especialmente no norte do Afeganistão. De acordo com fontes afegãs,
as tropas do ISIS* receberam reforços, armas e munições desta forma.
Terroristas mortos e feridos também foram removidos dos campos de
batalha", disse o oficial.
Informações sobre as entregas de armas e reforços ao grupo terrorista, através de um espaço aéreo que foi bloqueado pela OTAN e pelos americanos, foram publicadas várias vezes, e devem atrair a atenção das estruturas internacionais, segundo ela.
A porta-voz ainda apontou que a Força Aérea dos EUA
havia realizado "ataques pontuais" nas posições do Talibã* lutando contra o
EI*. Tais manobras "indicam claramente as interacções", disse
Zakharova.
O ressurgimento do
Daesh*
Mais uma vez a trabalhar na Síria dois anos após a sua derrota, o Daesh* também se reorganizou no Afeganistão. Em 20 de Julho, o
grupo terrorista reivindicou a responsabilidade pelo ataque com rockets ao
palácio presidencial no meio das orações de Eid.
O ISIS* está a aproveitar-se do caos que reina no país, entre a retirada americana, o avanço deslumbrante do Talibã e a migração dos salve-se-quem-puder. Mas o Afeganistão só poderia estar um passo no caminho da reconstrucção da organização terrorista, que agora está de olho no Irão e na Ásia Central, como explica Georges Lefeuvre, ex-diplomata e pesquisador do Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas (IRIS).
"Se eles recuperarem, o seu objetivo não seria simplesmente o Afeganistão, mas a conquista de Khorasan. Uma estratégia regional que ameaça o Irão, as Repúblicas da Ásia Central e a China", diz o especialista da região.
Diante desses múltiplos renascimentos, os líderes da coligação
internacional, em acção no Iraque e na Síria, tentaram responder. Reunidos em
Roma, eles pediram uma mobilização contínua para "criar as condições para
uma derrota duradoura" da organização terrorista.
Durante a guerra civil síria, a
inteligência dos EUA e da Arábia Saudita também haviam criado a controversa
Operação Timber Sycamore, que deveria fornecer armas e
dinheiro aos chamados rebeldes "moderados". Este material finalmente
caiu parcialmente nas mãos de grupos terroristas.
Este
artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice
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