21 de Julho de 2021 Robert Bibeau
Subida em flecha da taxa de incidência de Covid-19 (sic) e aumento claro na variante Delta na França metropolitana... Não é preciso mais do que isso para o governo anunciar a "quarta vaga" da pandemia. Presentes todos os dias no campo, duas enfermeiras de hospitais particulares dão-nos outra constatação.
O mote é lançado: um novo tsunami viral abater-se-ía sobre o héxagono (França – NdT)! "Entrámos em uma quarta vaga",disse o porta-voz do governo Gabriel Attal em 19 de Julho, antes de acrescentar:"Numa semana, a taxa de incidência aumentou quase 125%". A pioria da situação entre os jovens adultos parece até agora ser a marca deste novo episódio. Assim, no início de Julho, a prevalência da variante Delta foi quatro vezes maior entre os jovens de 20 a 30 anos do que entre as pessoas de 50 a 60 anos! (E depois... quais são as consequências dessa prevalência?)
© AFP 2021 LUDOVIC MARIN
Gabriel Attal anuncia quarta vaga de epidemia, taxa de incidência aumentou 125% |
No entanto, a vaga dificilmente é sentida em todos os lugares. Pauline trabalha como enfermeira num hospital particular em Yvelines. Ela não vê um súbito fluxo de pacientes.
O hospital público
ainda se aguenta
Embora empregada noutro departamento, a jovem teve que arregaçar as mangas da blusa e dar uma mão ao serviço Covid durante os episódios mais agitados da pandemia. Aos microfones da Sputnik, ela afirma não ter observado nenhuma sobrecarga no momento. Segundo ela, geralmente,"é o hospital público que é impactado primeiro",antes de ser sentido no seu estabelecimento. No entanto, ali, ele"consegue absorver os doentes".
"Como não vemos essa vaga a chegar, questiono-me se não é uma
estratégia do Estado. Estamos a começar a falar sobre a quarta vaga no Verão,
para incentivar a população a ser vacinada, aumentando a ameaça de um novo confinamento.
Não acho que seja muito honesto", indigna-se a jovem mulher.
A"vaga"observada pelo Serviço Público de Saúde França reflete-se principalmente na taxa de incidência que está a subir (+62% na semana de 5 a 11 de Julho). Por outro lado, as mortes continuam a cair (-7% na mesma semana).
© AFP 2021 PHILIPPE LOPEZ
Adrien é enfermeira num hospital particular"na região de Versalhes". Por enquanto, o seu estabelecimento"limita-se à cirurgia cardíaca",a sua actividade habitual, enquanto aguarda pela Alta Autoridade de Saúde (HAS) decidir distribuir pacientes fora dos hospitais da capital. Uma decisão que interviria em caso de sobre-ocupação de camas no sistema público. Mas, segundo a nossa interlocutora, a reacção da quarta vaga ressoa sobretudo na fraseologia do executivo.
"A nossa clínica não é um hospital de primeira linha. Só recebemos
pacientes quando o hospital [público, nota do editor] já está saturado. Somos
um hospital de alívio de carga em termos de ressuscitação", diz Adrien.
No entanto, durante a segunda vaga do Covid-19, o estabelecimento"recebeu o público em intensa ressuscitação". E os outros pacientes receberam o"tratamento autorizado. Ou seja, quase nada: doliprane e corticosteróides."
"Vacinação não é
tudo!"
© SPUTNIK. ALEKSEI AGARYCHEV
O prefeito preocupa-se com o risco económico de uma nova vaga epidémica mundial |
Caso o serviço de ressuscitação da clínica de Adrien não seja solicitado, o pronto-socorro recebe sempre pacientes"que têm Covid que se apresenta como uma gripe, sem as formas graves". Uma consequência directa do aumento da taxa de incidência. Embora a enfermeira se recuse a pronunciar-se sobre o assunto, estudos comprovam a eficácia das vacinas anti-Covid contra as formas graves. Além disso, a cobertura vacinal está a progredir em França. Em 19 de Julho, era de 56,4% para uma dose e 41,41% para uma vacinação completa.
"Não sei se é bom vacinar todo a gente, sabendo que algumas vacinas
não são 100% óptimas. O governo plebiscita a Pfizer, que está [teoricamente] num
período de teste até 2023", diz Adrien.
O anúncio do início de uma revisão contínua da vacina sanofi-pasteur francesa incentiva o profissional de saúde a estigmatizar o impasse que"a Alta Autoridade sanitária está a fazer sobre a eficácia de certos tratamentos". "A vacinação não é tudo!" exclama a nossa interlocutora. Ela também acusa o passe sanitário de "introduzir mais segregação na sociedade"e"severidade não sadia em relação à população".
Mais visibilidade nas
vacinas!
A enxurrada de novos casos está a alarmar o governo. Houve mais de 18.000 infecções em França em 20 de Julho. No entanto, nem a propaganda implacável a favor da injecção, nem a ameaça de imunização compulsória dos cuidadores, minaram a resolução de Pauline.
"Não sou contra a vacina. Sou contra a obrigação, não podemos forçar
as pessoas a injectarem-se com um produto que foi lançado há um ano, na fase
experimental. Cada qual é livre de dispor do seu próprio corpo", diz a
enfermeira.
© SPUTNIK. DOMINIQUE BOUTIN
DEPUTADO pede 'liderança pelo exemplo' ao tornar obrigatória a vacinação de parlamentares |
Pauline, que"basicamente toma poucos medicamentos", não é um caso isolado dentro do seu departamento. Ela estima que"numa dúzia de pessoas, quatro não são vacinadas". Sem real "visibilidade noutros departamentos", ela garante que a maioria dos funcionários está vacinada. Embora,"após o anúncio do obrigatoriedade, encontremos mais novos 'relutantes'" do que antes.
Adrien também esclarece a sua atitude em relação às restricções do governo:
"Eu não sou contra a vacina, tenha cuidado! Se me disserem que, por causa
do meu trabalho, sou obrigada a ser vacinada, com um documento a apoiar, eu o
farei. Mas não quero que as pessoas digam que é de minha própria vontade, forçando-me
a assinar uma autorização."
Fonte SPUTNIK.
Fonte deste artigo:
Quatrième vague et vaccination obligatoire: le gouvernement joue-t-il avec
les nerfs des Français? – les 7 du quebec
Este
artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice
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