26 de Julho de
2021 Olivier Cabanel
Ele tinha saído com raiva, virando as costas à França, jurando que não voltaria, mas como bom político que é, ele mudou de ideia, e aqui está ele novamente... Manuel Valls, aquele que traiu o seu presidente, por outro, está de volta...
Para Valls, seria
antes uma valsa hesitante, ou um passo à frente, dois passos para trás. link
Foi 1º ministro com Hollande, depois com o
anúncio da eleição presidencial, ele tenta a sorte nas primárias socialistas,
maldição, então perdeu! É Hamon quem ganha... mas, mau
camarada, Valls vira as costas ao candidato socialista,
sentindo a vitória de Macron, chama-o com o pé, em vão...
Deve-se lembrar que antes de tudo isso, ele atacou Macron, chamando-o de "populista light"... mas, uma vez este último eleito, ele vai tentar seduzi-lo sem rodeios.
Durante uma entrevista na RTL, ele
foi convidado a posicionar-se, dado que ele é um candidato para o legislativo,
Ele vai declarar-se um
candidato no campo de Macron... excepto, que maldição, ainda
perdido, o LREM não o investe como candidato da maioria... e
até colocará um candidato "em marcha" contra ele...
pior, de repente, o PS vai lançar contra Valls um
processo de impeachment. link
Ele deixou o PS... ou foi o PS que o deixou? Grande pergunta... ainda é que, não ressentido, ou desejando conquistar as boas graças do presidente, sentar-se-á ele na assembleia "aparentado" coma a LREM. link
Excepto que, finalmente, sentindo-se odiado por todos, Valls vai virar as costas à França,e tentará a sua sorte em Espanha, seu país de origem...
Condenado, sempre a
perder, ele fracassará nas eleições municipais de Barcelona, e
agora evoca um possível retorno à França, não desistindo de dizer
que "quer ser útil a Macron". link
Sempre um passo em frente... dois passos atrás...
Ele acaba de publicar
um livro: "nem uma gota de
sangue francês" (editora Grasset) ... com a
legenda "mas a França corre nas minhas veias"... fórmula
muito macronista, digna do "ao mesmo tempo"...
A sua editora adiciona uma camada a este conceito, declarando-o "tanto Jacobin quanto Girondin (...) secular e cristão (...) apaixonado tanto por Blanche Gardin quanto por Vianney... ou por Jules Vernes e Albert Camus".
Em todo o caso, neste
livro, ele anuncia a cor: ele quer contar na campanha presidencial que se
anuncia para 2022... e não desgostoso com todos os contratempos
sofridos até agora, escreve: "pela minha experiência, e pelas
minhas ideias, e também porque os factos provaram que estou certo, tenho o
direito de participar num debate crucial para o meu país"... link
Tanguy Pastoureau, um dos colunistas da France Inter, entendeu tudo isso bem e na sua coluna de 23 de março faz um belo passeio pela pergunta. link
Sem dúvida, a eleição presidencial vai tirar o fôlego...
Macron já
está convencido de que estará na 2ª volta, que será protagonizada entre Le Pen,
e ele ...
Mas isso é realista?
Porque, se à esquerda, a desunião
permanece na ordem do dia, mesmo que Anne Hidalgo pareça estar
a preparar-se, assim como Arnaud Montebourg, Christiane
Taubira...
Os insoumis
parecem estar a tentar uma aproximação ao PC... diante da
recusa dos verdes a uma candidatura conjunta... portanto, a missa ainda vai no
ádrio... Jean-Luc Mélenchon está ciente de que a sua raiva
repetida não o torna muito popular, e ele poderia no último momento dar a mão a François Ruffin, o qual
está finalmente perto dos Verdes...
Na extrema direita, as
candidaturas dissidentes de Zemmour,(link)e Dupont-Aignan,
poderiam enfraquecer a sua pontuação.
De facto, uma pesquisa recente mostrou que na ausência
de Le Pen e Dupont-Aignan, foram-lhe atribuídos 17% das
intenções de voto no 1ª volta... o que faria ele com essa
percentagem? link
No centro, e à direita, Xavier Bertrand está a preparar-se, assim como Laurent Wauquiez, Valérie Pécresse, Gérard Larcher, com Édouard Philippe numa emboscada... sem mencionar Rachida Dati, até Bruneau Retaillau... sem esquecer Valls. link
Só aqueles que "lêem nas bolas de cristal", têm a resposta, mas ninguém esquecerá, no dia da eleição, o registo que pode ser descrito como desastroso do chefe de Estado: assim como o desprezo que ele demonstrou pelos Coletes Amarelos, essa "França de baixo" que ele odeia?
E a sua obstinação diante das longas e
sustentadas greves causadas pela reforma da previdência?...
E quanto à desordenada, para não dizer
desastrosa, gestão da crise sanitária?....
E ainda faltam 15 meses para
que muita coisa possa acontecer...
Deve-se admitir que Macron tem a
capacidade particularmente surpreendente de encontrar ministros surrealistas:
entre um 1Er ministro que
parece vir directo do 3ª república, um porta-voz que revela a sua
intimidade nas redes, um ex-ministro do interior amador de noubas (festas e
músicas árabes – NdT), e um Sibeth que merece em grande parte o
seu primeiro nome... o pompom é para Aurore Berger, que recentemente
declarou: "a situação é dolorosa para aqueles que perderam as suas
vidas", o macronie não terminou de nos surpreender. link
Como diz o meu velho amigo africano: "não gozes com o crocodilo até que tenhas cruzado o rio".
Fonte: Un Valls à trois temps – les 7 du quebec
Este artigo foi traduzido para Língua
Portuguesa por Luis Júdice
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