RENÉ — Este texto é publicado em
parceria com www.madaniya.info.
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Que bela complexidade, esta língua de Molière!
A Solução: O Alfabeto Epiceno de Tristan Bartolini?
Por
Nadine Sayegh, colaboradora do website madaniya.info. Académica franco-síria, ela é a
líder da instituição de caridade "Al Sakhra" (A Rocha) para ajudar os
sírios afectados pela guerra.
Há muito tempo que se fala da reforma da ortografia da língua de Molière. Mas, na realidade, não irá alterar o problema crucial dos acordos de género e número, porque não é apenas a ortografia que está cheia de mistérios, mas também a gramática e a conjugação: quem concorda com o quê, o que é o feminino do acrobata, um baixista, um detective ou um ministro.
Mesmo agrupando os substantivos de acordo com os seus finais, há muitas excepções! Esta bela língua caracteriza-se pela sua riqueza, mas também pela sua complexidade.
Nos últimos anos surgiram práticas como a utilização do ponto mediano (o studentˑ-e-ˑs) para expressar o masculino e o feminino igualmente, mas este ponto luta para convencer.
Assim, para erradicar este problema, um jovem designer gráfico suíço Tristan Bartolini acaba de ganhar o prémio Art Humanité em Genebra ao inventar um alfabeto neutro em termos de género que poderia reconciliar aqueles que são resistentes ao ponto mediano com uma escrita inclusiva.
Um processo linguístico que existe noutras línguas, como por exemplo o espanhol, onde o "o" masculino e o "a" feminino estão entrelaçados para criar um "@", tal como todos-todas-tod@s.
Isto torna possível designar pessoas sem referência ao seu género.
O alfabeto epiceno de Tristan Bartolini
Como Tristan Bartoloni diz orgulhosamente: "Para o meu projecto de
licenciatura na Escola de Arte e Design de Genebra, na Primavera passada,
desafiei-me a encontrar soluções tipográficas para sobrepor os géneros
(feminino-masculino) enquanto fundia arte e cultura!
O meu trabalho é a síntese de pesquisa profunda, de propostas à mão e depois em versão digital, e de divisão destas palavras para que possam ser escritas, caligrafadas e dactilografadas no computador. Queria incluir no meu alfabeto um guião inclusivo que não variasse consoante o género e que fosse uma abordagem gráfica, militante e cultural.
A única dificuldade era que tinha de encontrar as ferramentas e os meios para inventar este alfabeto, com novos caracteres epicénicos e respeitar a grafia inicial da palavra, o seu feminino e masculino e sobrepô-los num único sinal.
Sinais puros, poéticos e legíveis que se entrelaçam amorosamente para dissipar as dúvidas de género. Desta forma, finais únicos são criados com cada consoante.
Tudo isto encoraja-nos a reflectir sobre o futuro desta maravilhosa língua francesa para não a perdermos e para evitar qualquer perigo mortal.
Fonte: Quelle belle complexité, cette langue de Molière! – les 7 du quebec
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis
Júdice
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