Reproduzo, abaixo, um artigo escrito por Pedro Pacheco, sobre a luta que
os professores, unidos a outros sectores da chamada “comunidade escolar” levam neste preciso momento, a cabo.
Com grande coragem e determinação, apesar da ameaça fascista e
social-fascista dos “serviços mínimos” com que a burguesia e o governo “socialista”
de António Costa tentam desarmar a sua luta, impondo uma lei gizada durante o
governo do famigerado Vasco Gonçalves, e da lavra do partido de Barreirinhas
Cunhal.
A demonstrar que, quando se trata de atacar a classe operária e os
restantes escravos assalariados – como é o caso dos professores – toda a
burguesia, incluindo os revisionistas e social-fascistas, se une.
Um texto escrito por um marxista, um revolucionário, um intelectual honesto
e sem malícia ou arrogância, a quem tive a oportunidade de endereçar o seguinte
comentário a propósito do artigo que agora publico no meu blogue”:
“Li a versão final do teu artigo no Luta Popular online. Apesar de considerar que está muito correcto do ponto de vista político, considero que lhe falta contextualizar a luta.
É que, em meu
entender, esta não é "mais uma luta" dos professores. E, aliás, foi
por isso que a FENPROF e o seu dirigente amarelo Mário Nogueira foram
completamente eclipsados.
Pela primeira
vez desde o 25 de Abril, uma estrutura sindical - apesar das suas fragilidades
teóricas, organizativas e políticas (neo-revisionistas) -, seguiu um caminho de
luta diferente.
Se foi por ter interpretado adequadamente - ou não - a direcção que a luta deveria prosseguir, depois de mais de 40 anos de traições e compadrios institucionais por parte dos revisionistas da FENPROF, não é relevante.
O que é relevante é que, pela primeira vez – e sob a pressão e exigência das massas - emerge um conceito que há muito vem sendo apontado pelos marxistas revolucionários. O da unidade das lutas. E é disso que se trata quando verificamos que é toda a COMUNIDADE ESCOLAR - professores, auxiliares de educação, técnicos, encarregados de educação, alunos - que se mobiliza para a luta.
Uma luta que, a par da questão salarial, exige a defesa da ESCOLA PÚBLICA. Uma luta que, pela sua natureza, pode potenciar um dos objectivos de qualquer luta dos trabalhadores - a elevação da sua consciência para a necessidade da Revolução.
Saudações Comunistas
Luis Júdice”
Por Pedro Pacheco
O principal problema a ser
solucionado e que explica a luta dos professores tem a ver com a relação que
existe entre a natureza social da produção e a apropriação privada da riqueza,
isto é, com o actual modo de produção burguês que é simultaneamente também o
seu modo de distribuição.
Os professores são posto
de fronteira numa gigantesca luta política.
Enquanto assalariados obedecem
ao Estado que lhes paga o serviço.
Mas também enquanto
assalariados afrontam o Estado que lhes usurpa o trabalho e os oprime.
O serviço dos professores é
dúbio pois tanto facultam ciência à população escolar como condicionam a massa
estudantil para o iníquo sistema de trabalho assalariado.
A gestão que o Estado faz dos
recursos financeiros é em conformidade com os interesses da classe que enforma
o Estado e que, com os diversos órgãos que o constituem, se defende e progride.
Há impostos expressos e há
impostos ocultos.
Impostos expressos são, por
exemplo, o IVA (Imposto Valor Acrescentado – sobre o consumo), o IRS (Imposto
sobre Rendimento das pessoas Singulares), o IRC (Imposto sobre o Rendimento de
pessoas Colectivas – empresas), o IMI (Imposto Municipal sobre Imóveis).
Um imposto oculto, actualmente
de forte impacto, é a inflação.
A luta dos professores pelo
aumento salarial decorre da perda do valor do salário face ao inflacionado
preço dos bens de consumo essenciais.
Mas os professores estão em
luta também por causa da condição assalariada a que são sujeitos. Sob a tutela
do partido que de socialista só tem o nome os professores foram esmagados nas
suas expectativas de classe ao serem inflexivelmente equiparados às demais
classes proletárias, não na perspectiva da sua emancipação, mas, inversamente,
na da sua subalternização, humilhação e exploração.
É um feroz ataque ao
desenvolvimento das forças produtivas, cada vez menos possível de serem
contidas na reaccionária economia burguesa.
Apesar dos muitos equívocos e
malversões, a luta dos professores é a luta pela abolição do sistema de
trabalho assalariado, é a luta pela eliminação da grosseira relação de
patrão/empregado que, desesperadamente, os Sócrates e os Costas tanto
procuraram e procuram impor à falsa fé da lei do saque, do logro, da corrupção,
do castigo e da bala, que nas escolas toma a forma do “director”, dos
“escalões”, das “quotas”, das discricionárias avaliações, dos intimidatórios
processos disciplinares, do servil apoio aos magnatas de dentro e fora de
portas, das ocultas ou embandeiradas exaltações nacional ou internacional
imperialistas.
29Jan2023
Pedro Pacheco
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