3 de Setembro de
2024 Robert Bibeau
Por Robert Bibeau.
Há muitos - ingénuos ou cúmplices - que acreditam que
não há risco de nada correr mal se as potências capitalistas nucleares (EUA,
China, Rússia, França, Reino Unido, Índia, Paquistão, Coreia do Norte, Israel)
e as potências capitalistas não nucleares se confrontarem económica - comercial
- financeiramente - politicamente - diplomaticamente - ideologicamente e -
finalmente - militarmente numa ou noutra região do mundo. São os intelectuais
burgueses - apoiados pelos grandes meios de comunicação social (propriedade de
bilionários) - acompanhados por fantoches políticos, tanto de esquerda como de
direita - que propagam este disparate tranquilizador entre a população
atónita. Numa conferência de imprensa, o
grande diplomata russo Sergei Lavrov
recordou à burguesia liberal americana e ocidental - que fingiu ignorá-lo - que
se uma guerra regional (Ucrânia - Palestina - Médio Oriente - Bangladesh -
Taiwan - Sahel) se alastrasse, escalasse e degenerasse ao ponto de utilizar
armas nucleares ou virais (COVID), todo o planeta seria afectado e devastado. O
Ministro russo Lavrov conclui: “Eles
(os ocidentais ricos) têm a mentalidade de um patrão sentado algures no
estrangeiro e acreditando estar totalmente seguro, pensando que não só os
ucranianos, mas também... os europeus estariam prontos a fazer o trabalho sujo
e a morrer por eles”. Os ingénuos e os “negacionistas” cúmplices precisam
de ser alertados para a ameaça de guerra mundial que o capital faz pairar sobre
as nossas cabeças como carne para canhão.
por Jessica Corbett
“Eles (os ocidentais ricos) têm a
mentalidade de um patrão sentado algures no estrangeiro e que acredita estar
totalmente seguro, pensando que não só os ucranianos, mas também... os europeus
estariam dispostos a fazer o trabalho sujo e a morrer por eles”.
Na terça-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, avisou os Estados Unidos que, se a guerra na Ucrânia degenerasse num conflito militar mais vasto, uma eventual Terceira Guerra Mundial não se limitaria aos campos de batalha da Europa.
Dois anos e meio após o início da OMS (Operação Militar Especial – NdT), Lavrov foi questionado pelos jornalistas sobre uma notícia recente do Guardian, segundo a qual o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky pretende utilizar mísseis de longo alcance Storm Shadow, que “ameaçam Moscovo e São Petersburgo”, para forçar a Rússia a sentar-se à mesa das negociações.
Como explica o jornal britânico: “Os mísseis Storm Shadow foram desenvolvidos principalmente através da colaboração anglo-francesa e são fabricados pela empresa comum europeia MBDA, que também tem um parceiro italiano. Mas como alguns dos seus componentes são fornecidos pelos Estados Unidos, a Casa Branca também tem de aceitar a sua utilização contra a Rússia. Até agora, tem-se recusado a fazê-lo, receando uma escalada do conflito”.
Lavrov declarou que “isto é chantagem, uma tentativa de fazer crer que o Ocidente está a tentar evitar uma escalada excessiva. Na realidade, eles estão cheios de malícia. Evitar uma escalada não é o que o Ocidente está à procura. Para o dizer claramente, eles estão simplesmente à procura de uma zaragata”.
O ministro russo
apontou ainda para várias declarações de John Kirby, conselheiro de comunicação
da Casa Branca para a segurança nacional, em linha com o que disse na
sexta-feira: "Temos
vindo a monitorizar os riscos de escalada desde o início deste conflito, e isso
não vai mudar. Estaremos sempre preocupados com o risco de que a agressão na
Ucrânia possa levar a uma escalada no continente europeu."
Lavrov disse: "Para os americanos, qualquer discussão sobre a Terceira Guerra Mundial resume-se a algo que só afectaria a Europa, e Deus me livre que isso aconteça. Isso é bastante revelador, pois essa ideia reflecte a mentalidade dos planeadores americanos e especialistas em geoestratégia que pensam que podem simplesmente ficar sentados durante o processo. Penso que é importante compreender, nesta situação, que temos a nossa própria doutrina, incluindo a que rege a utilização de armas nucleares. Está em curso um esforço para o actualizar."
«Além disso, estes americanos estão bem
cientes das disposições que contém. Isto reflecte-se nos deslizes freudianos
que fazem quando dizem que uma Terceira Guerra Mundial seria má porque não querem que a Europa sofra
com isso", continuou. "É nisso que se resume esta mentalidade
americana. Eles têm a mentalidade de um mestre sentado nalgum lugar no exterior
e acreditando estar totalmente seguro, pensando que não só os ucranianos, mas
também, como se vê, os europeus estariam dispostos a fazer o trabalho sujo e
morrer por eles."
«Há muito tempo ouvimos especulações
sobre permitir que a Ucrânia use não apenas mísseis Storm Shadow, mas também
mísseis de longo alcance fabricados nos EUA",
observou o ministro. "Agora
tudo o que podemos fazer é confirmar mais uma vez que brincar com fogo é uma coisa perigosa
para os homens e mulheres encarregados de armas nucleares no mundo ocidental,
mas eles estão a brincar com fósforos como se nunca tivessem crescido."
Embora existam nove
nações com armas nucleares, os Estados Unidos e a Rússia possuem colectivamente
cerca de 90% do arsenal mundial. Desde que o Kremlin lançou a sua invasão em Fevereiro
de 2022, enquanto os Estados Unidos e a Europa armavam soldados ucranianos,
Putin e outras autoridades russas - bem como o secretário-geral da Otan, Jens
Stoltenberg - alimentaram temores do uso de armas nucleares. Mikhail Sheremet,
que representa a Crimeia - que a Rússia invadiu e anexou à Ucrânia há uma
década - na Duma, disse à TASS na terça-feira que os EUA deveriam
considerar as consequências do fornecimento de mísseis de cruzeiro de longo
alcance às tropas ucranianas.
«A bola está agora no campo dos Estados
Unidos, mas eles estão claramente a lutar para jogar o jogo porque terão que
levar em conta a realidade e pesar tudo cuidadosamente antes de passar
a bola para a Ucrânia, que visa arrastar os Estados Unidos e a Europa para uma
possível terceira guerra mundial", disse
Sheremet à agência de notícias russa. "Não há dúvida de que os EUA tentarão implementar os seus
planos agressivos e de longo alcance para fornecer mísseis de cruzeiro ao
regime de Kiev. Provavelmente tentarão fazê-lo através da Europa, que têm sob o
seu controlo", acrescentou. "Mas, em qualquer caso, o preço dessa
decisão será muito alto para eles, o que levará à perda de seu próprio Estado."
No início deste mês, a
Ucrânia atacou a região russa de Kursk e "conquistou
uma parte do território no maior ataque estrangeiro contra a Rússia desde a
Terceira Guerra Mundial", informou a Reuters na terça-feira.
Como esclareceu o órgão de comunicação social:
«A Rússia disse que armas ocidentais,
incluindo tanques britânicos e sistemas de mísseis dos EUA, foram usadas pela
Ucrânia em Kursk. Kiev confirmou que usou mísseis americanos HIMARS para
destruir pontes em Kursk.
Washington disse que não foi informado
dos planos da Ucrânia antes da incursão surpresa em Kursk. Os Estados Unidos
também disseram que não participaram da operação."
Muitos responsáveis do governo russo deixaram claro que não acreditam
nessas alegações dos EUA.
No entanto, com base
em entrevistas que Anatol Lieven do Quincy Institute for Responsible Statecraft
realizou recentemente com "membros do establishment russo, incluindo
ex-diplomatas, membros de think tanks, académicos e empresários, bem como
alguns membros do público em geral", a maioria deles quer "um cessar-fogo rápido ao longo das
linhas de batalha existentes".
«A maioria das minhas conversas ocorreu
antes da invasão ucraniana da província russa de Kursk. Tanto quanto posso
dizer, no entanto, este sucesso ucraniano não mudou os cálculos e pontos de
vista russos básicos", escreveu Lieven na terça-feira
para a
Foreign Policy.
«No final, claro, a posição negocial da
Rússia será determinada por Putin – com quem não falei", reconheceu. "Ninguém com quem falei em Moscovo
afirmou saber ao certo o que Putin está a pensar. No entanto, o consenso foi
que, apesar de ter cometido erros terríveis no início da guerra, ele é um
pragmático capaz de seguir conselhos militares e reconhecer a realidade militar."
fonte: VT Foreign Policy via La Cause du Peuple
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis
Júdice
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