segunda-feira, 17 de novembro de 2025

A CRISE DO OCIDENTE IMPERIALISTA (Itália)

 


A CRISE DO OCIDENTE  IMPERIALISTA (Itália)

17 de Novembro de 2025 Robert Bibeau

Por Ennio Gori (Fórum para a Itália Comunista)

A CRISE DO OCIDENTE IMPERIALISTA,  O DEVER DOS COMUNISTAS

O que vem acontecendo ultimamente — a começar pela eleição de Trump para a presidência, os efeitos do genocídio em Gaza e a escolha da União Europeia de se tornar a principal instigadora da guerra contra a Rússia (ao apoiar a guerra na Ucrânia e o rearme) — vai muito para além da fase em que um equilíbrio internacional parecia estar a estabilizar-se, marcada pelo nascimento dos BRICS e por uma tendência ao multinacionalismo que o Ocidente imperial aceitou com relutância.

O que emerge desse novo contexto não é, portanto, tanto um reequilíbrio das relações de poder e das relações internacionais, mas um efeito colateral que afecta as sociedades que até então dominavam o cenário mundial.

Se tomarmos como exemplo os três pilares do império ocidental — os Estados Unidos, Israel e a Europa — vemos que a redistribuição dos antigos senhores do mundo provoca uma deriva interna que afecta a natureza das classes dominantes, a sua relação com a sociedade e, em última instância, a própria coesão das instituições que sustentavam as relações sociais.

Nos Estados Unidos, o pilar do Ocidente imperial, estamos a testemunhar uma espécie de guerra civil entre o governo Trump e grandes segmentos da população. O envio da Guarda Nacional para estados governados por democratas, a violenta repressão à imigração, as medidas contra universidades, as ameaças contra opositores, mas também surpresas eleitorais como os resultados em Nova York contra democratas e republicanos, e sobretudo, a caótica política internacional, mostram que estamos diante de uma deriva cujos desfechos são imprevisíveis, dada a importância dos Estados Unidos no mundo.

Uma segunda fonte de crise é representada por Israel, que, para o Ocidente imperial, desempenha o papel fundamental de controlador armado do Médio Oriente . Após o ataque do Hamas em 7 de Outubro, há dois anos, e a resposta genocida contra o povo de Gaza, a sociedade israelita entrou numa profunda crise que nem mesmo as armas conseguem mais ocultar. Agora, está dominada por um sionismo colonial que não lhe permite mais manter a retórica de ser a "única democracia no Médio Oriente " e revela a sua verdadeira face ao mundo.  

Isso afecta principalmente a própria credibilidade da existência de um Estado racista e colonial, e provoca uma crise de identidade em grande parte dos seus cidadãos, lançando dúvidas sobre o seu futuro. O que deveria ser uma vitória definitiva contra os palestinianos e os povos árabes está a revelar-se o oposto.

Finalmente, a Europa. O continente que representava o segundo pilar da Aliança Atlântica e sobre o qual repousava a hegemonia do império liderado pelos Estados Unidos desmoronou sob o peso do cinismo trumpista e os efeitos da guerra na Ucrânia. O novo governo americano achou prudente matar dois coelhos com uma cajadada só: deixar a questão delicada da Ucrânia para os europeus, ao mesmo tempo que enfraquecia a Europa como concorrente económica dos Estados Unidos. Essa escolha americana mergulhou a União Europeia numa crise de identidade e perspectivas, que se reflecte em cada Estado-membro com consequências económicas devastadoras. Isso apesar do surgimento de "voluntários de guerra", liderados pelo Reino Unido, e da dependência do rearmamento para reanimar uma economia em rápido declínio.

Essas novas características do período reabrem o debate sobre o papel dos comunistas — não os figurantes, mas aqueles que aprenderam a lição de Lenine sobre o imperialismo. É necessário que os comunistas se preparem para uma batalha decisiva pela sobrevivência do imperialismo ocidental.

É verdade que a China, a Rússia e a Coreia do Norte existem, confrontando a aliança ocidental e a OTAN e impedindo que se tornem demasiado agitadas. No entanto, esta sociedade moribunda precisa de um coveiro. (???)

Em particular, o Médio Oriente, a América Latina e a Europa entraram — ou em breve entrarão —  numa das suas fases mais turbulentas. A resposta virá do colapso dos equilíbrios sociais pre-existentes ou, como é o caso na Europa, de povos a lutar para defender a sua independência e garantir um futuro (?!).   É por isso que as organizações comunistas, após a grande crise da década de 1990, devem retomar a sua marcha e oferecer um futuro à humanidade.

Para o Gabinete de Correspondência do Fórum Comunista Italiano,
                  Ennio Gori

 

Fonte: LA CRISE DE L’OCCIDENT IMPÉRIALISTE (Italie) – les 7 du quebec

Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice




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