A ONU foi sempre – e sê-lo-á até à vitória da
Revolução Comunista em todo o mundo - um fórum dominado pelas potências
imperialistas e que serve, única e exclusivamente, os seus interesses de
rapina, caucionando os crimes de genocídio que estas praticam, bem como os
actos de guerra que patrocinam.
Exigir a erradicação de um dos seus Estados como
membro de uma organização deste tipo, significa credibilizar a ONU como
estrutura independente, capaz de impor justiça no mundo- Mas, que Justiça?!
Para quem?! Justiça para quem funciona como peão de brega para o Médio Oriente
do imperialismo ocidental, com os EUA à cabeça?
Veja-se o caso paradigmático de Israel e da
Palestina. Apesar de ter caucionado, no século passado, a agressão colonialista
que redundou na criação de um estado fantoche sionista, obrigando as partes a
aceitarem um modelo territorial determinado, nada fez, em termos práticos e
políticos, para contrariar a agressão sionista sobre os palestinos nem, muito
menos, obrigá-los a devolver, quer aos palestinos, quer às nações árabes
vizinhas os territórios que, paulatina e impunemente Israel foi anexando.
Quando a ONU hoje “exige”, sobretudo sob a batuta
dos EUA e seus lacaios europeus, que
Israel cumpra com as resoluções que fez aprovar sobre a existência de dois
Estados no território da Palestina, só podemos considerar isso como uma
provocação inqualificável.
Tanto mais que, depois das sucessivas anexões e implantação de colonatos sionistas, ficou completamente descaracterizado o projecto de Estado Palestino que a ONU havia estabelecido. Neste contexto, exigir que Israel seja expulso de uma organização que o tem protegido, não corresponde, de todo, aos interesses, quer do povo israelita, quer do povo palestino.
Veja-se, aliás, quem beneficiou dos acontecimentos
recentes que levaram a organização islamita HAMAS a lançar centenas de mísseis
sobre Israel. Mísseis que sabia, de antemão, e devido à famigerada “cortina de
ferro” que protege Israel desse tipo de ataques, não lograriam qualquer sucesso
militar ou político.
Num quadro em que se começava, pela primeira vez na
Palestina, a organizar-se uma acção comum da classe operária palestina com a
classe operária israelita para fazer frente às burguesias palestina e sionista,
tal evento desviou o foco da luta – nem que seja temporariamente.
Só quem for completamente vesgo do
ponto de vista político, ou um chapado oportunista, é que não percebe o que
está por detrás da Greve Geral do passado dia 18 de Maio, que foi convocada por
trabalhadores palestinos, descendentes das famílias palestinas que ficaram
dentro das fronteiras de Israel após a ocupação em 1948.
Nem, muito menos, compreenderá que
se tratou de uma iniciativa de antigos militantes operários e activistas
palestinos de Jerusalém, que também se estendeu aos demais operários das
chamadas cidades mistas de Israel (onde
vivem palestinos, árabes-israelitas e israelitas), assim como aos de
Gaza e Cisjordânia.
Para os marxistas, para os comunistas, segundo a
premissa “Proletários de Todos os Países, Uni-vos!”, o apelo que deve ser feito
é à solidariedade internacionalista proletária para com os irmãos de classe
palestinos e israelitas na sua luta contra o inimigo comum a ambos – a burguesia
que os explore e escraviza.
Não o lamento revisionista, reformista e
oportunista, a fazer lembrar a “longa noite do fascismo”, que leva à
inconsequência da luta – mormente conferindo-lhe uma natureza religiosa, quando
se trata, obviamente, de uma luta de classes- , que leva à frustração e desmobilização
das lutas, que leva ao desvio das mesmas para territórios que nada têm a ver
com os interesses dos operários – palestinos ou israelitas – que travam uma
luta comum contra a burguesia, o colonialismo e o imperialismo.
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