10 de Maio de 2021 Olivier Cabanel
Foi o advogado Patrice Spinosi que, falando em 12 de Janeiro de 2019 na antena da France Culture, que deduziu isso.
Entrevista apaixonada dada por este
advogado no programa matinal da France Culture, neste sábado,
12 de Janeiro...
Quando, por ordem da presidência, o governo decide
endurecer as ordens dadas à polícia, através do 1º ministro, e,
claro, através do Ministro do Interior, é, para o advogado, o sinal óbvio de um
poder que treme.
Trata-se também de endurecer a lei, ou mesmo introduzir outra, que para Patrice Spinosi é totalmente inútil, pois o arsenal de leis é, segundo ele, "totalmente suficiente, e por outro lado, responder à preocupação através de uma lei é ineficaz porque a lei leva tempo, e a resposta deve ser imediata", e além disso essas medidas estarão "a infringir a liberdade de manifestação".
Entre parênteses, talvez
nos tenhamos esquecido que em Maio de 2016 Marine Le Pen queria
proibir manifestações: era então uma questão de mobilização contra a "lei
do trabalho"(link)... o
que não é surpreendente para aquela que também recusa o aumento do smic
(salário mínimo – NdT). link
Mas, voltando à entrevista de Spinosi: "Ser forte não é necessariamente praticar a repressão ou ser severo, mostra que se tem medo, alguém forte, é alguém capaz de gerir as coisas, de perdoar, de explicar as coisas. A gravidade e a repressão do governo demonstram o estado de fraqueza em que está, e se fosse forte, não precisaria fazer uso da lei, e ignorar as liberdades fundamentais dos cidadãos."
O advogado
concluiu: "A lei não pode fazer tudo, há coisas acima da lei
como a Constituição, as convenções de direitos, se perdermos esses elementos,
perdemos o que faz as nossas democracias e o que permitiu que as nossas
democracias resistissem à opressão e à violência." link
E quando um humano tem medo, ele tem tendência a fazer não importa o que seja. .link
E quando este humano está a dirigir um país, as consequências são ainda mais graves...
Então, alguns maus ruídos correm:
pode-se ler no Semanal "Marianne" que Emmanuel
Macron teria decidido, no final, usar um pó paralisante, o qual
poderia neutralizar uma demonstração do tamanho de um campo de futebol.
Veículos blindados
recém-usados seriam equipados com este dispositivo. link
http://www.revolutionpermanente.fr/local/cache-vignettes/L653xH368/arton14121-066d8.jpg?1544742916
O testemunho de Pierre Jovanovic para ouvir aqui confirma essa informação.
Este gás, além de ser capaz de paralisar
os manifestantes, poderia causar cegueira.
Deve também relacionar
com outras declarações, em particular, a de Luc Ferry, que apela a
que se atire sobre os Coletes Amarelos, usando espingardas de assalto para
acabar com a "desordem", acrescentando sem complexos: "Temos,
acredito, o quarto exército do mundo, é capaz de acabar com essa
porcaria". link
Aproveitemos esta oportunidade para lembrar que devemos a Bernard Cazeneuve, ex-ministro do interior, ter equipado gendarmes e policias com espingardas de assalto. link
No entanto, nos primeiros seis meses de 2017, 19 tiros de espingardas de assalto foram registadas pela polícia, lembrando que desses 19 tiros, 18 foram acidentais.
O advogado Yves Mahiu, na
época presidente da Conferência dos Bastonários, estava justamente
preocupado: "a polícia recebeu armas que nem sequer sabe usar".
Isso é preocupante,
porque a espingarda de assalto HK G36 que equipa as policias
do BAC,é capaz de disparar 750 balas por minuto... link
Macron tem medo, é claro, mas Castaner também tem medo?
Esta é a pergunta que
pode ser feita se ouvirmos as palavras de muitos viajantes, que viram com uma
visão muito negativa o encarceramento de um dos seus, Christophe Dettinger,
um ex-campeão de boxe, que, para proteger a sua esposa, gaseada pelos
gendarmes, entrou na dança, e derrotou de forma limpa e segura alguns gendarmes super-equipados. link
Esses viajantes simplesmente ameaçaram o Ministro do Interior dizendo-lhe: "Nós iremos buscá-lo." link
Nas últimas notícias ouvi que o governo tinha negociado com os ciganos para não se envolverem nos protestos. link
De qualquer forma, não faz muito tempo, o ministro expressou preocupação de que a sua família e a sua casa em Forcalquier teriam sido ameaçadas em 23 de Novembro. link
Deixemos esses eleitos cometerem os seus erros, porque como poderiam deixar-se surpreender com a reacção daqueles que eles constantemente martirizaram ?... e vejamos a sociologia dos coletes amarelos.
Para além daqueles que rejeitaram o movimento
como um todo, qualificando-o de populista, mesmo poujadista, como se se quisessem
livrar de um movimento cuja substância eles não entendiam, outros sociólogos
têm decifrado, às vezes habilmente, a personalidade do movimento, que primeiro
tomou conta dessa cor amarela fluorescente, vendo-a como um sinal, proveniente
de grande parte da população que sente o "grande esquecimento
da República", como se fosse uma França invisível, influenciável
e tributável à mercê, silenciosa porque não tinha voz.
Os GJs (Coletes
Amarelos) entenderam que não beneficiaram nem da liberalização nem da
redistribuição, percebendo que só se interessavam por políticos em época de
eleições.
Eles também constataram a desertificação
social do seu território, as estruturas administrativas eram cada vez mais
distantes, ou simplesmente desapareciam das pequenas cidades e aldeias, como os
correios, com sucessivos governos empurrando-os assim para o abandono dos seus
territórios para se juntarem às grandes metrópoles.
Usando corajosamente os seus coletes
amarelos fluorescentes, eles assumiram a sua existência, queriam tornar-se
visíveis, e ao juntarem-se nas rotundas, pararam de andar em círculos, mas reuniram-se,
descobrindo as suas convergências, afinando as suas lógicas. link
A "carta aos
franceses" não mudará muito, porque a grande maioria dos
franceses parece ter entendido o significado da manobra.
Sob o pretexto de abrir o debate, enquadra-o
e, portanto, encerra-o, porque quando um debate se encerra, já não é mais um
debate, mas apenas uma tentativa adicional de lançar fumo.
Macron afirma falar com os franceses, com
uma pseudo benevolência, mas, com grande duplicidade, rejeita as questões que
matam, ao mesmo tempo em que alega que estão em aberto.
Menciona a possibilidade de redução da
desigualdade, mas, por exemplo, proíbe que se toque no ISF.
Finalmente, para lá dos bons
sentimentos, palavras que querem seduzir, só acções importam.
E os actos são as
atrocidades cometidas nas pessoas quando decidem ir para as ruas, e a lista de
mortos e estropiados não cessa de crescer: e que dizer desse pai pacífico
espancado por um esquadrão de policias, apesar dos gritos da sua filha? link
Ou deste jovem, atingido na cabeça por um tiro de flash-ball (balas de segurança lançadas pela polícia – NdT), e que está agora em coma? link
Por fim, a resposta dos franceses será dada no próximo sábado: se os coletes amarelos removerem delicadamente os seus coletes para ir à prefeitura para preencher o "livro de reclamação", é porque Macron terá ganho a sua aposta... se eles não forem lá, e continuarem a protestar, o presidente saberá o que esperar.
A pior coisa sobre esta situação é que o
presidente está sozinho, cercado apenas por conselheiros, conselheiros que ele
não ouve.
É, em todo o caso, o que eles disseram
recentemente, e um a um, eles abandonam o navio.
Stéphane Séjourné foi um dos
primeiros, assim como Sylvain Fort, director de comunicações, e
outros, como Ismael Emelien, ou Alexis Kohler poderiam
ser os próximos da lista. link
Quanto aos seus ministros, basta um pouco de memória para saber o que diabo está a acontecer
Gérard Darmanin não disse em
janeiro de 2017: "A eleição de Macron, não agrada nem
ao diabo, precipitaria a França numa instabilidade institucional e levaria à
ruptura da nossa vida política" (link)... e Bruno
Le Maire acrescentou no mês seguinte: "Emmanuel Macron
é o homem sem projecto, porque ele é o homem sem convicções, ele diz tudo e o seu
oposto, segundo quem o ouve". link
Quanto a Alain Minc, um dos artesãos da vitória do seu potro, sentindo a insurreição que se aproxima, distanciou-se de Macron, acreditando que ele havia sido seduzido e depois traído. link
Pode também
questionar-se onde estão hoje os outros artesãos da vitória de Macron. link
http://img.over-blog-kiwi.com/0/93/94/69/20181211/ob_6fb74f_tireurs-de-ficelles.jpg
Pode também questionar-se sobre a discreta reunião entre o governo e Marine Le Pen... link
Ocasião para mencionar Voltaire que disse: "Mantenha-me longe dos meus amigos, que dos meus inimigos, cuido eu." link
Como diz o meu velho amigo africano, "a criança não vê de pé o que o adulto vê sentado."
Fonte: Macron a peur – les 7 du quebec
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice
Macron é apenas uma marioneta tecnocrática de governança financeira global, o conflito é essencialmente uma revolta das massas contra as políticas que colocam as demandas avarentas dos mercados financeiros acima das necessidades das pessoas. Esse conflito básico está na raiz da crescente insatisfação popular contra a repressão policial brutal. Ao mesmo tempo, a arrogância e a repressão severa praticadas pelo regime covideiro do cobarde Macron, escudado pelas forças de segurança, provocaram um aumento pela demanda de mudanças políticas radicais. As regras feudais da União Europeia dos ricos proíbem que um Estado-Membro como a França de desenvolver a sua própria política industrial de carácter público, uma vez que tudo deve estar aberto à livre concorrência internacional. Serviços utilitários e infraestruturas foram abertos aos investidores estrangeiros. Esses proprietários estrangeiros não se sentem inibidos em realizar os seus lucros e, ao mesmo tempo, provocam que os serviços públicos se deteriorem. Sem grandes surpresas, a França parece destinada não à revolução, mas a um longo combate congelado, alavancado pelas úteis restrições Covid impostas por Macron.
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