terça-feira, 18 de maio de 2021

Georges Ibrahim Abdallah: "Não vou negociar a minha inocência. Eu não vou desistir da minha posição"

 


 18 de Maio de 2021  René 

RENÉ — Este texto é publicado em parceria com www.madaniya.info.

A França impôs uma nova condição para sua libertação.

Essa informação apareceu no jornal libanês "Al Akhbar" em 1 de Abril de 2021, e não se trata do Dia da Mentira de Abril. Seria até risível se não revelasse tragicamente as torpitudes francesas e a dependência da França tanto de Israel quanto dos Estados Unidos.

Além da negação de direitos criada pela prisão prolongada de Georges Ibrahim Abdallah, a França impôs uma nova condição à sua libertação. Que ele faça um acto de contricção... Um arrependimento, em suma, ela que se arrasta tanto para se arrepender dos seus crimes coloniais; Uma condição adicional que se soma à condição ridícula de que o seu retorno ao Líbano não dá origem a uma recepção popular, que ele retorna ao seu país, coberto de vergonha, e que ele não seja acolhido como um herói.

Em 37 anos de cativeiro, os franceses - todos os governos juntos - ainda não tomaram a medida exacta do personagem: orgulhoso como um carvalho, duro como uma rocha, claro como o cristal, incorruptível.

A sua resposta, relatada pelo jornal Al Akhbar, é a sua imagem:

"Eu não vou negociar a minha inocência. Eu não vou renunciar à minha posição ", disse Georges Ibrahim Abdallah no final da sua reunião com a ministra libanesa da Justiça, Marie Claude Najm, na sua prisão em Lannemezan, departamento dos Pirenéus Altos na região de Occitanie, no sudoeste da França.

O primeiro membro do governo libanês a encontrar-se com o prisioneiro libanês, a Sra. Najm realizou duas reuniões com o seu compatriota em cativeiro, com a duração total de três horas. Ela foi acompanhada pelo director-geral de segurança libanês, general Abbas Ibrahim, disse Al Akhbar.

Durante as suas duas visitas ao Líbano em 2020, após a explosão no porto de Beirute em 4 de Agosto de 2020, o Sr. Macron, lembra Al Akhbar, multiplicou conselhos e admoestações em relação à classe política libanesa, dando lições sobre o processo de construcção do Estado, mas, segundo o diário, o presidente francês ignorou completamente "as grosseiras violações cometidas pela França em relação aos direitos humanos em relação a Georges Ibrahim Abdallah”.

"A França está a cumprir as ordens dos Estados Unidos e de Israel, enquanto Georges Ibrahim Abdallah completou a sua sentença", continua o diário.

Em 2018, o Estado libanês finalmente decidiu assumir o caso de Georges Ibrahim Abdallah, que desde então se tornou o decano dos presos políticos na Europa.

O presidente Michel Aoun levantou o caso de Georges Ibrahim Abdallah com Emmanuel Macron durante a visita do presidente francês a Beirute.

A França havia concordado com a visita do Ministro da Justiça libanês a Lannemezan, alegando que foi realizada com uma discrição "sem publicidade", como se o governo francês estivesse envergonhado com as implicações, envergonhado com a sua traição.

Além disso, a França fez da sua condição um arrependimento, em troca de um "perdão presidencial". Um perdão e não uma libertação incondicional do facto de que o residente de Lannemezan cumpriu em grande parte a sua sentença.

Georges Ibrahim Abdallah disse que "não era sua intenção negociar com base nas condições francesas", considerando-se um "prisioneiro político" e que, como tal, a França deve "assumir a responsabilidade", acrescenta Al Akhbar.

Georges Ibrahim Abdallah, argumenta Al Akhbar, nunca atacou os interesses franceses, liderando a sua luta contra a dominação imperialista e forças colonialistas em defesa dos povos."

Al Akhbar lembra o que o Sr. Macron disse durante a sua visita ao Líbano durante a sua campanha presidencial de 2017:

"Desde Beirute, o Sr. Macron manifestou-se contra o reconhecimento da França de um Estado palestino, sem acordo de ambos os lados" (palestino e israelita) "e contra qualquer pressão sobre Israel".

Durante a sua reunião anterior com autoridades libanesas em Dezembro de 2018, Georges Ibrahim Abdallah havia administrado uma lição de dignidade e coragem aos seus compatriotas, instando-os a dizer: .

"Não implorem pela minha liberdade. Não se coloquem numa posição fraca. No Líbano há agora uma liderança combativa (...) A França não tem mais influência no Médio Oriente, excepto no Iraque e no Líbano."

A publicação desta informação no jornal Al Akhbar veio na véspera do 70º aniversário de Georges Ibrahim Abdallah, em 2 de Abril, um homem que terá passado mais da metade da sua vida na prisão por fidelidade às suas ideias.

Viva Georges Ibrahim Abdallah. Que o seu exemplo sirva de lição para as gerações futuras na sua fidelidade às suas convicções e determinação na sua luta.

relacionado:

§  Sobre a questão do Caso Georges Ibrahim Abdallah,

§  Na visita anterior de um oficial libanês à prisão de Lannemezan,

§  Sobre o papel pernicioso de Manuel Valls, o fugitivo do socialismo francês

§  Para falantes árabes, veja este link do jornal Al Akhbar datado de 1º de abril

 

Fonte: Georges Ibrahim Abdallah : «Je ne négocierai pas mon innocence. Je ne renoncerai pas à ma position» – les 7 du quebec

Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice


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