Todas as semanas somos forçados ao Calvário das opiniões absolutamente reaccionárias de um comentador que dá pelo nome de Luis Marques Mendes , a quem é dado tanto mais tempo de antena, quanto mais reaccionarices debita.
O personagem em questão, cuja inteligência está, supostamente, correlacionada com a sua altura física, teve o arrojo de atribuir as mesmas responsabilidades pelo clima de violência e morte que se vive na região – sobretudo em Gaza – a agressores e agredidos.
No “serão” televisivo do último domingo, o personagem em questão, vomitou a narrativa que TODA a burguesia – nacional e internacional – tem sobre a situação na Palestina e a guerra desproporcional e desproporcionada que opõe o martirizado povo palestino ao ocupante terrorista e sionista.
Numa toada que até o muito pio Papa Francisco subscrevem, M&M, afirmou que não interessa quem iniciou as agressões, nem se foram os palestinos ou os sionistas israelitas que iniciaram o lançamento de mísseis que provocaram mais de uma centena de mortos, entre os quais dezenas de crianças.
O que interessa, segundo M&M são as crianças que, de ambos os lados do conflito caem mortos e estropiados perante as consequências de um conflito que se arrasta há décadas, por virtude do sistemático apoio – que inclui armamento – das potências imperialistas ocidentais – com os EUA à cabeça – que fecham sistematicamente os olhos – e até apoiam – as incursões do sionismo israelita em territórios que a própria ONU tinha definido, há décadas, como sendo parte do território de um futuro Estado Palestino.
O que M&M – e os interesses burgueses, capitalistas e imperialistas – pretende é criar um clima em que “todos” são responsáveis, “de igual modo”, pelo clima sangrento que se vive, uma forma de desculpabilizar e manter a impunidade de quem, armado até aos dentes, ocupa o território de quem só possui, como David, pedras e fisgas para se oporem ao invasor, ao Golias do terror e da morte.
A arrogância e desonestidade intelectual de M&M parecem não ter limites. Caso para vos propor um exercício muito simples. Imaginem, por mais estapafúrdia que lhes pareça a hipótese, que, face à manifesta ausência de saídas para a crise económica - agravada pela pandemia - o governo decide colocar, na habitação de 3 assoalhadas de alguém, uma família de 3 pessoas. Por solidariedade, estou em crer que muitos até poderiam acolher de bom grado e sem resistência a ideia, tanto mais que lhes havia sido assegurado que se tratava se uma “solução temporária, provisória” (o tal “provisório” que, recorrentemente, se torna definitivo).
Porém, e apesar de estarem definidas, à partida, as regras, que envolvem que aquela família só poderia ocupar uma das divisões da sua casa, ela, de forma abusiva, e numa escalada sem fim, começa a ocupar, paulatinamente, a cozinha, depois a sala, depois outro quarto e, finalmente, perante a impunidade total, arroga-se o direito de ocupar a casa... TODA!
Gostaria de ser mosca para ver como é que você, sob essa capa de "humanismo" bacoco e hipócrita tão cara a M&M e seus correligionários, reagia perante a ... ocupação!!! É que, se analisarem o mapa da progressão dos "sionistas", depois de as potências que saíram vencedoras da II Grande Guerra Mundial, terem decidido chutar com o "problema judaico" para um território - a Palestina - que nunca antes tinha conhecido um estado de Israel, é exactamente isto que está a acontecer ... e não tão paulatinamente como no exemplo bizarro que lhes propus acima.
Também Viriato, quando expulsou os romanos do território que viria a ser Portugal, se teve que confrontar com os "efeitos colaterais" de qualquer guerra, tanto mais quando ela é justa! Imaginem, num exemplo mais contemporâneo, que os vietnamitas, perante a agressão, primeiro francesa, e depois americana, do Vietname e de toda a Indochina, tivessem paralisado com este discurso pseudo-humanista, hipócrita, e desistido de lutar para escorraçar do seu território esse tigre de papel que se revelou ser o imperialismo americano.
Ainda hoje estariam a penar, certamente, a sua condição de escravos e apátridas! Que é o que a burguesia e todos os seus arautos – como M&M, Guterres ou o pio Papa Francisco (só para nomear alguns) -, desejam que aconteça na Palestina, para que os povos que aí habitam nunca se batam e alcancem o seu direito à auto-determinação e Independência. Mas, o povo palestino está cada vez mais consciente de que o caminho que as potências imperialistas desejam que ele trilhe, não é o caminho que ele deseja fazer.
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