17 de Junho de
2021 POETA PROLETÁRIO
Quando eu andava na rua, dos doze aos dezassete anos, nos anos 50; e acontecia um crime, a polícia procurava um culpado imediatamente. E o que era mais fácil para eles fazerem era atacar alguém que era sombrio, ou uma minoria visível, como um negro ou um nativo-americano.
Era tão fácil! Prendiam-no e torturavam-no
bem a tempo de ele confessar. E fechavam o dossier de outro crime resolvido.
Algumas dessas pobres vítimas da polícia foram enforcadas! Esse era o sistema
daquela época. O julgamento falso, a prisão... o esquecimento.
O meu amigo Malcolm McKenzie sofreu esse
destino por volta de 1957? Estávamos a caminhar na Rua Sainte-Catherine às
quatro da manhã, quatro brancos e um negro, e a polícia interceptou-nos.
Imediatamente prenderam Malcolm, o Homem Negro, por tentativa de homicídio. Eu
e os meus amigos brancos protestámos dizendo que Malcolm tinha estado connosco
a noite toda.
Mas os polícias ignoraram-nos. E o pobre
Malcolm levou com cinco anos de cárcere. Quando ele foi solto da prisão, não
conseguiu encontrar um emprego aqui e a polícia ainda o tinha na mira. Tinha 20
anos. Decidiu tentar a sorte em Nova York, mas não correu mal lá também e morreu
na prisão alguns anos depois.
Falei com policias em Montreal e também
com o RCMP sobre isso, e eles a mim admitiram que era uma prática comum. Explicaram-me
que para os negros, eles eram aos pares, um que batia neles e o outro que fazia
o papel de polícia bom, e era assim que ele confessavam.
Para os nativos americanos, era outra táctica.
Mantinham-nos numa cela durante 24 horas ou mais até que eles confessassem o crime.
Os ameríndios não suportam estar presos numa gaiola. Entravam em pânico.
E em 2021?
John Mallette,
o poeta proletário
Fonte: ENQUÈTES POLICIÈRES – les 7 du quebec
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por
Luis
Júdice
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