quinta-feira, 10 de junho de 2021

Fraudes eleitorais – privilegiar mais a luta de classes do que as lamúrias "democráticas"!

 


A burguesia, quando se sente apertada e importunada por recorrentes denúncias de corrupção, algumas deles a redundar em massivos levantamentos populares, recorre aos chamados “bombeiros de serviço” da falsa esquerda. Isto é assim em Portugal e em todo o mundo dito “democrático”.

É nesta perspectiva que temos de analisar o autêntico frenesim que uma certa esquerda está a revelar àcerca da alegada fraude eleitoral, primeiro em França – que terá levado à presidência o corrupto Emmanuel Macron – e, depois, nos EUA, que terá beneficiado uma das facções da burguesia – precisamente aquela que está mais ligada à BIG PHARMA e à indústria digital e de informação, isto é, Joe Biden e o Partido Democrático (as suas diversas facções).

Negando a dialéctica marxista e o princípio que Marx defendeu no “Manifesto do Partido Comunista”, ou seja, de que o motor da história é a luta de classes, os oportunistas da falsa esquerda metem as mãos pelos pés e tentam confundir os operários e restantes escravos assalariados de que o que está realmente em causa não é esse princípio e o seu conteúdo, mas sim as formas de que a burguesia imperialista se apetrecha para melhor defender os seus interesses, ou seja, a acumulação de capital e a obtenção da mais-valia que extrai a quem nada mais tem do que a sua força de trabalho para vender.

É certo que os operários e demais explorados devem conhecer os instrumentos a que a burguesia recorre para melhor obter os resultados que espera da exploração que impõe aos operários e que melhor satisfaçam a sua ganância. Mas tal não pode significar, de maneira nenhuma, trocar a alienação da exploração por outro tipo de alienação que impeça a consciência de si e para si da classe operária.

Neste contexto, denunciar  instrumentos como os programas informáticos da SCYTL só poderá ter utilidade para demonstrar até que ponto a burguesia, nesta luta de classes que a opõe, de forma antagónica e irreversível, ao proletariado revolucionário, está disposta a chegar.

Considerando-se acima da lei, a A Scytl Secure Electronic Voting, SA, uma empresa espanhola sediada em Barcelona e fundada em 2001, especializou-se em serviços e produtos utilizados em eleições e referendos em todo o mundo. Inicialmente financiada por uma das famigeradas empresas de capital de risco, incorporou financiamentos da Balderton Capital e da Nauta Capital, da Vulcan Capital, Sapphire Ventures, Vy Capital, Adams Street Partners e Industry Ventures. Paul Allen (co-fundador da Microsoft com Bill Gates ) investiu 40 milhões de dólares em 2014.

Depois de um atribulado processo de falência que teve inicío em Maio de 2020, no final de Outubro desse mesmo ano a empresa, que chegou a enfrentar dívidas superiores a 75 milhões de euros, viu os seus activos serem adquiridos, em leilão, pelo Paragon Group “Service Point Solutions, incluindo a sua subsidiária norte-americana SOE, cujo software assegura à SCYTL a liderança mundial no mercado de softwares de soluções de gestão de eleições, desde os EUA  a muitos outros pontos do mundo, como sejam a Austrália, o Equador, a União Europeia – que utilizou este software para fazer projecções eleitorais em tempo real e consolidação e divulgação de resultados nos então 28 Estados membros da UE para o Parlamento Europeu, realizadas em 22 e 25 de Maio de 2014. A SCYTL disponibilizou – e ainda disponibiliza – os seus serviços e produtos para Malta, Noruega, Rússia, Espanha e Suíça.

Claro que este projecto de digitalização da sociedade por parte do grande capital e do imperialismo – que não se esgota, longe disso, neste exemplo -  tem de ser denunciado e, mais do que isso, tem de ser combatido e destruído, em nome da luta contra a alienação absoluta a que a burguesia e o grande capital querem sujeitar a classe operária e os seus aliados a nível mundial. E tanto mais urgente é fazê-lo quando são recorrentes as denúncias quanto à manipulação vergonhosa e corrupta que tem estado na base da operacionalização deste tipo de ferramentas.

Os marxistas não se podem alhear, contudo, da questão mais geral e mais importante, a montante desta, que é a crise sistémica que o modo de producção capitalista e imperialista atravessam, crise que levará à sua irreversível queda, desmantelamento e destruição, e que leva ao desespero o grande capital que deita mão de todos os instrumentos possíveis e passíveis de adiar o desfecho fatal do seu moribundo sistema.

É na óptica da Luta de Classes como motor da história, como afirmava Marx, que devemos assentar a nossa análise da situação e definir a melhor estratégia e a melhor táctica a ser prosseguida pelo proletariado revolucionário. E os marxistas têm a responsabilidade de não confundir a nuvem por Juno. Têm de ter um papel activo na denúncia destes instrumentos, é certo, mas devem, sobretudo, evidenciar que não será através das mascaradas eleitorais que o proletariado fará a sua revolução – haja ou não recurso a instrumentos deste tipo por parte da burguesia para falsear e manipular eleições-  e, muito menos, alcançará o desiderato histórico de destruir o modo de producção capitalista para o substituir pelo modo de producção comunista, que não só libertará o proletariado, como toda a humanidade, da exploração do homem pelo homem.

 

 

 

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