17 de Junho de 2021 Robert Bibeau
É preciso muita credulidade para considerar que o G7, o clube mais exclusivo daqueles que se apresentam como democráticos, ainda é relevante em 2020. Na realidade, mesmo levando em conta a desigualdade estrutural inerente ao sistema mundial actual, a producção económica do G7 representa apenas 30% do total mundial.
A Cornualha sido, na melhor das hipóteses, uma visão
embaraçosa. Uma trupe de "líderes" medíocres a posarem mascarados
para sessões de fotos e acotovelando-se uns aos outros em saudação, enquanto na
festa privada com a rainha da Inglaterra de 95 anos, todos estavam sem máscara
e se misturavam alegremente numa apoteose de "valores
compartilhados" e "direitos humanos".
A quarentena à chegada, máscaras impostas 24 horas por dia, 7 dias por semana, e distanciamento social, claro, só dizem respeito aos plebeus.
O comunicado
final do G7 foi o blá blá habitual repleto de platitudes e
promessas. Mas contém algumas pepitas. Começando com o "Build Back Better" – ou B3 – que aparece no título. B3 é agora o
codinome oficial do Grand
Reset e do New Green Deal (sic).
Em seguida, há o remix de O Perigo Amarelo, com tropas de choque compostas pelos "nossos valores" que "pedem à China que respeite os direitos humanos e as liberdades fundamentais",com um foco especial em Xinjiang e Hong Kong. (Resic)
A história por trás de tudo isso foi-me confirmada por um diplomata da UE,
um realista (sim, há alguns em Bruxelas).
O inferno soltou-se dentro da sala
exclusiva do G7 quando o eixo anglo-americano, apoiado frouxamente pelo Canadá,
tentou pressionar aUE-3
e o Japão a condenar explicitamente a China no comunicado final sobre
a "evidência" absolutamente
falsa da existência de campos de concentração em Xinjiang. Ao contrário das
acusações politizadas de "crimes contra a
humanidade", a melhor análise do que realmente está a acontecer em
Xinjiang foi publicada pelo
colectivo Qiao.
Alemanha, França e Itália – tornando-se quase invisível o Japão – pelo menos mostraram alguma garra. A Internet foi cortada na sala durante esse "diálogo" muito duro. Falamos sobre realismo – uma verdadeira representação dos "líderes" a vociferar dentro de uma bolha.
A disputa colocou essencialmente Biden –
na verdade os seus manipuladores – contra Macron, que insistiu para que a UE-3
não fosse arrastada para a lógica de uma Guerra Fria 2.0. Um ponto sobre o qual
Merkel e Mario "Goldman
Sachs" Draghi só poderiam concordar.
Finalmente, a mesa dividida do G7 optou por concordar com uma "iniciativa" chamada "Build Back Better World" – ou B3W – para combater a iniciativa China New Silk Roads.
Reinicie ou senão...
A Casa Branca, como era de se esperar, antecipou o comunicado final do G7. Uma declaração posteriormente removida do seu site para ser substituída pela declaração oficial, assegura que "os Estados Unidos e os seus parceiros do G7 permanecem profundamente preocupados com o uso de todas as formas de trabalho forçado nas cadeias mundiais de suprimentos, incluindo o trabalho forçado patrocinado pelo Estado, de grupos vulneráveis e minorias nos sectores agrícola, de energia solar e vestuário – as principais cadeias de suprimentos em causa em Xinjiang".
"Trabalho forçado" é o novo
mantra que conecta facilmente a demonização conjunta de Xinjiang e as Rotas
da Seda. Xinjiang é o centro crucial que liga as Rotas da Seda à Ásia Central
e além. O novo mantra do "trabalho forçado" abre caminho
para a B3W entrar na arena como um "pacote" que vem para "salvar" os direitos humanos.
Aqui temos um G7 benevolente que 'oferece' ao mundo em desenvolvimento um vago plano de infraestrutura que reflecte os seus "valores", "altos padrões" e forma de fazer negócios, em contraste com a falta de transparência, as práticas de trabalho horrendas e as condições ambientais e os métodos de coerção que são a marca registrada do perigo amarelo. (sic)
Tradução: quase 8 anos depois de o presidente Xi ter anunciado as Novas Rotas da Seda, depois de ser ignorado e/ou demonizado 24 horas por dia, 7 dias por semana, o Sul deve-se maravilhar com uma vaga "iniciativa" financiada por interesses ocidentais privados cuja prioridade é o lucro a curto prazo.
Como se o Sul fosse ficar preso nesse abismo de dívida remisturado pelo FMI e pelo Banco Mundial. Como se "o Ocidente" tivesse a visão, a atractividade, o
escopo e os fundos para tornar este projeto uma verdadeira "alternativa".
Não há detalhes sobre como esse B3W funciona, as suas prioridades e de onde vem o capital. Idealizadores B3W fariam melhor em aprender com as próprias Rotas da Seda, através do Professor Wang Yiwei.
A iniciativa B3W não tem nada a ver com uma
estratégia de comércio e desenvolvimento sustentável para os países do Sul. É
uma cenoura ilusória que é acenada àqueles que são enganados o suficiente para
acreditar na noção de um mundo dividido entre os "nossos valores" e as "autocracias".
Sempre voltamos ao mesmo tema: armado com a arrogância da ignorância, o"Ocidente" mostra a sua incapacidade de entender os valores chineses. O viés de confirmação aplica-se. Daí a visão de uma China como uma "ameaça ao Ocidente".
Nós somos construtores
de escolhas
Ainda mais preocupante, b3W é um braço do Grand Reset.
Para aprofundá-lo, não há nada melhor do que examinar Building a Better World For All (Construindo um Mundo Melhor para Todos – NdT) de Mark Carney.
Carney está numa posição única: o ex-governador do Banco da Inglaterra, enviado especial da ONU para a acção climática e as finanças, conselheiro do primeiro-ministro Boris "Global Britain" Johnson e do primeiro-ministro canadense Justin Trudeau, e administrador do Fórum Económico Mundial (WEF).
Tradução: um grande ideólogo do Grande Reset,do New Green Deal e da B3W.
O seu livro – que deve ser lido em conjunto com o opus de Herr Schwab sobre Covid-19 – prega o controle total das liberdades individuais, bem como um reset de financiamento da indústria e das empresas... (uma economia de guerra mundial administrada por um estado totalitário mundial. NDE)
Carney e Schwab veem o Covid-19 como a"oportunidade" perfeita para este
reset, cujo aspecto benigno e altruísta enfatiza uma simples "regulação" do clima, dos negócios e das
relações sociais.
Este Brave New Woke World (Admirável Mundo Novo Despertado) que lhe foi apresentado por uma aliança de tecnocratas e banqueiros – do Fórum Económico Mundial e da ONU aos manipuladores do holograma "Biden" – parecia até recentemente ter o vento a dar nas suas velas. Mas há sinais no horizonte de que isso está longe de ser um assunto resolvido.
As palavras de Tony Blair, um dos pilares da B3W, em Janeiro passado, revelam: "Quanto mais cedo entendermos isso e mais cedo começarmos a colocar em prática as decisões [necessárias para ter] um impacto profundo nos próximos anos, melhor."
Blair, num deslize freudiano da língua,
não só revela o jogo ("profundo
impacto nos anos que virão", "novo mundo") mas também revela sua
exasperação: as ovelhas não são recolhidas tão rapidamente quanto necessário.
Tony sabe que há sempre a boa e velha punição: se você recusar a vacina, você deve permanecer preso.
BBW é o logotipo de uma empresa de produção de filmes pornográficos. B3W pode acabar por ser apenas pornografia social tóxica.
Pepe Escobar
Fonte: L’Empire des Clowns contre le Péril Jaune – les 7 du quebec
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por
Luis
Júdice
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