sábado, 6 de novembro de 2021

COP 26 – Mais uma vez se prova que a solução não pode vir de quem provoca o problema

 

“Se o equilíbrio ecológico fosse uma realidade científica permanente ... os ecologistas jamais se teriam emancipado do nosso pai Driopithecus”

Arnaldo Matos

Decorre neste preciso momento mais uma Cimeira sobre o Clima, patrocinada e organizada, como as anteriores, pelo grande capital e pelas principais potências imperialistas, que são, também, as principais poluidoras do planeta.

Um vasto sector da pequeno-burguesa eco-histérica e acéfala – que finge não perceber que nuca poderá ser o causador da poluição a encontrar soluções, quer para a sua ocorrência, quer para o seu agravamento -, ensaia uma “radicalização” de agenda e discurso, confrontada com os sucessivos desaires de outras “Cimeiras do Clima”.

A frase mais paradigmática deste sector da pequena-burguesia foi a expressão utilizada por Greta Thunberg, quando, no recinto da COP26  decorria mais uma intervenção de um dos lídimos lacaios do capitalismo e do imperialismo mundial.

A expressão proferida foi “greenwashing” (em tradução livre lavagem verde), para classificar os discursos e promessas vãs que estavam a ser feitos pelos diferentes “campiões” da “luta” contra as “alterações climáticas” e contra a poluição. Porém, a haver “greenwashing”, ele é levado a cabo quer por aqueles que hipócritamente pronciam discursos inflamados contra algo que provocam e agravam – a poluição -, que por aqueles que escamoteiam, como os eco-histéricos, que só da destruição do modo de produção capitalista e imperialista resultará uma solução.

Esta pequena-burguesia tonta e acéfala constitui um perigo para a navegação daqueles que sabem que só a Revolução, apenas a destruição do modo de produção capitalista, pode regular e alterar, a favor dos interesses e bem estar da classe operária e restantes escravos assalariados, as condições de produção de molde a que, como afirmava Marx, não seja possível,  tal como sucede em modo de produção capitalista, o esgotamento dos recursos da terra, o desperdício e a poluição descontrolada.

E, a provar que os comunistas – os verdadeiros, claro está – estão muito à frente na consciência que deste facto têm, deixo-vos um trecho de um magnífico texto escrito pelo meu saudoso camarada Arnaldo Matos, em 1983:



"Não há uma só forma de energia que não seja poluente, embora sejam diversos os graus de poluição.

Mesmo a energia solar, com que os neo-ultra-românticos ecologistas sonham mais que Augusto Gil e Soares dos Passos sonhavam com a lua, é uma energia poluente, se mais não fora por poluir a paisagem.

Nós somos pela utilização de todas as formas de energia que permitam o nosso país desenvolver-se rápida e eficazmente, que criem uma vida digna para os trabalhadores, que ajudem a estabelecer o bem estar do povo, que tornem o nosso país independente e prospero.

Naturalmente, exigimos e lutamos pela eliminação e nocividade dos efeitos poluentes, não apenas no domínio da produção de energia, mas no domínio da produção em geral, visto que a qualidade de vida do povo é o objectivo supremo do comunismo.

Os movimentos e ideias ecologistas, são uma resposta a problemas reais e graves criados pelo capitalismo.

Mas são geralmente uma resposta ideológica torta, sem o mínimo vislumbre de ciência, apesar das roupagem com que se enfeitam.

Torta porque não vai ao fundo do problema, à causa real da poluição e da degradação da qualidade de vida, causa que é eminentemente politica; e torta porque a filosofia em que no geral assenta é uma filosofia reaccionária, uma filosofia que se opõe ao progresso dos países pobres, médios e pequenos, em síntese, uma filosofia de quem tem já a barriga cheia e não quer ver prejudicadas as suas digestões difíceis.

O "equilíbrio ecológico", santo e senha desses movimentos, é uma bacorada cientifica do tamanho da Légua da Póvoa, mas que tem, não obstante, o mérito de exprimir o sentimento principal do burguês: "não perturbem a minha digestão"

Nem no planeta terra nem em qualquer ponto do universo existe essa pseudo constante do equilíbrio; o que existe é luta, contradições, unidade,e luta de contrários.

O equilíbrio é sempre relativo, provisório, instável, destinado a desaparecer.

O que é essencial e permanente é a luta. Se o equilíbrio ecológico fosse uma constante da natureza, nunca teria chegado a existir a terra, o sistema solar, os mundos.

Não teríamos chegado à vida, nem à proliferação e diversificação das espécies. Os ecologistas devem capacitar-se de que, se o equilíbrio ecológico fosse uma realidade cientifica permanente, seria imensamente provável que os ecologistas ainda hoje tivessem rabo como os macacos.

Na melhor das hipóteses, os ecologistas jamais se teriam emancipado do nosso pai Driopithecus."

 

Luis Júdice

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