19 de novembro de 2021 Robert Bibeau Sem comentários
By Vladimir Platov – 4 de Novembro
de 2021 – Fonte New Eastern Outlook
Após o fracasso da retirada dos EUA do Afeganistão e a chegada ao poder em Cabul dos talibãs, o sistema de segurança regional na Ásia Central começou a sofrer uma rápida reformatação. Novos actores, especialmente os Estados Unidos, a Turquia e a China, estão a tentar penetrar na tradicional zona de influência e responsabilidade russa, no território das antigas repúblicas soviéticas.
Os Estados Unidos e a Turquia, aliados oficiais no bloco da NATO, tornaram-se particularmente activos, tornando-se mesmo concorrentes directos nas suas recentes tentativas de expansão na Ásia Central. Neste caso, Ancara está a tentar utilizar activamente a sua estratégia pan-turca, reforçando os laços com os países da região, promovendo a ideia de um "Grande Turan". Os Estados Unidos ainda esperam permanecer na região colocando bases militares em alguns países da Ásia Central. Apesar de já terem experiência de presença militar na Ásia Central, após os acontecimentos de 2014, Moscovo conseguiu expulsar as bases militares dos EUA do seu quintal.
Insatisfeitos com esta
política russa de limitar a influência e a penetração dos Estados Unidos e da
Turquia na Ásia Central, os dois países estão a observar com especial zelo as atividades da
China na região,tentando com as suas capacidades de a limitar ou mesmo comprometer.
Naturalmente, os EUA têm sido particularmente activos nesta área, utilizando as
suas capacidades de informação para denegrir as políticas regionais da China,
publicando numerosas "fake
news" políticas e procurando minar as acções da China.
Assim, uma dessas actividades provocatórias foi a publicação por alguns meios de comunicação norte-americanos de que a China tinha estabelecido uma série de bases militares no Tajiquistão. Especificamente, de acordo com o Washington Post, uma base militar chinesa secreta apareceu já em 2017 no distrito de Murghob, na Região Autónoma de Gorno-Badakhshan, no Tajiquistão, perto das fronteiras com o Afeganistão. De acordo com relatos publicados por meios de comunicação norte-americanos, soldados chineses da Região Autónoma de Xinjiang Uygur estão a servir aí.
No entanto, os EUA não provocaram uma discussão entre a Rússia e a China
com tais insinuações, como a China já o tinha discutido através de canais
diplomáticos com a Rússia, explicando-o não para fins militares, mas para fins
logísticos, para controlar a possível deslocação de militantes uigures do
Afeganistão para a China e vice-versa. A instalação militar em questão é de
dimensão mínima, onde, para além dos tajiques, estão presentes representantes
dos lados chinês e afegão.
Tudo mudou depois de os talibãs terem
chegado ao poder em Cabul e da necessidade de reforçar as medidas de
contenção na fronteira tajique-afegã no distrito de Murghob, na região autónoma
de Gorno-Badakhshan, e de construir uma nova base militar para as forças
especiais de Tajik.
Esta circunstância e a recusa explícita dos Estados da Ásia Central em
permitir o estacionamento de bases militares norte-americanas na região levaram
os EUA a lançar uma nova campanha de propaganda alegando a construcção de outra
base militar chinesa. Se acreditarmos, por exemplo, nos dados do conselho
editorial de Tajik de Azattyk (esta é a Radio Liberty of Central Asia
financiada pelos Estados Unidos. Este meio de comunicação é reconhecido na
Rússia como um agente estrangeiro), Dushanbe teria dado luz verde à construcção
de uma nova instalação militar chinesa no seu território. Ofereceu à China a
propriedade total da base existente e confere-lhe total controlo.
No entanto, esta última alegação dos EUA foi rapidamente frustrada por um
anúncio oficial das autoridades tajiques de que a China construiria de facto
uma base na Região Autónoma de Gorno-Badakhshan, na fronteira entre a China e o
Afeganistão. No entanto, pertencerá a uma unidade especial de reacção rápida do
Departamento Regional de Combate ao Crime Organizado do Ministro dos Assuntos
Internos do Tajiquistão. Embora a força da futura base ainda não tenha sido
anunciada, segundo peritos militares, o contingente poderá ser composto por 300
a 500 militares, vários veículos blindados ligeiros e, possivelmente, drones.
No meio da tomada de posse dos talibãs no Afeganistão, as instalações seguras
serão construídas ao abrigo de um acordo entre o Ministério do Interior do
Tajiquistão e o Ministério da Segurança do Estado da China. O custo da
instalação está estimado em 10 milhões de dólares, e a construção será
implementada com fundos atribuídos gratuitamente pela China, que é responsável
pelo fornecimento das máquinas, equipamentos e materiais necessários para o
projeto.
O plano para construir
esta base militar surgiu no meio de tensões entre Dushanbe e o novo governo
talibã. O Presidente tajique Emomalî Rahmon recusou-se a reconhecer o governo
talibã, apelando a uma melhor representação dos grupos étnicos do Afeganistão,
dos quais os tajiques são o segundo maior grupo. De acordo com a Reuters,os
talibãs forjaram uma aliança com um grupo militante tajique sediado no norte do
Afeganistão que procura derrubar o governo de Emomalî Rahmon.
Não há dúvida de que,
ao decidir construir a base na Região Autónoma de Gorno-Badakhshan, a China
está acima de tudo a perseguir os seus próprios interesses, uma vez que a
região sempre foi uma fonte de preocupação para as autoridades chinesas.
Sediados nesta região, militantes uigures do Movimento Islâmico do Turquestão
Oriental podem entrar na China e fazer sabotagem. Se necessário, a China pretende usar esta base do
Ministério do Interior de Tajik para proteger as suas fronteiras dos ataques de
grupos armados do Afeganistão. Além disso, a presença de uma base
militar deste tipo na fronteira com o Afeganistão será um trunfo adicional nas
negociações da China em cooperação com as novas autoridades de Cabul.
Esta base poderá ser, sem dúvida, a resposta de Pequim à expansão activa da
Turquia na Ásia Central, que procura criar uma espécie de superpotência
logística na rota Ásia-Europa e tornar-se o principal país de trânsito para os
produtos chineses para o mercado europeu.
O papel mencionado
pela China na construção de uma nova base militar na região autónoma de
Gorno-Badakhshan pode também ser uma iniciativa de Pequim para impedir a expansão da
influência da Índia no Tajiquistão, que,em particular, está a tentar encontrar
uma posição específica nas atividades da base aérea de Farkhor no Tajiquistão.
A China e, em especial, o seu actual aliado, o Paquistão, certamente não o
querem.
Quanto à assunção pela China das despesas financeiras relacionadas com a
construcção da nova base militar tajique, recorde-se que a China já atribuiu
fundos ao sector de defesa do Tajiquistão. Por exemplo, já tinha dado um
subsídio para reforçar a segurança ao longo da fronteira tajique-afegã.
Planeava construir três escritórios de comandantes, quatro estações
fronteiriças, quatro passagens fronteiriças e um centro de treino. Em 2016, a
Casa dos Oficiais foi construída em Dushanbe com um apoio financeiro chinês de
19 milhões de dólares. Em Novembro de 2018, foi inaugurado um Centro de Combate
ao Terrorismo, Extremismo e Separatismo na capital tajique com, mais uma vez,
dinheiro chinês.
Vladimir Platov
Traduzido por Wayan, revisto
por Hervé, para o
Saker Francophone
Fonte: Ils préparent la guerre: La Chine
construit une base militaire au Tadjikistan. – les 7 du quebec
Este
artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice
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