01 de Novembro de 2021
O que a chamada crise orçamental veio confirmar é uma realidade que há muito é denunciada pela corrente marxista a nível mundial: a de que a falsa esquerda integra, de facto, a verdadeira direita. Uma realidade que patenteia de forma insofismável o facto de que o proletariado nada pode esperar do sistema capitalista dominante, muito menos qualquer factor de mitigação da sua condição de explorado e humilhado.
Bem podem os neo-revisionistas e os empíricos intelectualóides da treta, virem com a sua análise “mecanicista”, alegar que o que está em causa, na actual “crise orçamental” é uma questão de “ingenuidade e de ingénuos”, em que um Costa pavão e “espertalhão” engana todos os outros parceiros da burguesia parlamentar ... e não só!
Nada disso! A actual “crise orçamental” enquadra-se na crise sistémica geral do sistema capitalista e imperialista, agravado pela chamada crise pandémica, que está a levar a superestrutura ideológica e organizativa da burguesia a uma deliquescência sem precedentes – como seria de esperar, tendo em conta a interdependência dialéctica existente entre a infra-estrutura económica e a superestrutura ideológica da sociedade -, reflexo do caos em que o modo de produção capitalista e imperialista mergulhou todo o planeta.
Essa crise manifesta-se, igualmente, em Portugal, um dos elos fracos do sistema capitalista e imperialista mundial. Só o entendimento deste pressuposto nos habilita a compreender como é que a dinâmica da Luta de Classes – que é o verdadeiro motor da história – influenciou os alinhamentos tácticos ou tacticistas dos diferentes sectores da burguesia e da pequena-burguesia em Portugal.
Mesmo os critérios mais tacticistas, desde os que levam o PCP, o BE e o PEV a alinharem com a direita mais extrema e a extrema-direita – do PSD ao CDS, passando pela Iniciativa Liberal e o Chega – no chumbo de uma Lei Geral do Orçamento de Estado que, do ponto de vista da sua natureza de classe e do seu conteúdo, em nada difere dos Orçamentos que, anteriormente, votaram favoravelmente, justificando tal adesão com o facto de que, fruto das “negociações” que mantiveram com o governo Costa e com o PS, algumas das suas “exigências” neles terem sido incorporadas.
Ao não compreender esta “mecânica” dialéctica, e apesar de fazerem “voz grossa” e se afirmarem como marxistas, os neo-revisionistas que hoje dominam a direcção daquele que já foi um verdadeiro Partido Operário Comunista – o PCTP/MRPP – e o seu Órgão Central – o Luta Popular online -, adoptam o mesmo tipo de análise empírica e idealista, oportunista, que qualquer revisionista ou social-democrata encartado.
Por isso, não entendem, também, a causa e a natureza de classe das “crises” que assolam os Partidos burgueses – particularmente no PSD e no CDS que arrisca, mesmo, a extinção. Como não entendem, também, porque se arrisca o PCTP/MRPP a degenerar no seu contrário, isto é, num Partido burguês, reaccionário e oportunista como os demais partidos da falsa esquerda. Ou, até mesmo, a extinguir-se porque irrelevante para o proletariado revolucionário.
Consequência do chumbo da Lei do Orçamento para 2022 e da mais do que previsível dissolução da Assembleia da República, vislumbra-se mais um ciclo de mascaradas eleitorais burguesas. E, a tentação de a elas concorrer está lá! A provar que nada entenderam do que o comunista e revolucionário Arnaldo Matos disse sobre a QUESTÃO NACIONAL, à luz da estratégia marxista actual, e liquidaram a táctica que nos deixou indicada na sua palestra do 1º de Maio de 2018 – que serviu de base ao Plano de Acção aprovado por unanimidade no I Congresso Extraordinário do PCTP/MRPP, ocorrido a 18 e 19 de Setembro de 2020, em Lisboa -, que é o estudo do marxismo.
Uma táctica oportunista que anuncia desde já que estão a preparar a estrutura do Partido para a sua participação em mais um Carnaval Eleitoral burguês, entregando, assim, o proletariado e os seus aliados, os restantes escravos assalariados, a mais um exercício de futilidade eleitoral burguesa, desarmando-o – política, ideológica e organizativamente – de forma a impedi-lo de se preparar para transformar a guerra inter-imperialista em guerra cívil revolucionária, ante-câmera da Revolução Comunista Mundial.
O que esta estratégia e táctica oportunista visa, uma vez mais, é entregar o proletariado e restantes escravos assalariados ao altar do sacrifício da burguesia capitalista e imperialista, como carne para canhão das suas guerras de rapina e dominação.
Luis Júdice
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