21 de Novembro de 2021 ROBERT GIL
Investigação conduzida por Robert Gil
Actualmente, nestes tempos de crise, ouvimos o ressurgimento de um debate sobre proteccionismo e mundialização capitalista. Tudo isto não é novidade e é apenas uma repetição de um capitalismo nacional aberto ao mundo, mas com regulação. Trata-se, de facto, de uma total ignorância da situação de hoje. A livre circulação de capitais é uma necessidade do capitalismo, que já não pode lucrar a nível nacional e precisa absolutamente de encontrar novos mercados no espaço (mundialização) e no tempo.
Dizer
que é bom que os países do Sul estejam a industrializar é completamente inepto.
Porque estes países não estão a industrializar como os chamados países
desenvolvidos conseguiram fazer, mas estão sujeitos ao controlo desses mesmos
países. Em caso algum terá a industrialização, como foi o caso dos países
desenvolvidos, pela simples razão de que estes países nunca terão as
infraestruturas necessárias e nunca serão capazes de auto-sustentar capital no
seu país. Um exemplo impressionante é o da China, que tem sido a fábrica do
mundo há anos, o que lhe permitiu um crescimento de dois dígitos, mas que só
conseguiu assegurar o crescimento desde a última crise graças ao crédito, à
dívida e ao uso mais fabuloso do betão alguma vez visto (mesmo nos EUA) na
Terra. A China consumiu em 4,5 anos muito mais betão do que os EUA durante todo
o século XX. Além disso, o país é incapaz de auto-sustentar o capitalismo
interno.
A
corrida à produtividade é uma necessidade para os capitalistas! É por isso
que nunca serás capaz de ir contra isso neste sistema. Temos de ter em conta a
produtividade média global para compreender que não podemos voltar ao tempo dos
gloriosos 30 e da rentabilidade através da produção de mercadorias. A
concorrência torna obrigatórios os ganhos de produtividade; no entanto, estes
ganhos têm sido tão enormes nos últimos 40 anos que o sistema já não pode
compensar as inovações de progresso através do crescimento e das inovações de
produtos.
Existe
uma desvalorização geral da mercadoria que só é o valor económico pelo trabalho
humano vivo incorporado nesta mercadoria, independentemente do tipo de
mercadoria. No entanto, o trabalho humano vivo é destruído por ganhos de
produtividade relacionados com o progresso da produção através da micro-electrónica,
robotização e automação. É preciso mais mão-de-obra humana viva para compensar
a perda de mão-de-obra humana relacionada com a destruição desse mesmo trabalho
pelo capital fixo cada vez mais importante.
É
um engodo fazer de conta que resolveríamos ao regressar ao Keynesianismo de
outrora. Isso já não é possível. Tens de compreender isso. O capitalismo chegou
a um ponto de não retorno devido à enorme produtividade e à consequente
destruição do trabalho humano vivo. É por isso que estamos a testemunhar aquilo
a que alguns designam por capitalismo selvagem, e que é senão a consequência do
seu funcionamento interno. Com efeito, o capitalismo necessita de novos pontos
de venda, da destruição dos serviços públicos e da transformação em mercadorias
da maioria dos aspetos das nossas vidas.
Note-se
também que a indústria de serviços não irá de forma alguma compensar este
fenómeno, uma vez que esta indústria não cria valor porque não cria bens ou
muito pouco (ver bolha da internet dos anos 2000).
Para
ultrapassar todos estes problemas, a resposta foi há 40 anos para desregulamentar
e privatizar. Isto criou uma indústria financeira hipertrofiada que não é a
causa da crise do sistema, mas simplesmente o sintoma do seu colapso. Se não
fosse esta política, teria havido um colapso do sistema keynesiano. Lembro que
Keynes era um economista liberal que via no Estado apenas a tábua de salvação
para reiniciar a máquina e voltar aos mercados. É, portanto, errado fazer as pessoas
acreditarem que voltar ao que era feito há 30 anos resolverá as contradições
internas do capitalismo. Entretanto, não devem ser as pessoas a sofrer por isso
e vale mais um retorno keynesiano do que a austeridade.
Preocupar-se
com o ambiente num sistema destes é inepto. A ecologia é definitivamente
incompatível com a economia de qualquer tipo. Foi em 2008, durante a recessão mundial,
que foi registada a menor liberação de C02. Por outro lado, a economia
baseia-se em petróleo barato. Não poderemos suportar o aumento deste último, o
que irá inevitavelmente ocorrer. Não são as chamadas energias renováveis que
nos permitirão substituir o ouro negro.
Outra
coisa, falar de um imposto TOBIN é completamente estúpido, para além de
querer rebentar as bolhas ainda mais depressa. O TOBIN era um economista
liberal e isso já teria sido feito há muito tempo se não fosse impraticável ou
realmente nas margens, ou seja, uma percentagem extremamente ridícula.
Estamos num sistema
absurdo em que o objetivo é valorizar o dinheiro quando temos todos os meios
produtivos para fornecer a cada ser humano os bens e serviços necessários.
Este artigo foi
traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice
Sem comentários:
Enviar um comentário