RENÉ — Este texto é publicado em parceria com www.madaniya.info.
O Reino Unido criou um centro de espionagem electrónica no Iémen.
O reduto da Al-Qaeda no Iémen, o Iemenita Tora Bora, nas mãos dos Houthis
Por René
O Reino Unido criou um importante centro de espionagem electrónica no Iémen para a desencriptação das comunicações houthi, na sequência de uma série de contratempos por parte das forças pró-monárquicas em Agosto e Setembro de 2021, culminando com a queda do reduto da Al-Qaeda no Iémen, no distrito de Al Bayda, normalmente referido como Tora Bora, do Iémen.
O centro de espionagem britânico foi construído no distrito de Al Mahra,
localizado no sul da Península Arábica, na fronteira de Dhofar (Sultanato de
Omã). Al Mahra é uma área cobiçada pela Arábia Saudita e pelo Sultanato de Omã.
Os britânicos instalaram este centro em Setembro de 2021, na sequência do
ataque ao petroleiro israelita Mercer Street, no Mar Arábico, noticia o diário
libanês Al Akhbar em 11 de Setembro de 2021. O ataque ao petroleiro israelita,
dirigido pelo bilionário israelita Eyal Ofer, deixou dois mortos, um
funcionário britânico de uma empresa de segurança Ambray e um tripulante
romeno.
A missão do centro é decifrar não só as comunicações houthi, mas também as
comunicações marítimas desta área altamente estratégica na intersecção do Mar
Vermelho, do Golfo de Áden, do Oceano Índico e do Golfo Pérsico.
Os britânicos estabeleceram um perímetro de segurança em torno desta base
ao longo das margens do distrito, proibindo a pesca por residentes locais
causando descontentamento entre a população privada de uma fonte de rendimento
enquanto está sob bloqueio há sete anos, acrescenta o jornal.
Para ir mais longe
neste caso, consulte esta ligação para o leitor árabe
O desenvolvimento desta base britânica complementa o dispositivo ocidental do Djibuti, que constitui uma verdadeira encruzilhada de cabos submarinos, o "ponto de contacto dos cabos de interligação submarino entre a Europa, o Médio Oriente, a Ásia e a África". Com 8 cabos submarinos, o Djibuti é o quarto estado mais conectado do continente africano. Desde 2013, alberga o primeiro Centro de Dados da região. Hoje, o país sonha ser um centro digital regional.
Para ir mais longe sobre este assunto, consulte este link: https://resilient.digital-africa.co/blog/2021/02/03/djibouti-carrefour-de-cables-sous-marins/
2- A queda do reduto da Al-Qaeda no Iémen, a sua "Tora Bora" na
província de Al Bayda.
No espaço de dois meses, Agosto e Setembro de 2021, os houthis lançaram uma
série de ofensivas relâmpago, apoderando-se do reduto da Al Qaeda na província
de Al Bayda, em Saoumah, uma cidade no centro do Iémen, a cerca de 200 km a
sudeste de Sana'a.
Gozando do efeito da surpresa, os Houthis tomaram no mesmo impulso uma
dúzia de posições militares pró-monárquicas iemenitas, em 15 de Setembro,
graças a uma poderosa ajuda das tribos iemenitas, desapontadas pela
incompetência dos seus antigos aliados petro-monárquicos.
A queda do Emirado da Al-Qaeda em Saoumah, no mesmo distrito, levou à queda
de uma dezena de posições militares pró-monárquicas. Fundada há 14 anos nesta
província iemenita, Saoumah foi chamada de "Tora Bora" do Iémen,
devido às fortificações construídas pela Al-Qaeda nesta área.
Para o leitor árabe
anexo o link: Tora Bora nas mãos de Sana'a (Sexta-feira Al Akhbar, 17 de Setembro
de 2021).
Tora Bora deriva do sírio "Toura Boura" que
literalmente significa "montanha pedregosa". Tora Bora é uma
rede de grutas localizada nas montanhas Koh, no leste do Afeganistão. A sua
construcção foi parcialmente financiada pela CIA na década de 1980, na emboscada
anti-soviética do Afeganistão (1980-1989).
No início da guerra afegã de 2001,Tora Bora foi uma das fortalezas dos talibãs e seus aliados antes da sua queda para os americanos. O ataque a esta base, poucos meses após os ataques de 11 de Setembro de 2001, tinha como objectivo matar Osama Bin Laden, mas o fracasso deste ataque permitiu ao líder da Al-Qaeda fugir para o Paquistão, devido à proximidade da base de Tora Bora com a fronteira paquistanesa. Em 14 de Junho de 2017, os talibãs conseguiram retomar este local estratégico antes de tomar Cabul dois meses depois, em 15 de Agosto de 2021.
3 – A palavra de ordem ocidental: Salvar o novo soldado Ryan do século XXI.
O envolvimento do Reino Unido ganhou força após os contratempos das forças pró-monárquicas na Batalha de Ma'arib. Os americanos e os britânicos enquadraram tropas pró-monárquicas em todos os níveis do comando, para além das forças auxiliares da Al-Qaeda e do partido Al Islah, o ramo iemenita da Irmandade Muçulmana, correram em auxílio dos monárquicos em posição precária e agora sitiados em Maa'rib pelos Houthis desde Março de 2021.
Sem temer a contradição, a Arábia Saudita tinha-se aplicado com efeito durante a guerra do Iémen para criar uma plataforma operacional para a Al-Qaeda, o seu inimigo íntimo, em Hadramaut (Iémen do Sul) para ter uma saída marítima que lhe permitisse contornar o Estreito de Hormuz, sob controlo iraniano.
A queda de Ma'arib
seria um importante ponto de viragem na guerra do Iémen para fortalecer
significativamente a posição diplomática e militar dos Houthis e oferecer-lhes
a oportunidade de forçar os seus opositores a levantar o bloqueio aéreo e
marítimo que atingiu o país desde o início da guerra em 2015. Ao mesmo tempo
que reforçará a posição dos seus aliados regionais, em particular do Irão, do
Hashed As Shaabi no Iraque, que está a travar uma guerra de guerrilha
anti-americana para forçar os Estados Unidos a retirarem-se do Iraque de acordo
com o esquema afegão, por último, mas não menos importante, o Hezbollah
libanês, o pesadelo absoluto dos israelitas, dos americanos e das
petro-monarquias do Golfo e do campo pró-ocidental no Líbano, Agrupados em
torno do Patriarcado Maronita, o governador do Banco Central, Riad Salamé, o
antigo primeiro-ministro sunita Saad Hariri e o líder das antigas milícias
cristãs Samir
Geagea.
Cinco meses após a ofensiva das petro-monarquias contra o país árabe mais
pobre, levada a cabo com o silêncio cúmplice dos países ocidentais, o Hadramaut
tinha assim caído sob o controlo da Al-Qaeda, paradoxalmente, graças ao reforço
da França para um mini desembarque de tropas pró-sauditas em Aden, da base
militar francesa no Djibuti e da supervisão francesa das tropas sauditas
fornecidas pelo contingente da Legião Estrangeira estacionada na Base aérea
francesa do Abu Dhabi.
Hadramaut, a província mais importante do Sul do Iémen, representando 1/5 do território do sul, tornou-se assim um santuário da Al-Qaeda, que aplica a sua lei, monopolizando as suas receitas, o trânsito de mercadorias através do porto de Mukalla, os royalties cobrados sobre o trânsito de petróleo. Hadramaut é para a Al-Qaeda o que o norte da Síria é para os terroristas islâmicos, uma alavanca nas mãos dos sauditas quando os islamistas da Síria desempenharam uma função idêntica em nome da Turquia.
Sobre a Batalha de Ma'arib, veja este link
Sucessivos revéses militares por parte das tropas pró-monárquicas, aliados
às restricções impostas à população em resultado do bloqueio, provocaram uma
crise de confiança entre as tribos iemenitas e o seu guardião saudita, levando
alguns líderes tribais a falarem com os houthis. Dotadas de armas ultra-sofisticadas,
abundantemente fornecidas por países ocidentais, as petro-monarquias do Golfo –
principalmente a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos – nunca conseguiram
colocar os seus adversários houthi em dificuldades, quanto mais ganhar uma
batalha significativa.
Sete anos após o início da agressão petro-monárquica contra o país árabe
mais pobre, os ocidentais parecem movidos por uma palavra de ordem exclusiva “Salvem
o Soldado Ryan do século XXI”, ou seja, os petro-monárquicos que são os
agressores do Iémen.
Em nome da defesa do "Mundo Livre", cinco países do Médio Oriente
estão sob um bloqueio unilateral ocidental: o Irão há 40 anos; a Síria há 11
anos, o Iémen há 7 anos e o Líbano durante 3 anos sem a NATO ter conseguido forçar
a decisão a seu favor, enquanto o céu israelita se tornou uma peneira devido à
balística caseira do Hamas palestiniano, bem como o céu saudita, uma peneira
por causa da balística rudimentar dos Houthis e do Hezbollah libanês
ridicularizou completamente a diplomacia americana. obrigou-o a uma farsa
memorável, quebrando o bloqueio libanês, importando petróleo iraniano.
Sobre as apostas da guerra no Iémen
§
https://www.madaniya.info/2015/05/04/yemen-arabie-saoudite-arabie-saoudite-versus-houthistes-2-2/
Sobre o papel da França
Hadramaut, uma plataforma operacional da Al-Qaeda, no Sul do Iémen, com a
ajuda dos sauditas e um impulso francês
§
https://www.renenaba.com/le-yemen-entre-unite-et-partition/
Sobre a relação entre a Arábia Saudita e a Irmandade Muçulmana, veja estas
ligações:
§
https://www.renenaba.com/les-freres-musulmans-egyptiens-a-lepreuve-de-la-revolution/
§
https://www.renenaba.com/les-freres-musulmans-egyptiens-a-the-trial-of-the-revolution-2/
Fonte: Royaume Uni/Yémen: Espionnage – les 7 du quebec
Este
artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice
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