terça-feira, 16 de novembro de 2021

Terrorismo: o auge da vingança; as fontes preliminares de violência

 


 16 de Novembro de 2021  René  

RENÉ — Este texto é publicado em parceria com www.madaniya.info.

Terrorismo: o auge da vingança; as fontes preliminares de violência; o mais recente livro de Myriam Benraad (Le cavalier Bleu)

Por René

Foi o principal alvo do mcCarthyismo que rebentou com a França durante a guerra da Síria (2011-2021); um padre abominável, por mais injustificado que seja desprezível, em todo o caso sintomático da patologia em que a casta académica francesa tem sido banhada desde a Guerra da Síria (2011-2021) e da erupção francesa que se seguiu.

Ela... é Myriam Benraad atormentada aos olhos dos machistas de um triplo delito: É uma senhora que focou o tema do seu doutoramento no Iraque e que teve como directora de tese um académico, sem dúvida um dos poucos cientistas políticos franceses que não cometeu erros em análises fantasiosas sobre a guerra da Síria. Não por bravura, nem por premeditação, mas no final de uma análise concreta de uma situação concreta.

Em 2011, doutorada em ciência política para uma tese dirigida por Gilles Kepel, Myriam Benraad teve o grande mérito de ter centrado a sua investigação no Iraque, pura coincidência do calendário? em notícias internacionais.

A sua tese centrou-se na experiência socio-política e identitária dos árabes sunitas iraquianos através do prisma da ocupação americana.

Uma falha imperdoável para os apparatchiks franceses que tinham feito da sua pseudo-experiência na Síria um render de situação e cujo recém-chegado à cena mediática ameaçou o seu magistério.

Este académico foi seguido por um tratamento digno do mcCarthyismo que atordoou os Estados Unidos na década de 1950, mas indigno da qualidade do debate académico numa sociedade democrática. Um comportamento típico de machistas.

Vangloriando-se da sua experiência não para esclarecer a opinião pública, mas para a condicionar, envolver-se-ão numa verdadeira polícia da Internet para localizar qualquer opinião divergente na pura tradição dos oficiais dos assuntos indígenas.

Um prescritor de opinião, um académico de renome, irá ao ponto de transfundir as ideias de Mryiam Benraad para as apropriar em obras aprendidas. Um processo de grande desonestidade e nada menos mediocridade.

Myriam Benraad tinha-se enganado, de facto, ao evocar, já em 2006, quatro anos antes da guerra da Síria, o surgimento do Estado Islâmico e a sua centralidade na evolução e reconfigurações da longa crise iraquiana.

Desde 2005, bem antes do ficheiro S Romain Caillet, pseudónimo do coronel Salafi, estabeleceu-se como um jihadólogo especializado no Daesh, e deliciou-se, elegância suprema, em denegrir sistemáticamente aquele que ele entendia como seu rival, sob o incentivo do líder das matilhas islâmicas francesas, François Burgat, o seu chefe de tese inacabada.

Se a hipótese de um tribunal de Russell sobre a Síria, sobre o modelo do Tribunal Russell sobre o Vietname, – um tribunal cívico fundado pelo matemático britânico Sir Bertrand Russel – tomou forma um dia, François Burgat, sem dúvida, teria de aparecer lá como o primeiro réu, na sua qualidade de propagandista-chefe da guerra de intoxicação e desinformação da opinião francesa, para além dos danos infligidos à credibilidade da investigação académica francesa. E como tal, Burka foi condenado às minas de sal.

Desde então, o grande guru dos islamoquistas franceses tem sido dispensado por alguns dos seus mais fervorosos seguidores, como Vince de Beirute e Tom de Edimboug e Nab de Nièvre.

Dez anos depois, Myriam Benraad lida com o seu novo livro "Terrorismo: os horrores da vingança; às fontes preliminares de violência" (Le Cavalier bleu), um assunto raramente abordado pela casta académica mais inclinada ao sensacionalismo do que à previsão.

Tomando mais uma vez o pé oposto dos seus detratores, surpreendendo-os, Myriam Benraad aborda, no seu mais recente livro, o alegado ou bem fundamentado ressentimento que serviu de força motriz e justificação para as acções jihadistas... para além da sua motivação mercenária. Um assunto que a casta académica não domina, pior nem sequer suspeita.

Le Cavalier bleu é uma editora francesa cujo nome ecoa o do grupo de artistas Der Blaue Reiter. Criado em 2.000 por Marie-Laurence Dubray, Le Cavalier bleu publica livros sobre as humanidades. As Edições du Cavalier Bleu são membros da Aliança Internacional de Editores Independentes.

O autor também faz da sua obra a seguinte apresentação. Julgai por vós:

"A história do terrorismo, passado e novo, é marcada por vingança, causando longos ciclos de violência e represálias..." Lei de retaliação, preços de sangue, humilhações, terrorismo de Estado: A vingança está presente em todo o lado, tanto nas motivações dos terroristas como nas reacções que a sua violência provoca entre os seus alvos......."Ainda que objecto de análise, continua a ser o ângulo cego dos estudos sobre o terrorismo.

"Radicalização do Islão", "Islamização do radicalismo", "niilismo geracional", contextos geo-políticos, ressentimentos históricos... A vingança permanece implícita, como se realçá-la ou reconhecê-la aos terroristas, como afirmam, induziria a ideia de que uma injustiça foi perpetrada. No entanto, é uma questão central que é essencial decifrar.

Resumo

I – TERROR E VINGANÇA: UM ENSAIO SOBRE A TEORIZAÇÃO.
A lei da retaliação em palavras como em acções.
Originalmente: uma ofensa, um erro, uma humilhação.
Relações inerentes à justiça e ao poder.
Entre "dinheiro de sangue", cegueira e destruição.
Ciclos de contágio: dos crimes às represálias.

II- ASPECTOS E IMPULSIONADORES DE UM CONTÍNUO VINGATIVO.
Do indivíduo ao coleCtivo: ressonâncias vingativas.
Entre ressentimento, fúria e ódio sem saída perceptível.
A transição do desejo de vingança para o acto terrorista.
Catarse, prazer e satisfação perante o sofrimento.
Atentado suicida: uma resposta punitiva sacrificial.

III- CONTRA-TERRORISMO OU "CONTRA-VINGANÇA"?
Castigo do Estado: vingança institucionalizada.
Judicialização, pena de morte e vingança popular.
Vítimas: do imperativo da retribuição ao abandono.
Depois de uma acção violenta, o tempo da redenção?
Trauma e memórias: o perdão inatingível

Um assunto tabu, se houver um. De qualquer forma, fora das preocupações políticas dos guardiões do templo, os tosquiadores da burocracia francesa. Uma soma consistente e substancial

Myriam Benraad é membro da Associação de Estudos do Médio Oriente (MESA) e do Centro Internacional de Contra-Terrorismo (ICCT, Haia). Além da sua especialidade principal, trabalha no tema do ciberbullying. Um assunto promissor.

§  Sobre o comportamento dos islamoquistas
franceses durante a guerra da Síria, veja estas ligações: https://www.renenaba.com/les-islamophilistes-tontons-flingueurs-de-la-bureaucratie-francaise/

§  E o seu funcionamento reticular destes
desrespeitadores da banda LOL, cf esta ligação: https://www.madaniya.info/2016/11/18/syrie-media-stephane-grimaldi-charlie-a-paris-charlot-a-caen/

§  Sobre os erros do
Jornal Le Monde na guerra na Síria https://www.madaniya.info/2016/04/05/l-oeil-borgne-sur-la-syrie-nombril-du-monde/

§  E
o jornal Libération https://www.madaniya.info/2016/04/01/syrie-riad-hijab-bouffon-roi/

As principais obras de Myriam Benraad:

§  Iraque para além de todas as guerras. Idées reçues sur un état en transition, Paris, 2018, (ISBN 79-10-318-0289-3)

§  Jihad das origens religiosas à ideologia. Idées reçues sur une noção controversa, Paris, 2018 (ISBN 979-10-318-0256-5

§  L'État islamique pris aux mots, Paris, Armand Colin, 2017 (ISBN 978-2-200-61788-

§  Iraque: da Babilónia ao Estado Islâmico: Equívocos sobre uma nação complexa, Paris, 2015,

§  Iraque, a vingança da história. Da ocupação estrangeira ao Estado Islâmico, Paris, Vendémiaire,2015,I978-2-36358-053-5

§  Tribos, tribalismo e transição no mundo árabe-muçulmano, Paris, Magrebe-Mashreq, 2012, (I1762-3162)

§  L'Irak, Paris, Le Cavalier Bleu,/ Histoire & civilizações" (n.º 212),2010

 

Fonte : Terrorisme: les affres de la vengeance; aux sources liminaires de la violence – les 7 du quebec

Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice




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