terça-feira, 14 de março de 2023

Concorrência e mundialização

 


 12 de Março de 2023  ROBERT GIL  

Pesquisa levada a cabo por Robert Gil

 


A concorrência internacional é tal que
, para sobreviver, é necessário ou adaptar-se ou desaparecer. Óptimo! Apresentado desta forma, não há lugar para dúvidas. Não há nada a fazer, a mundialização não pode ser posta em causa: é uma lei física da mesma ordem que quando se deixa cair um calhau, este cai no chão. Há forças que não podem ser postas em causa. Excepto que a mundialização não é uma lei física, nem a vontade de um homem velho de barba branca: a mundialização é uma decisão humana!

Existem pouco numerosos dadores de ordens no mundo, e são eles que distribuem o trabalho e influenciam a lógica salarial. Os países do Sul produzem a preços baixos, mas a maioria das fábricas que fabricam nestes países são fábricas ocidentais, e 80% da sua produção é vendida nos mercados dos países ricos. A mundialização é uma quimera que permite a alguns produzir ao menor custo e depois vender em países onde as pessoas podem dar-se ao luxo de comprar!

A competição é organizada pelos próprios industriais que deslocalizam parte da sua produção e depois a colocam em concorrência com a que permanece no seu país de origem. Tudo isto para grande desgraça dos trabalhadores do Sul e do Norte e para a grande felicidade dos accionistas. Para o capital, o desenvolvimento dos países do Sul não deve eliminar a exploração de mão-de-obra barata, e deve continuar a exercer pressão sobre os salários dos países do Norte. O esquema é perfeito, especialmente porque o mundo operário está longe de estar tão unido como o mundo dos negócios!

A abertura dos países da Europa Oriental e a sua adesão à União Europeia foi feita por duas razões: a primeira foi para evitar que caíssem de novo no redil russo e para poder instalar bases militares principalmente americanas, para controlar a esfera de influência russa. A segunda é que estes países tinham uma mão-de-obra bem treinada, sem noção de direitos sociais, os sindicatos, tal como os entendemos, não existiam, tudo era governado pelo Estado e quando o Estado foi desmantelado, os empregados eram entregues às multinacionais.

Se os assalariados de um país sub-contratado formarem um sindicato e exigirem melhores condições de trabalho e salários, os mandantes não hesitam em fechar e deslocalizar-se para um país vizinho, uma vez que isto pode ser contagioso. Nalguns casos, os dirigentes são eliminados, por vezes de forma permanente. São apoiados regimes que são suficientemente corruptos para fecharem os olhos a certas práticas.

A concorrência desenfreada é frequentemente falsa, com os mesmos representantes sentados nos vários conselhos destes grandes grupos. Para eles, é um jogo, um gigantesco "monopólio", um casino, onde por vezes se pode perder, mas como são eles que controlam o banco! Não, os verdadeiros perdedores são aqueles que, na esperança de manter os seus empregos, aceitam trabalhar mais, baixar os seus salários, ver desaparecer os seus benefícios sociais em nome da mundialização imposta por um bando de bandidos.

"Não existe tal coisa como o crescimento infinito num mundo finito, as únicas pessoas que acreditam de outra forma são tolos ou economistas"...

K.BOULDING

 

Fonte: Concurrence et mondialisation – les 7 du quebec

Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice




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