24 de Março de
2023 Robert Bibeau
Por RT − 21 de março de
2023
O presidente russo, Vladimir Putin, e o seu convidado chinês, Xi Jinping, assinaram mais de uma dúzia de documentos sobre o fortalecimento da cooperação em áreas que vão do comércio e indústria à ciência e às forças armadas. Os dois líderes debateram igualmente as perspectivas de paz na Ucrânia.
"Este é um exemplo de como as
potências mundiais, que são membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU
e têm uma responsabilidade especial na manutenção da estabilidade e segurança
no planeta, devem interagir", disse Putin no jantar cerimonial que se
seguiu às conversações que duraram horas ao mais alto nível do Kremlin.
Como parte do seu brinde, o presidente russo citou o "I Ching" ("O Livro das Mudanças") para dizer que os povos russo e chinês têm uma "alma comum" e podem superar qualquer obstáculo com a sua força conjunta.
Falando a repórteres
após as negociações, Putin disse que as relações China-Rússia estão "no mais alto nível da história" e que a
cooperação comercial e económica é a prioridade de ambos os governos.
Economia e comércio
O comércio entre a
China e a Rússia atingiu um recorde em 2022, subindo 30% enquanto o Ocidente
tentava impor um embargo a Moscovo. O comércio bilateral está a caminho de
ultrapassar US$ 200 mil milhões este ano, embora dois terços sejam denominados
em yuan e rublos, com ambos os países a afastar-se do dólar.
Putin endossou o uso do
yuan em acordos comerciais com outros países da Ásia, África e América Latina.
Xi e Putin também discutiram o aumento do volume de comércio, o
desenvolvimento de logística e infraestrutura transfronteiriças, a expansão da
cooperação agrícola para garantir a segurança alimentar dos dois países e a
melhoria da cooperação no intercâmbio de energia, minerais, metais e produtos
químicos. A China e a Rússia comprometeram-se a expandir a cooperação em
tecnologia, das tecnologias da informação e da inteligência artificial.
« Unindo os seus ricos potenciais
científicos e capacidades de produção, a Rússia e a China podem tornar-se
líderes mundiais nas áreas de tecnologia da informação, segurança de redes e
inteligência artificial", disse Putin aos
repórteres.
Uma nova parceria militar
Putin descreveu as
relações Rússia-China como diferentes das alianças político-militares que se
desenvolveram durante a Guerra Fria, dizendo que são "superiores a esta forma de cooperação
interestatal e não são de natureza conflituosa".
Moscovo e Pequim
concordaram em "conduzir
regularmente patrulhas marítimas e aéreas conjuntas e exercícios conjuntos", desenvolver
intercâmbios militares e cooperação usando todos os mecanismos bilaterais
disponíveis e aumentar a confiança mútua entre as suas forças armadas.
O desenvolvimento das
relações com a Rússia é "uma escolha estratégica que a China fez com base nos seus
próprios interesses centrais e tendências dominantes no mundo",
disse Xi após a primeira ronda de reuniões na segunda-feira, explicando que as
duas nações partilham o mesmo desejo de construir um mundo
multipolar. https://queonossosilencionaomateinocentes.blogspot.com/2023/03/moscovo-guerra-entre-unipolaridade.html
Proposta de paz para a Ucrânia
O presidente russo
saudou o roteiro de paz proposto pela China
no mês passado, dizendo que muitos dos seus elementos "podem servir como base para uma solução
pacífica quando o Ocidente e Kiev estiverem prontos".
No entanto, Putin sublinhou que nem a Ucrânia nem os seus apoiantes
ocidentais estão actualmente prontos para discutir a paz. Funcionários da Casa
Branca e do Departamento de Estado dos EUA manifestaram-se esta semana contra
qualquer cessar-fogo na Ucrânia, contradizendo as suas próprias declarações de
que apoiariam a decisão de Kiev de qualquer tipo.
« Somos sempre a favor da paz e do
diálogo, e estamos firmemente do lado certo da história", disse Xi.
Muitos acordos assinados
Xi chegou a Moscovo na segunda-feira para uma visita de três dias. Na
terça-feira à noite, a cimeira tinha resultado num total de 14 declarações,
protocolos, memorandos e entendimentos.
Em duas declarações
conjuntas, a Rússia e a China comprometeram-se a "aprofundar a relação de parceria abrangente
e interacção estratégica entrando numa nova era" e a criar um plano de
desenvolvimento para áreas-chave de cooperação económica até 2030.
Os ministérios da
Ciência assinaram um protocolo sobre o reforço da cooperação no domínio da
"investigação
científica básica", enquanto outro protocolo estabeleceu um mecanismo para reuniões
presidenciais regulares no futuro.
Os governos de Moscovo e Pequim concordaram em cooperar para produzir
programas televisivos conjuntos. A emissora pública russa VGTRK e a China Media
Group assinaram um memorando de cooperação. As agências de notícias estatais
Tass e Xinhua também concordaram em trocar informações.
Seis outros memorandos
de entendimento abrangiam o comércio, a silvicultura, a agricultura, a defesa
do consumidor e as infraestruturas no Extremo Oriente russo. A Rosatom e a
agência de energia atómica da China chegaram a acordo sobre um "programa abrangente de cooperação a
longo prazo no domínio dos reactores de neutrões rápidos e do encerramento do
ciclo do combustível nuclear".
Antes da viagem, Xi e
Putin publicaram artigos de opinião nos principais jornais dos seus respectivos
países. O presidente chinês também convidou Putin a
visitar Pequim ainda este ano para o terceiro
Fórum das Rotas da Seda para a Cooperação Internacional.
RT
Traduzido por Wayan,
revisto por Hervé, para o Saker Francophone.
Este artigo
foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice
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