13 de Março de
2023 Olivier Cabanel
OLIVIER CABANEL — Acreditava-se que o termo "grande silêncio" era
reservado exclusivamente ao exército. Vemos agora que a indústria nuclear acaba
de se apropriar dela.
É a rede "Sortir Du Nucléaire" que revela o escândalo:
Há já algum tempo que os laboratórios que controlam as descargas
das centrais nucleares francesas perderam as suas acreditações.
Com efeito, a ASN (autoridade
responsável pela segurança nuclear), considerando que estes laboratórios que
deveriam efectuar continuamente medições em torno das instalações nucleares são
defeituosos, decidiu suspender as suas aprovações através de 4 decisões de 16
de Dezembro de 2008.
Como afirma a SDN:
"Não podemos deixar de nos surpreender com o silêncio total da ASN sobre as suas
próprias decisões que, pela sua importância, merecem a maior publicidade."
Estas aprovações abrangeram 4 pontos:
Medições do indicador de actividade beta
global das águas, medições da actividade do trítio na água, medições da actividade
do trítio no ar e, finalmente, medições do índice de actividade beta global dos
aerossóis no filtro e isto em quase todas as instalações nucleares francesas.
Assim, como justamente denuncia a rede
"sortir du nucléaire", se estes laboratórios já não fazem estas
medições, não temos como saber, neste momento, desde 16 de Dezembro de 2008, se
ocorreu um acidente ou um incidente.
Como escrevem os responsáveis da SDN
numa carta que acaba de ser dirigida a JL Borloo:
"Não podemos deixar de nos surpreender com o
silêncio total da ASN sobre as suas próprias decisões que, pela sua
importância, merecem a maior publicidade. Tanto mais que surgem questões
sérias, às quais lhe pedimos que responda o mais rapidamente possível e
publicamente.
– enquanto os laboratórios das centrais nucleares da EDF já não estão
acreditados, quem efectua actualmente as medições exigidas pelos decretos que
autorizam a EDF a explorar essas centrais? Se estas medidas não forem tomadas,
as instalações devem ser encerradas imediatamente.
– quais são exatamente as falhas dos laboratórios das centrais nucleares
EDF e desde quando é que essas falhas existem?
Qual pode ser a extensão das descargas feitas durante
anos pelas centrais nucleares para além dos limites legais (que, no entanto, já
são muito laxistas)?
– Como podem os cidadãos confiar nos "gestores" de uma indústria
tão perigosa, que demonstram a sua incompetência e incapacidade para medir as
emissões radioactivas para o ambiente? »
estas questões colocadas ao Senhor
Ministro são mais do que judiciosas, se recordarmos a longa ladainha de
incidentes e acidentes nucleares que ocorreram ao longo de 2008:
Os mais notados foram os de Tricastin.
Revelado pela Associated Press e pela Réseau Sortir du Nucléaire em 8 de Julho
de 2008, soubemos que "o vazamento de uma solução contendo urânio
ocorreu na terça-feira numa central na instalação nuclear de Tricastin em Bollène
(Vaucluse) e parte dela se espalhou para rios".
Esta fuga provocou, como recordamos, a
proibição da natação, da pesca e do consumo de água do aquífero, das massas de
água e dos rios afectados por esta poluição.
Na sequência deste acidente, seguiram-se
outros ao longo do ano.
(Ver os meus artigos publicados na
agoravox)
A decisão da ASN de questionar a
qualidade das análises realizadas pelos laboratórios oficiais, uma vez que
suspende ou interrompe a sua actividade, suscita também dúvidas razoáveis sobre
os pareceres de peritos que foram realizados durante estes acidentes.
Também podemos estar preocupados com a
situação actual.
Com efeito, se a actividade destes
laboratórios estiver parada, como podemos ser informados se ocorreu um acidente
desde 16 de Dezembro?
Compreensivelmente, aguarda-se
ansiosamente a resposta do Ministro.
Porque como disse um velho amigo
africano:
"Só porque a hiena tem mau hálito
não significa que deva ser proibido bocejar."
Fonte: On ne nous dit pas tout – les 7 du quebec
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis
Júdice
Sem comentários:
Enviar um comentário