(É preciso conhecer-lhe
limites, manhas e traições)
Trabalho é transferência de energia de um sistema para outro em resultado da aplicação de uma força, sendo a força o agente externo ao sistema sobre o qual actua.
Dinheiro é trabalho realizado - o chamado trabalho morto - usado para promover trabalho a realizar por intervenção de quem tem as necessárias condições para o efeito - o chamado trabalho vivo.
Na economia burguesa a força de trabalho é uma mercadoria, a única, aliás, que o consumo não deprecia, pelo que é a mercadoria por excelência desse modo de produção e universal fonte da embeiçada mais-valia.
Expressão enganosa, a mais-valia, pois é com ela que o burguês encobre as horas de trabalho realizado mas não pago que põe ao bolso. É assim que enriquece e é assim que o Estado arrecada uma boa fatia do bolo que os contribuintes amassaram para financiar o que lhe convém financiar, fazer as guerras entre povos e nações e reprimir e eliminar portas adentro quem se bate contra a vandalização da natureza e da cultura, a destruição de condições de vida no planeta e a exploração do homem pelo homem.
A emissão de moeda acelera ou diminui em função da mercadoria a transacionar. Como para a burguesia a força de trabalho é a mercadoria economicamente mais importante, que mais não seja para inventar as máquinas e fazê-las trabalhar no lugar dos humanos ou impor-lhes o esperado ritmo de trabalho, a quantidade de dinheiro em circulação fica assim dependente antes de mais e acima de tudo, custe o que custar, doa a quem doer, do regresso da mais-valia ao banco emissor sacada ao engenho produtivo e ao consumo das populações.
O trabalho realizado nos Açores faz-se sob controlo burguês pelo que temos de nos precaver para não nos confundirmos quando rebentar uma nova e necessariamente agravada crise económica.
O dinheiro que a burguesia faz circular é para a mais-valia, isto é, para o sobre-produto, e quando o burguês não consegue obtê-lo directamente na qualidade de empresário, saca-o duma só assentada pela venda do meio de produção, esmifrando sem piedade aqueles que por outra forma nada foi capaz de lhes extorquir.
Para o capital o trabalho morto é para explorar o trabalho vivo independentemente do produto. Não é assim para quem trabalha. Para quem trabalha o trabalho morto é para dignificar o trabalho vivo. E do trabalho o que interessa é o produto e não o sobre-produto ou mais valia pelo qual o lobo a fazer de cordeiro tanto se baba!
Região Autónoma dos Açores, 3 de
Setembro de 2024,
Pedro Pacheco
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