terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

Tarifas alfandegárias adicionais. América inicia guerra comercial

 


11 de Fevereiro de 2025 Robert Bibeau


Por Normand Bibeau e Robert Bibeau .

Há alguns dias publicamos um artigo do economista Michael Hudson intitulado:   https://queonossosilencionaomateinocentes.blogspot.com/2025/02/as-ameacas-tarifarias-de-trump-podem.html  , artigo que o autor resume da seguinte forma:

“ As políticas  proteccionistas de Trump  ameaçam desequilibrar radicalmente a balança de pagamentos e as taxas de câmbio em todo o mundo, impedindo que os países devedores ganhem os dólares necessários para pagar as suas dívidas externas. Isso torna inevitável um colapso financeiro.”

O economista de esquerda está chateado porque a política económica da superpotência imperialista americana não alcançará os objectivos esperados, mas, pelo contrário, impedirá que os devedores, muitas vezes países pobres, mas não só, paguem os seus empréstimos contraídos em dólares americanos aos cartéis financeiros.

Vamos analisar os problemas económicos e políticos americanos revelados por Michael Hudson   https://queonossosilencionaomateinocentes.blogspot.com/2025/02/as-ameacas-tarifarias-de-trump-podem.html  . É surpreendente notar que o mundo da media confunde a presa com a sua sombra e entra em pânico ao pensar que Trump vai precipitar a sua própria economia numa espiral inflaccionária sem precedentes, porque no final quem vai pagar as sobretaxas de 25% que ele pretende impor aos produtos importados? Os próprios consumidores americanos, a menos que se privem dos bens sobretaxados até que a economia doméstica possa produzi-los, um período de meses ou anos, se isso acontecer.

A propaganda capitalista atingiu tal nível de esquizofrenia que propaga as ilusões de Trump, que aterroriza as massas convidando-as a cometer hara-kiri, aumentando os seus próprios custos de compra através da imposição de sobretaxas, causando hiperinflação nos mercados internos.

De acordo com esta retórica insana, os 773 mil milhões (2023) de défices anuais na balança comercial americana, incluindo 270 mil milhões apenas com a China; 214 mil milhões de dólares com a União Europeia; 157 mil milhões de dólares com o México; 113 mil milhões com o Vietname; 7,2 mil milhões com o Canadá, para citar apenas os principais credores dos Estados Unidos superendividados, não seriam nada mais do que gastos discriccionários desnecessários.

A população americana está endividada em 4,75 triliões de dólares, um recorde histórico, ao qual se soma a dívida soberana de 34,6 triliões de dólares, ou mais de 120% do PIB, chegando a 98.000 dólares para cada homem, mulher e criança americano. Essa dívida individual, que era de apenas 13.000 dólares americanos em 1990, aumentou em 85.000 dólares, ou 6,53 vezes em 33 anos.

Além da media burguesa, da propriedade de bilionários e seus analistas a soldo, quem acredita e propaga o discurso demagógico de Trump de que os consumidores americanos não precisam dos produtos que importam em massa?

Todas as roupas, electrodomésticos, telemóveis, computadores, televisores, rádios, aparelhos de som, enfim, a grande maioria dos bens duráveis ​​comprados nos EUA da China, Ásia, América do Sul, Canadá seriam bens supérfluos que Trump quer privar os consumidores da "pátria americana" até que a indústria "patriota ianque" possa produzi-los, ou seja, em vários meses, até anos, ou mesmo nunca... nunca a um preço competitivo em comparação com os concorrentes asiáticos ou latinos.

O capital mundialista não tem pátria, e
o proletariado internacionalista também não!

É aqui que reside o golpe do Capital Mundial, que Michael Hudson não vê . Se o capital em geral não tem pátria, cada capitalista bilionário ou milionário reside num país, num Estado-nação ao seu serviço, e onde estão localizadas as suas fábricas, armazéns, oficinas, escritórios, meios de transporte e a sua força de trabalho. A camarilha de Trump, como qualquer camarilha governante nacional, seja na França, Alemanha, Canadá, México, Rússia, China ou Índia, desenvolve e propaga uma retórica nacionalista chauvinista, étnica e racista em defesa dos chamados interesses comuns da nação... da pátria... na verdade, em defesa dos interesses do Capital.

Então, quando um consumidor americano se priva de um telefone vietnamita barato, ou de um carro eléctrico chinês que custa metade do preço de um Tesla, ou quando ele não consegue mais sobreviver por causa do preço exorbitante da comida, ele será levado a acreditar que é um " soldado consumidor patriota " servindo a sua comunidade e a sua "raça", servindo a sua "pátria" e em benefício de uma camarilha de pessoas ricas escondidas... o soldado consumidor logo será recrutado para a guerra "patriótica" dos capitalistas fascistas que está para vir. Lembre-se da Primeira e da Segunda Guerra Mundial.

Então, quando os cidadãos da maioria dos países forem privados de serviços médicos básicos, serviços educacionais básicos, serviços de transporte público e serviços sociais necessários, porque o estado não será mais capaz de pagar os empréstimos feitos em dólares americanos que de repente se tornaram extremamente raros, a media a soldo do estado proclamará que:

As políticas proteccionistas de Trump ameaçam desequilibrar radicalmente a balança de pagamentos e as taxas de câmbio ao redor do mundo, impedindo que os países devedores ganhem os dólares necessários para pagar as suas dívidas externas."  https://queonossosilencionaomateinocentes.blogspot.com/2025/02/as-ameacas-tarifarias-de-trump-podem.html

O Estado-nação devedor apelará ao orgulho patriótico dos seus cidadãos, para que façam maiores sacrifícios para pagar o dinheiro inflaccionário emprestado por bilionários mundialistas sem Estado.

O capital mundialista não tem pátria, e o proletariado internacionalista também não tem pátria.
Não travaremos uma guerra patriótica para defender os interesses dos capitalistas mundialistas.

 


PROLETÁRIOS DE TODO O MUNDO, UNI-VOS E ABOLI O CAPITALISMO!

O volume de Robert Bibeau e Khider Mesloub acaba de ser publicado pela Éditions L'Harmattan em Paris:

"  DA INSURREIÇÃO POPULAR À REVOLUÇÃO PROLETÁRIA ". Colecção Questões Contemporâneas. 220 páginas.

Para encomendar o volume: Da insurreição popular à revolução proletária – Robert Bibeau, Khider Mesloub

https://les7duquebec.net/archives/296348

 

Fonte: https://les7duquebec.net/archives/297855?jetpack_skip_subscription_popup

Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice




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