segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

A gula não é pecado

 


3 de Fevereiro de 2025 Olivier Cabanel

OLIVIER CABANEL — A temporada festiva acabou, nesta época em que o foie gras deve inevitavelmente ser encontrado ao lado de trufas e caviar, é hora de descobrir que a gula é acima de tudo uma questão de gosto e nem sempre de bolso.

Foie gras?

É uma prática cruel, pois nada mais é do que deixar doente (designamos isso por cirrose) um pássaro palmípede que não pediu tanto, tornando-o dependente de um desejo que criamos para ele, alimentando-o à força.  link

Não tenho nada contra a tradição, excepto quando ela se aproxima de práticas de outra época, principalmente porque hoje encontramos no mercado foie gras não forçado.  link , ou mesmo gordura falsa (vegetal e orgânica).

Uma petição foi lançada.  link

Matar um touro, que não tem a menor chance de sobrevivência, diante de bandidos que dilaceram a sua carne para enfraquecê-lo, bem abrigados nos seus cavalos arreados, não é nada que inveje o destino do ganso.  link

O "glorioso" toureiro só precisa terminar o abate.

Existem alternativas que os gastrónomos do século XXI comprrenderam .

Eles concentram-se na qualidade do produto e no seu preparo, incentivando-nos a consumir produtos sazonais e a praticar uma culinária respeitável.  link

Aqui, enquanto isso, vou sugerir outra maneira de cozinhar fígado de frango.

Para encontrá-lo, você precisará comprá-lo numa quinta. Ele fica “no fundo do frango”, e tem a particularidade de ser bem branco e bem firme.  link

Divida-o em dois e coloque a primeira metade numa caçarola.  link

Sobre a camada da primeira metade dessa gordura, você coloca o fígado e cobre-o com a outra metade da gordura.

Se você for exigente, terá macerado o fígado no dia anterior num pouco de conhaque, ou mesmo Madeira, salgado e apimentado.

Se você for ainda mais exigente, terá colocado um pedaço de trufa no conhaque algumas semanas antes.

Asse em temperatura média: 120°

Quando a gordura começar a derreter, desligue o forno e deixe terminar de cozinhar lentamente no forno que irá desligar lentamente.

Quando o forno estiver frio, coloque a caçarola no frigorífico.

No dia seguinte, ou no dia a seguir, retire o fígado da sua camada de gordura e coma esta maravilha fria.

Mas antes de comer o fígado, você precisa cuidar da ave.

Principalmente porque se trata de aves criadas em aviários, longe da criação industrial.

É necessário apenas um cozimento:

A caçarola.  link

Uma espécie de caçarola dentro de uma caçarola.

Tenha cuidado para não adicionar gordura, pois seria desperdício.

A caçarola (ou melhor ainda que uma galinha, um galo jovem, não é mais caro) colocada na panela de ferro fundido, com um (pequeno) punhado de sal grosso cinza, (claro) e nada mais.

Cozimento a 120°: uma hora e meia no forno (a panela com tampa, claro).

Meia hora antes do final do cozimento, você terá preparado alguns vegetais orgânicos (isso é importante) cortados em tiras juliana.

Cenouras, nabos, cebolas, alho, aipo-rábano, um pouco de pimenta Espelette.

Abra a panela rapidamente, retire o frango enquanto despeja os vegetais cortados no molho no fundo, misture, coloque o frango de volta, tampe e espere a última meia hora. Depois espere 10 minutos antes de servir, fica ainda melhor.

Você verá que todos os seus capões e outros gansos da fazenda poderão ir vestir-se novamente.

E se por acaso você cozinhou camarão no dia anterior e teve a boa ideia de guardar o molho, não hesite em misturar os legumes cozidos com esse molho na hora de servir.

Quanto à sobremesa, longe de ganaches e outros rolinhos de Natal que ficarão no seu estômago, cozinhe algumas maçãs (reinette grise ou canadense) depois de retirar o miolo com o utensílio apropriado.  link

Você terá que colocar um pouco de mel, um pouco de canela ralada, noz-moscada e uma fava de baunilha esmagada no coração oco.

Coloque as maçãs num prato de ferro fundido esmaltado, bem compactadas.

O cozimento está pronto quando “cheira muito bem”.

Basta deixar arrefecer durante três minutos para saborear quentinho.

Veja bem, podemos deixar de lado todas aquelas aves caras e sobremesas enjoativas e ainda assim divertir-nos.

Basta um pouco de imaginação.

Porque como dizia um velho amigo africano:  "matar o galo não impede o sol de nascer".

 

Fonte: https://les7duquebec.net/archives/297468?jetpack_skip_subscription_popup

Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice




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