11 de Fevereiro de 2025
https://mai68.org/spip3/spip.php?article2792
"re-informar" significa informar
novamente, informar além do necessário, assumindo que a primeira informação foi
feita pelas autoridades. Não há razão para pensar que a segunda informação, a
que abrange a primeira, seja de melhor qualidade; especialmente porque a
palavra "reinformação" foi inventada pela extrema direita, devemos
necessariamente ser cautelosos com as suas "informações".
A extrema esquerda está completamente
errada ao adoptar a palavra “reinformação” para seu próprio uso. Pessoalmente,
não faço reinformação, mas sim desintoxicação, também podemos dizer
"contra-propaganda", considerando que o poder está constantemente a fazer
propaganda mentirosa.
A extrema direita é, obviamente, a roda
sobressalente do poder, faz parte dele, como pudemos ver quando Macron
dissolveu a Assembleia no momento em que esperava que, com a Frente Nacional no
seu auge, assumiria a liderança do Estado.
No vídeo abaixo, tentarei combater a
propaganda muito inteligente e de direita de Xavier Moreau.
Re-informação sobre a tentativa de golpe de 6 de fevereiro de 1934
Xavier Moreau – 6 de fevereiro de 2025 –
Trecho de Stratpol 224
Clique neste link para
ver o vídeo
https://mai68.org/spip3/IMG/mp4/Stratpol224_Extrait.mp4
6 de Fevereiro de 1934 foi, apesar do que
Xavier Moreau diz, uma tentativa de golpe fracassada. O contexto histórico, que
Xavier Moreau obviamente ignora, prova isso. Na Itália, houve o golpe de estado
de Mussolini em 1922, e na Alemanha, em 1933, a chegada de Hitler, nomeado ao
poder por Hindenburg (*), seguido imediatamente por um golpe de estado que
permitiu a Hitler tornar-se Führer. A extrema direita queria simplesmente
repetir em Paris a marcha de Mussolini sobre Roma:
https://mai68.org/spip3/spip.php?article526
Xavier Moreau afirma que os historiadores
agora concordam com a sua interpretação; mas ele cita apenas uma referência, o
livro de Olivier Dard (**).
Quanto à Revolução Francesa, é bastante
claro que, ao contrário do que diz Xavier Moreau, ela foi feita "pelo povo
contra as elites". O problema é que com o dia 10 de Termidor e a
decapitação de Robespierre, a burguesia conseguiu tirar vantagem dessa
tentativa revolucionária.
Xavier Moreau compara os tiros disparados
contra os manifestantes de 6 de Fevereiro de 1934 ao massacre dos Coletes
Amarelos por Emmanuel Macron. Embora isso não tenha nada a ver. Os Coletes
Amarelos foram o retorno da luta de classes; enquanto em 6 de Fevereiro de
1934, os manifestantes queriam um golpe que estabelecesse um estado forte
defendendo a colaboração de classes, como aconteceu com Mussolini e Hitler.
E é aqui que vemos o discurso de Xavier
Moreau, ele censura a extrema direita francesa por dizer a verdade, ou seja,
que em 6 de Fevereiro de 1934, houve de facto uma tentativa de golpe de Estado.
Podemos dizer que Xavier Moreau é um negacionista. Vendo a derrota a aproximar-se,
Hitler destruiu o máximo possível de arquivos que atestavam o genocídio dos
judeus para que, mais tarde, o nazismo pudesse ressurgir das cinzas. Da mesma
forma, Xavier Moreau explica à extrema direita que é preciso negar que houve
uma tentativa de golpe de Estado em 6 de Fevereiro para fazer as pessoas
acreditarem que a extrema direita é boazinha.
Quanto ao caso Stavisky, ele foi exagerado
para servir de desculpa para a mobilização da extrema direita. Outra desculpa
teria sido encontrada se necessário.
"O Coronel de la Rocque entendeu que
essas manifestações eram inúteis", conta-nos Xavier Moreau. Nesse caso,
porque é que ele estava lá? Porque é que ele ligou para lá?
Xavier Moreau fala de uma aliança entre a
"esquerda burguesa" e os sans-culottes durante a Revolução Francesa,
e diz que essa aliança continua até hoje. Ele designa os sans-culottes de
dog-punks. Os sans-culottes eram os "trabalhadores dos subúrbios", ou
seja, o proletariado. Para Xavier Moreau, é a escória…
É a ralé, e eu sou um deles:
http://mai68.org/spip2/spip.php?article4649
Mas, na realidade, a "esquerda
burguesa" (a expressão de Xavier Moreau é bem escolhida) não está aliada
aos rebeldes, ela está apenas a tentar conquistá-los. Da mesma forma que vimos
Mélenchon, um pouco tarde - assim que viu que o movimento não terminaria
rapidamente - cortejar os Coletes Amarelos que não queriam nem partidos nem
sindicatos, devemos notar o discurso que Saint-Just fez perante a Assembleia
para convencê-la a votar pela decapitação de Luís XVI: "Se vocês não
decapitarem o rei vocês mesmos, então o povo de Paris matará todos vocês para
que possam matar o próprio rei! »
É totalmente falso dizer que a ultra-esquerda
estava com a polícia contra os Coletes Amarelos. Os Black Blocs foram até
aplaudidos por estes:
http://mai68.org/spip2/spip.php?article3575
http://mai68.org/spip2/spip.php?article3251
http://mai68.org/spip2/spip.php?article2955
Pensei que se o Coronel de la Rocque
tivesse sido reabilitado por De Gaulle, era porque o próprio De Gaulle havia
chegado ao poder por meio de um golpe de estado. Mas, um comentário de Gilles
me diz que, na verdade, a gestão da Croix de Feu foi paga pelos fundos secretos
de Camille Chautemps (que mais tarde se tornou Ministro de Estado da Frente
Popular em 1936). O que faz do PSF (Partido Social Francês) de De la Rocque uma
oposição controlada.
É claro que algumas personalidades de
"esquerda" traíram, mas aqueles que prepararam a derrota de 1940 não
foram a esquerda, mas sim Pétain e a sua camarilha. Quando "eles"
falam connosco sobre a "ineficiência" da Linha Maginot,
"eles" parecem estar totalmente inconscientes de que ela não ia até o
mar. Ela parou logo antes de passar pela fronteira belga. E, que estranho, foi
um certo Pétain que disse que era inútil estendê-la até ao mar. Ele alegou que
os alemães não passariam pela Bélgica para invadir a França, sob o pretexto de
que a Bélgica era um país neutro. Entretanto, os alemães já haviam passado pela
Bélgica em 1914 para invadir a França; algo que Pétain não podia ignorar, já
que havia adquirido a sua reputação durante a guerra de 14-18!
Note também que em 1940, para invadir a
França, os alemães contornaram a Linha Maginot passando pela Bélgica. Se a
Linha Maginot tivesse sido tão ineficaz como muitas vezes nos dizem na TV hoje
em dia, porque é que os alemães não a cruzaram? Simplificando, os alemães
sabiam muito bem que a Linha Maginot era intransitável, pois foi uma subsidiária
francesa de uma empresa alemã que construiu as redes eléctricas desta
fortificação sabotada no seu próprio projecto pelo futuro ditador
colaboracionista, o traidor Pétain que, após o fracasso da tentativa de golpe
de estado fascista de 1934, se vendeu ao inimigo nazi com o objectivo de travar
uma guerra contra a Alemanha, uma guerra que ele queria perder para que Hitler
o instalasse, Pétain, no poder em França para liderar a sua "revolução
nacional", uma contra-revolução, na verdade:
http://mai68.org/spip/spip.php?article3490
Notas:
(*) Macron queria imitar Hindenburg com a
dissolução. Ele dissolveu a Assembleia numa época em que a Frente Nacional
estava no auge eleitoral, esperando ter uma boa desculpa para nomear Le Pen
como primeira-ministra:
https://mai68.org/spip3/spip.php?article736
(**) Olivier Dard segundo a Wikipédia :
“Em 2018, ele participou no lançamento da Fondation du Pont-Neuf, um think tank
conservador que procuraria “convergências entre a direita dura e a extrema
direita”, segundo Marianne. O objectivo da fundação seria "fornecer notas
aos familiares de Marion Maréchal, mas também às equipes de Laurent
Wauquiez", segundo o Le Canard enchaîné. Segundo Dard, relatado pelo Le
Monde, ele não estava "no círculo fundador" desta fundação lançada
por um de seus conhecidos, o maurrassiano Frédéric Rouvillois, com quem dirigiu
um Diccionário do Conservadorismo. O Le Monde apresentou Dard como um companheiro
de viagem desta fundação em Abril de 2018. Além disso, Olivier Dard continua a ser
"um companheiro de viagem bastante próximo" da Action française, onde
ele "regularmente lidera círculos de treino", de acordo com o
sociólogo Emmanuel Casajus"
Sobre Olivier Dard, também podemos
ler Annie Lacroix-Riz .
Trecho: "Políticos como Patrick Weil, historiadores e jornalistas, de
Guillaume Erner a Daniel Schneiderman, descobrem, atónitos, que Olivier Dard,
professor de história contemporânea na Universidade de Paris-Sorbonne, não
"escreveu a palavra 'anti-semitismo'" no aviso que o Ministério da
Cultura lhe pediu para escrever sobre Charles Maurras "no grande livro
oficial de comemorações"."
Encontre este
artigo com um suplemento sobre Olivier Dard por Annie Lacroix-Riz:
https://mai68.org/spip3/spip.php?article2792
Tudo de bom para vós,
do
http://mai68.org/spip3
Fonte: https://les7duquebec.net/archives/297862?jetpack_skip_subscription_popup
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis
Júdice
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