4 de Fevereiro de 2025 René Naba
RENÉ NABA — Este texto é publicado em
parceria com www.madaniya.info..
Por ocasião do décimo aniversário do
massacre da equipa editorial da revista satírica Charlie Hebdo, René Naba
publica online um dossier em duas partes.
Paris - Digamos com toda a simplicidade,
desde já, com toda a tranquilidade, correndo o risco de chocar quem quer que
seja: não gostamos do jornal Charlie
Hebdo.
Mas isso não significa que os árabes e os muçulmanos sejam imunes ao humor. Preferimos a sátira do seu rival, Le Canard Enchaîné, infinitamente mais dúctil intelectualmente e corrosiva politicamente. Mais subtil. Mais cívica e menos demagógica, na medida em que não apela aos instintos mais baixos dos cidadãos, terreno fértil para o populismo.
Como cidadãos livres de um país livre, marchar a passo de ganso para agradar à forma de pensar dominante não é, para nós, um imperativo categórico.
Como cidadãos livres de um país livre, devemos assegurar que a loucura pelo Charlie Hebdo não conduza a uma diminuição das vendas de Le Canard Enchaîné, o que seria um insulto à inteligência e à qualidade. Um bónus para a “beaufitude”(grosseria).
“Je suis Charlie”, este grito de apoio evoluiu, ao longo dos dias, para um acto de convocação, depois para um acto de intimidação, antes de conduzir, finalmente, a um acto de submissão... ao vómito da bien-pensance (pensamento correcto, politicamente correcto – NdT).
Não nos deixamos enganar por esta manobra.
Nada de desfiles, nunca, na comitiva de Benjamin Netanyahu e Avigdor Liberman, a dupla que mata palestinianos em Gaza e noutros locais. Avigdor Liberman, o emulador do Da'ech que quer cortar os “árabes israelitas” (ou seja, os palestinianos que querem pôr em causa a legitimidade de Israel) com um machado.
Nein. Nein. Nunca. Nunca na companhia de Ahmet Davotoglu, primeiro-ministro da Turquia, o país que genocidou os arménios e que agora serve de centro do jihadismo internacional sob a capa do jihadismo.
Nunca, também, na companhia do Rei da Jordânia, aliado clandestino de Jabhat An Nosra nos Montes Golã, em conluio com Israel, nem de Ibrahima Boubacar Keita (IBK, o Maliano), o corrupto que recebe subornos.
Por todas estas razões, mantenhamos a lucidez e não nos desviemos do nosso objectivo principal: a Palestina, o centro da nossa luta.
Viva o humor, viva o Canard Enchaîné. Viva a Palestina.
Cauda
Por que a Palestina? Porque a Palestina faz ranger os dentes das pessoas, e o dever do jornalismo é pôr o dedo na ferida. Lá onde fica preso.
Para ir mais longe
Fonte: https://les7duquebec.net/archives/297471?jetpack_skip_subscription_popup
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis
Júdice
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