5 de Abril de 2022 Robert Bibeau
Por Brigitte Bouzonnie.
Nota: Artigo escrito em 9 de Dezembro de 2021 por Halo Du Chômage para o
site ELUCID + comentários Brigitte Bouzonnie
1º)- Brigitte
Bouzonnie: O candidato Macron foi convidado esta manhã, 4 de Abril de 2022 para
a manhã de France Inter. O ex-banqueiro teve o topete infernal para dizer:
"O
desemprego já não é um tema de campanha diferente de 2017, porque reduzi-o para
8%" (sic). Esta afirmação é uma teia de inverdades.
*Como é que a curva do desemprego diminuiu, com uma quebra do nosso código
de trabalho em 2017? Ruptura que permite que os patrões dispensem funcionários
qualificados em contratos permanentes de um dia para o outro, sem qualquer
controlo administrativo? A lei francesa de despedimento tornou-se a lei de
despedimento menos protectora da União Europeia.
*Como é que a curva do desemprego
diminuiu, com um primeiro confinamento (17 de Março de 2020-10 Maio 2020)
infelizmente gerando 1848 planos sociais. Mais um milhão de desempregados, de
acordo com os dados da AFPA?
Com todo o respeito
pelas suas falsas alegações, Macron nunca reduziu a taxa de desemprego para 8%.
Só transferiu estatísticas sobre o desemprego, os desempregados com um emprego
pequeno, ou seja, as categorias B, C e D. Manteve apenas a categoria A de
desempregados sem emprego. Trata-se de uma operação cosmética pura, à qual o
INSEE, sob a supervisão de Bercy, se emprestou vergonhosamente. Todos os números
do INSEE são manipulados: número de sem-abrigo, nível de inflacção, taxa de
desemprego, número de pobres, custo de renda, etc... Já não é uma referência
fiável para compreender o social 2022.
É por isso que uso os números construídos pelo site ELUCID de Olivier Berruyer, que produz números honestos. Por exemplo, o site ELUCID estima que a taxa de desemprego atual se situe em 23%. E, infelizmente, este número está muito mais nas unhas da realidade do que a taxa falsa de 8% invocada pelo senhor Macron!
2°)- Artigo do sítio Web da ELUCID:
Refere-se a alguém que procurou emprego mas não está disponível para
trabalhar, OU que não procurou emprego, mas que quer e está disponível para
trabalhar, OU que quer trabalhar, mas que não procurou emprego e não está
disponível para trabalhar.
O nível de desemprego francês continua a
ser mais elevado no terceiro trimestre de 2021 do que antes da pandemia
Covid-19, especialmente quando consideramos o desemprego em sentido lato.
Embora o aumento do desemprego durante a pandemia tenha diminuído rapidamente,
o desemprego, em sentido lato, não está a diminuir.
Desemprego em
sentido lato não cai
Em França, existem
várias formas de definir um "desempregado" e, por conseguinte, de
medir o desemprego. O
Centro de (des)emprego distingue assim cinco categorias de desempregados. A categoria mais
utilizada no debate público é a categoria A, que se refere a uma pessoa
desempregada, à procura de qualquer tipo de contrato, e obrigada a procurar activamente
emprego.
No entanto, é a definição da OIT (International Labor Office) que é
utilizada pelo INSEE para calcular a taxa de desemprego, para comparações
internacionais, e que a maioria dos meios de comunicação e políticos utilizam.
A OIT define um desempregado como uma pessoa sem trabalho, não tendo trabalhado
na semana de referência, disponível no prazo de duas semanas para aceitar um
emprego e procurando activamente trabalho no mês anterior.
Segundo o Centro de Emprego, em Setembro de 2021, o número de desempregados
no sentido lato (categoria A a E) diminuiu ligeiramente face ao mês anterior em
França. O número de desempregados na "categoria A" diminuiu 1,5%, ou
seja, menos 55 mil desempregados, enquanto o de todas as categorias de
desempregados diminuiu 2,2%, ou seja, menos 149 mil desempregados. O número de
trabalhadores temporários aumentou muito ligeiramente.
Se considerarmos todas as categorias definidas pelo Centro de Emprego ao
longo dos últimos trinta anos, o número de desempregados em França aumentou
significativamente:
– (FR) O desemprego subiu pela primeira vez na década de 1990, em
particular em resultado da recessão que atingiu a Europa nessa altura. Com
efeito, embora os Estados Unidos tenham sofrido um dinamismo económico
significativo entre 1992 e 2000, o continente europeu viveu um período de
crescimento lento.
– (FR) Em Abril de 1999, o desemprego global afectou 4,6 milhões de pessoas
em França, ou seja, 17,5% da população activa. A categoria A desempregada
representava 12,5 por cento da mão-de-obra (3,3 milhões de pessoas), enquanto a
OIT recenseava 10,3 por cento de desempregados.
– (FR) O desemprego francês começou então a diminuir – atingido pela
explosão da bolha da Internet que aumentou o desemprego entre 2001 e 2004 – até
Abril de 2008. Em França, havia então 3,7 milhões de desempregados (13% da
população activa), incluindo 2,2 milhões de desempregados na categoria A (7,6%
da população activa), o mesmo número da OIT.
Em seguida, a crise do subprime irrompeu e impulsionou o desemprego para
níveis historicamente elevados. Em Dezembro de 2015, o número de desempregados
da categoria A atingiu 3,8 milhões, ou seja, 13% da população, enquanto a OIT
contabilizou 10,5% de desempregados. O número de desempregados em sentido lato
continuou a aumentar, atingindo 6,6 milhões de pessoas em Julho de 2017, ou
seja, 22,5% da população activa.
– A partir de Janeiro de 2016, a categoria A de desemprego diminuiu, atingindo
3.484.000 desempregados em Fevereiro de 2020, ou seja, 11,8% da população activa,
o seu nível mais baixo desde Fevereiro de 2013. O desemprego, segundo a OIT,
chegou mesmo a atingir os 7%, o nível mais baixo em 30 anos, em Abril de 2020.
– Em Março de 2020, a crise Covid-19 provocou um aumento acentuado do
desemprego: o desemprego da "categoria A" subiu para 15,5% da
população activa em Abril de 2020 (14% numa curva suavizada) e para 9,3% em Agosto
de 2020, segundo a OIT. O desemprego alargado também está a subir para 23% em Maio
de 2020.
– Em 2021, enquanto na categoria A o desemprego caiu rapidamente, para 12%
em Setembro de 2021 (3,5 milhões de pessoas), o desemprego em sentido geral já
não diminui e está num patamar de 23%. O desemprego na acepção da OIT também se
mantém num patamar, mas em 8,2%.
Este nível de desemprego - medido pelo Centro de Emprego ou pela OIT - é,
portanto, ainda mais elevado do que o registado nas vésperas da crise de 2008,
que ilustra a dimensão desta crise, das quais as consequências ainda são
amplamente visíveis. O gráfico abaixo dá também uma boa explicação do longo
período de aumento do desemprego (na categoria A) na sequência da crise de
2008.
Existe também um fenómeno
identificável desde 2009: a taxa de desemprego na acepção da OIT está a
divergir cada vez mais do número de pessoas inscritas na categoria A no Centro
de Emprego. Isto deve-se ao facto de um número crescente de pessoas inscritas na
categoria A não corresponder à definição de desemprego da OIT. Assim, em 2017,
44% dos inscritos na categoria A no Centro de Emprego não estavam desempregados
na acepção da OIT, segundo
o INSEE.
Com efeito, a OIT não
considera como desempregados localizados na "auréola do desemprego", enquanto este
último pode ser registado na categoria A no Centro de Emprego. Por exemplo,
podem ser pessoas em formação. Além disso, a OIT não considera como
desempregados "inactivos fora da auréola", que podem ser registados
na categoria A no Centro de Emprego. É o caso de alguns idosos próximos da
reforma, que já não estão activamente à procura de trabalho.
Por conseguinte, não é de estranhar que os nossos dirigentes políticos
prefiram comunicar a taxa de desemprego da OIT, que é muito mais baixa, uma vez
que não conta com uma grande parte dos desempregados que se encontram na
auréola do desemprego ou são considerados "inactivos".
Há 20 anos,
uma série de ofertas de emprego que não aumenta
Olhando para o número de ofertas de emprego recolhidas pelo Centro de
Emprego todos os meses, notamos uma certa estabilidade entre 2000 e 2020. Este
número ronda as 250.000 ofertas mensais, com um pico de 315.000 em Novembro de 2007
e um mínimo de 215.000 em Janeiro de 2015.
A crise Covid-19 fez com que o número de ofertas de emprego baixasse para
um mínimo de sempre de 74.900 em Abril de 2020, durante o primeiro confinamento.
O número de ofertas de emprego aumentou rapidamente: em Setembro de 2021,
situou-se em 305.000, o seu nível mais elevado desde Junho de 2008.
Constatamos, alterando a periodicidade do gráfico, que o segundo confinamento
nacional, iniciado em 30 de Outubro de 2020, foi muito menos violento do que o confinamento
de Março em termos de emprego. O número de ofertas de emprego recolhidas diminuiu
"apenas" em 28.000 em Novembro de 2020, contra uma queda de 210.000
durante o primeiro confinamento em Março de 2020.
Além disso, é interessante contar também as ofertas de emprego divulgadas
pelas organizações parceiras do Centro de Emprego.
Desde 2015, estes números estão disponíveis, e mostram que os parceiros do
Centro de Emprego têm distribuído entre 300.000 e 450.000 ofertas de emprego
por mês desde 2016, mais do que o Centro de Emprego. Em Março de 2021, o fosso
alargou-se: os parceiros do Centro de Emprego publicaram 560.000 ofertas de
emprego, contra 230.000 para o Centro de Emprego.
O
aparecimento de quebras convencionais, a alta de radiações
As entradas mensais no Centro de Emprego aumentaram de 300.000 em Janeiro
de 1996 para 370.000 em Setembro de 2021.
Os gráficos abaixo mostram que os padrões das entradas mensais não variaram
significativamente nos últimos 25 anos. Assim, a percentagem de demissões,
procura de primeiro emprego e fim de contratos temporários manteve-se
relativamente estável entre os motivos de adesão ao Centro de Emprego.
No entanto, podemos identificar alguns fenómenos significativos (sem ter em
conta o súbito aumento da razão do "Retorno da actividade" em 2016,
devido a uma remodelação das razões para a entrada no Centro de Emprego):
– O sistema convencional de rescisão – implementado em Agosto de 2008 – tem
vindo a ter um lugar cada vez mais colocado entre as razões da entrada no Centro
de Emprego. Desde 2018, o número de pessoas que entram em emprego na sequência
de uma pausa convencional estabilizou em cerca de 35.000 por mês, ou 9% do
total de entradas.
– Este procedimento levou mecanicamente a uma queda nas admissões ao Centro
de Emprego devido ao despedimento a partir de 2008. Assim, tendo em conta todos
os tipos de despedimentos, representaram 70.000 admissões mensais ao Centro de
Emprego no final de 2008, contra 43.000 em Setembro de 2021.
– A crise Covid-19 provocou um aumento das admissões ao Centro de Emprego
devido ao fim de um contrato – principalmente contratos a prazo não renovados –
com um pico de 132.000 admissões por esse motivo em Abril de 2020.
– O trabalho temporário foi também uma variável de ajustamento para as
empresas durante a crise Covid-19, uma vez que o afluxo de pessoas no final do
emprego temporário ocorreu em Abril de 2020, no auge da crise sanitária (52.000
admissões), antes de cair rapidamente e fixar-se em 26.000 em Setembro de 2021,
abaixo do nível pré-pandemia.
À semelhança do número de entradas mensais, o número de saídas mensais do
Centro de Emprego também aumentou desde 1996, de 340 mil para 525 mil em Setembro
de 2021. A crise sanitária de 2020 não parece ter tido consequências
importantes na estrutura das razões para deixar o Centro de Emprego.
Algumas tendências emergem da análise gráfica:
– Aumento da quota de descontos no número de saídas: representaram 90.000
pessoas em 1996, ou 27% das saídas, contra 210.000 em Setembro de 2021, ou 40%
das saídas.
– Um ligeiro aumento de saídas para estágios ou formação, que representou
34.000 saídas (10% de saídas) em 1996, contra 70.000 em Setembro de 2021, ou
13% das saídas.
– Um aumento e, em seguida, uma estabilização de cancelamentos
administrativos. Entre 2006 e 2019, os cancelamentos administrativos do Centro
de Emprego estabilizaram ligeiramente abaixo dos 50.000 por mês. Podemos também
observar que, após a crise covid-19, a taxa mensal de radiação abrandou e
situa-se nos 39.000 em Setembro de 2021.
Se, após um aumento acentuado durante a crise covid-19, o desemprego da
categoria A diminuiu significativamente em França, não é o caso do desemprego
em sentido lato, que se mantém num patamar de 23% da população activa desde Maio
de 2020.
A crise de 2008 também continua a ter consequências em 2021, uma vez que o nível
de emprego que prevaleceu antes ainda não foi restaurado. Neste caso, a crise
do subprime foi mais devastadora em termos de emprego do que a crise sanitária
de 2020.
Fonte: Le taux de chômage en France est plus près de 23% que de 8%! – les 7 du quebec
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis
Júdice
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