sexta-feira, 22 de abril de 2022

O debate com pouca ambição, manipulado, entre Le Pen/Macron!

 


 22 de Abril de 2022  Robert Bibeau 


Por Brigitte Bouzonnie.

 

Achei muito chato o debate Le Pen/Macron. Pior ainda. A questão da pobreza dos franceses, da sua falta de dinheiro, foi expedida a alta velocidade, semelhante às três massas básicas de Alphonse Daudet. É certo que Marine Le Pen (MLP) propôs reduzir a taxa do IVA. Macron para bloquear os preços num “escudo”, aliás uma velha ideia do Partido de Esquerda quando foi criado em 2009. Mas Política com P maiúsculo, nunca foi questão.

Pareciam dois técnicos de batas brancas, nascidos de manhã, a olhar para o poder de compra dos franceses sob um microscópio. O auto-proclamado técnico Macron teve mesmo a coragem infernal de dizer a MLP que a sua ideia de um escudo social era melhor do que a sua proposta de baixar o IVA.

Portanto, se esta ideia foi tão boa: porque é que ele não a pôs em marcha há seis meses; desde que a taxa de inflacção disparou: não em 7% como o INSEE acredita falsamente, mas em 12% como a inflacção de países vizinhos como a Alemanha.

Com efeito, o valor da inflacção do INSEE é notoriamente manipulado, subestimado. Não sou eu quem o diz, mas o economista Philippe Aydalot critica. Com base numa longa série do INSEE, este último escreveu um livro sobre a inflacção do custo das rendas vistas pelo INSEE e de acordo com a realidade real. Concluiu que o INSEE estava a reduzir seriamente a taxa de inflacção. Quase metade. Isto explica porque é que a França tem uma taxa de inflacção de metade do da Alemanha!

Mas não é só a taxa de inflacção do INSEE que é problemática neste debate. Em momento algum Macron se atreveu a falar sobre o passado (2017-2022). Em particular, o seu triste registo social indefensável: +3 milhões de pobres entre 2017 e 2022, um total de 15 milhões de pessoas que vivem abaixo do limiar da pobreza. Uma taxa de desemprego de 23%, de acordo com um inquérito do site ELUCID liderado por Olivier Berruyer. Os contratos subsidiados liquidados, reduzidos a zero, enquanto que em 2000 existiam 2.650 milhões no âmbito de Jospin. Os salários nunca aumentaram de forma generalizada ao abrigo do mandato de cinco anos de Macron. O ponto de referência dos funcionários públicos congelados desde 2010: nunca visto na memória de um burocrata!

Como as ardósias mágicas da nossa infância, todo o nosso passado doloroso com Macron durante cinco anos, rabiscado na ardósia, tinha sido "limpo" com um golpe seco de braço.

Como lamentei o debate Mitterrand/Giscard de 1981, onde VGE tratou o primeiro secretário do partido socialista como um “homem do passado” (sic). E Mitt-Mitt a  responder-lhe imediatamente: “E você, um homem do passivo” (sic). 

Como eu gostaria que Marine Le Pen tratasse o Sr. Macron como um homem do passivo, cuja má conduta para com o povo francês está bem estabelecida! Como eu gostaria que  MLP o atacasse em seu triste balanço social, nos seus milhões de desempregados adicionais. A França caiu do sexto para o trigésimo lugar. Que MLP falasse sobre os bancos alimentares, que nunca receberam tanta gente como no mandato de Macron de cinco anos.

Como encontrei MLP, insuficientemente ofensiva em relação a Macron! A impressão que tenho é que se trata de um debate manipulado, com o "Senhor Macron" (sic) em todos os cantos da frase. "Sr. Macron" que não tinha razão para ser, tendo em conta o inestimável, perverso, corrupto, mentiroso, que serviu de debate. Durante o debate de 1981, podemos imaginar Mitterrand chamando Giscard de "Monsieur Giscard D'Estaing"?! E este é todo o tom do debate de que resulta; um tom de mel, sem ambição, que visa perservar a integridade do adversário, sem violência, enquanto nunca a luta de classes entre o bloco popular e o bloco de elite foi tão amarga!

A pior parte é que ao ler o feed de notícias do Facebook e tweeting, ninguém se agacha. Toda a gente acha este "debate normal": conquanto foi manipulado do princípio ao fim como um combate de boxe onde compraste um pugilista para perder.

Certamente, os Facebookers e os tweeters criticam, com razão, a arrogância de Macron, que realmente pensava ser o rei do palco. Mas temos de ir ao fim desta crítica da forma. Se de fato o pó era tão arrogante, então ele tem mil panelas a ferver por trás dele:


·        caso Benalla,

·        empresas de consultoria,

·        compensação Rothschild.

·        Obrigação de vacinação com vacinas assassinas.

·        Caso McKinsey: o Estado confiscado por uma empresa privada.

·        Remoção do ISF após uma "reunião secreta" com os chefes do CAC40 no Élysée.

·        Grandes ajudas às empresas (120 mil milhões de euros) sem criação de emprego + isenção das contribuições patronais para a segurança social, não das famílias, sombra.

·        Impostos mais baixos para multinacionais.

·        Recusa de tornar público o relatório elaborado por dois órgãos de fiscalização sobre o escândalo do Orpea:

·        maus-tratos na EPHAD, com particular má qualidade, fraldas insuficientes…..:

·        tem todo o apoio do estado profundo.

E que ele saiba que Marine é inofensiva com as suas pequenas críticas, não à altura do sofrimento social inextinguível em que estamos a lutar hoje, e desde 2017!

Como escreveu Stanislas Rodanski: “Vi as ondas mais escuras brilharem em cidades enlutadas, campos alarmados. Vi os destroços do crepúsculo passarem, um rio com cauda de cavalo galopando livremente pelo deserto metálico de ruas brancas. Vi o azul de olhos duros de pedra semear terror na multidão que permanecia nas avenidas.

Vi o país cheio de névoas, onde soldados se perderam, onde exilados assombravam prisões muradas de ruínas. Eu vi a sombra de homens a cortar paredes de lágrimas no nevoeiro sem eco das suas vidas. (sic) (cf "Je suis parfois ce homme", edição Gallimard, 2010).

Felizmente, a luta continua, mas fora dos profissionais da política. Como acertamos em criar em junho de 2019 o agrupamento “Poder ao Povo” com um programa de 35 pontos. Uma constituinte escrita nas rotundas pelos Coletes Amarelos, onde todas as mulheres e homens do nosso país terão voz. Uma vida decente e feliz e um futuro sobre o qual ele ou ela terá total controle: exactamente o oposto da não-vida actual!

Como dizíamos nos anos 70:

TEMOS RAZÃO EM NOS REVOLTARMOS!

 

Fonte: Le débat petit bras, truqué Le Pen/Macron! – les 7 du quebec

Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice




 

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