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Tenho vindo a
defender que é reaccionária a guerra que se desenrola na Ucrânia.
Desde logo porque não reflecte os interesses da classe operária a nível mundial, em geral, e da Ucrânia e da Rússia, em particular.
Depois, porque se trata de uma “guerra por procuração”. Isto é, há muito que a superpotência americana em decadência se confronta com o bloco imperialista asiático, em particular com a superpotência em ascensão e desafiante, a China.
Os imperialistas americanos reconhecem que para fragilizar o seu verdadeiro competidor – a China – têm, primeiro, de fragilizar uma potência menor, a Rússia. A aliança entre os países que integram este bloco imperialista asiático – China, Rússia e Irão – tornou-se uma arma letal apontada ao coração imperialista americano.
Os países que compõem a Aliança de Xangai, complementam-se nas suas competências:
1.
A
China, como maior polo de produção mundial, para além de uma grande expertise
em termos logísticos e tecnológicos
2.
a
Rússia com um manancial energético – gás e petróleo – dominante (asseguram
cerca de 40% das necessidades dos países da UE), para além de ser um dos maiores
exportadores de cereais, sementes e adubos, a nível mundial
3.
o
Irão, para além das suas reservas petrolíferas estratégicas, situa-se,
geograficamente, num eixo absolutamente vital para o sucesso das “Novas Rotas
da Seda”, propostas pela China.
Se juntarmos a este painel a Índia, país que alinha cada vez mais com os interesses da China e, por via desta,com os interesses russos, temos dois terços da população mundial representada nesta Aliança.
Voltemos à guerra na Ucrânia. Claro que é a uma invasão da Ucrania pelas tropas da Federação Russa aquilo a que o mundo assiste. Claro que o que se desenrola na Ucrânia é, em termos imediatos, uma guerra entre a Rússia imperial e a Ucrânia. Mas, as ilusões matam!
Desde logo, a ilusão quanto ao papel de Zelensky e do seu bando neo-nazi. O que a propaganda ucrano-nazi, britânica, europeia e americana está a tentar escamotear é que o alegado presidente ucraniano e seus pares, se estão a prestar a serem os capachos do imperialismo americano para atacar, via Rússia, a China! Esta ilusão, no imediato, está a provocar:
1.
Uma
perda irreparável de vidas – ucranianas e russas;
2.
O
potencial desmantelamento da Ucrânia e uma irreparável divisão entre os povos
que a compõem;
3.
a destruição massiva de infraestruturas civis
e militares naquele país;
4.
O
agravamento da situação económica, já precária e sistémica, dos regimes
capitalistas, quer na Ucrânia, quer na Rússia, quer noutros países (sobretudo
os que integram a chamada União Europeia, mas não só).
Brevemente, porém, todas estas condições se agravarão. Sobretudo quando o ricochete produzido pelas ondas de choque das sanções aplicadas pelos EUA e seus aliados, se voltarem contra os seus autores. Lamentavelmente, não serão os capitalistas e imperialistas que pagarão essa “surpresa”, mas sim os operários e trabalhadores dos países que dirigem.
Apelo a todos aqueles que não aceitarem que se lhes deite areia para os olhos para não poderem vislumbrar o que se passa na realidade, que analisem o mapa que encima este artigo. Uma breve observação dá-vos uma imediata percepção do que é que está na origem de toda esta convulsão militar. Se a estratégia do imperialismo americano vingasse, a Russia ficaria exposta ao arsenal táctico e estratégico da NATO (aliança militar que, como é do conhecimento geral, é dominada pelos EUA).
Ora, um pouco de história revela-nos que a Federação Russa, desde há muito que se apercebeu disto e por mais de uma vez formalizou a sua posição de não-aceitação de mais adesões de países fronteiriços com a Rússia (quer tenham pertencido, ou não, à ex-União Soviética) a essa aliança militar agressiva - a NATO -que tem vindo a actuar não só na Europa, como fora dela.
Disse-o vezes sem conta, estabeleceu acordos – Mink I e Minsk 2, Munique, formato Normandia, etc. O imperialismo americano, cioso de enfraquecer o poderio económico e militar emergente da Aliança de Xangai, ameaçado cada vez mais com o facto de a China se ter tornado a potência imperialista emergente e desafiante, calculou mal o tiro.
Pensando que Putin e o regime russo faziam bluff e apenas produziam ameaças vãs, avançou com os seus peões de brega – os neo-nazis ucranianos – e ensaiou a agressão, via guerra por procuração, fazendo anunciar, com pompa e circunstância, que estaria para muito breve a adesão da Ucrânia à NATO e à UE. A história encarregou-se de provar que, afinal, quem pratica o bluff e a ameaça é o imperialismo americano.
Se os operários e restantes escravos assalariados, desde logo ucranianos e russos, aos quais se devem juntar os de todas as nações do mundo não se unirem num espírito internacionalista e comunista, existem sérios riscos de uma guerra que agora é classificada como local, escalar para um conflito regional (que envolverá praticamente toda a Europa) e, seguidamente, um conflito mundial nuclear, devastador.
O objectivo é, pois, transformar esta guerra imperialista em guerras civis revolucionárias. Não existe outro caminho. Os operários e os restantes escravos assalariados vão sofrer? Claro que sim! Mas muito menos do que se permitirem a perpetuação do imperialismo, esse sim, o verdadeiro fautor da guerra.
A Guerra Civil Revolucionária será será a única saída para assegurar o fim daqueles que sobrevivem à custa da exploração, da ganância, da hipocrisia, da dominação, da humilhação. Visto que se trata de uma guerra destinada a acabar com todas as guerras, já que visa a destruir o modo de produção capitalista e imperialista, os verdadeiros e únicos promotores da guerra. Uma guerra que permitirá, finalmente, que seja alcançada a PAZ, o progresso, a dignidade e o fim da sociedade que permite a exploração do homem pelo homem.
Luis Júdice,
27/0472022
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