sexta-feira, 15 de abril de 2022

Contra qualquer guerra reaccionária qualquer que seja o pretexto

 


 15 de Abril de 2022  Robert Bibeau  

Pela Esquerda Radical do Afeganistão (LRA)

A Esquerda Radical do Afeganistão (LRA) denuncia a invasão russa da Ucrânia ao mesmo tempo que condenamos a presença militar e a política expansionista dos Estados Unidos e da NATO na Ucrânia e na Europa Oriental.

A classe operária e as organizações marxistas revolucionárias e os partidos em todo o mundo não devem apoiar nenhuma das partes em conflito na Ucrânia sob qualquer pretexto. Isto porque a vítima da guerra é a classe operária – não os governos que travam a guerra para atingir os seus objectivos de saque.

Embora os meios de comunicação imperialistas publiquem notícias falsas sobre a guerra na Ucrânia, as pessoas em todo o mundo conhecem a natureza sangrenta dos capitalistas que, para obter lucro, travam guerras e derramam o sangue de pessoas inocentes em todo o mundo.

Assistimos às guerras dos EUA e da NATO no Afeganistão, Iraque, Síria, Líbia e Iémen e como, em nome da chamada democracia e dos direitos humanos, atacaram e mataram milhões de pessoas, ao mesmo tempo que destruíram todas as infraestruturas desses países.

Em 2001, os EUA e a NATO atacaram o Afeganistão e derrubaram o regime talibã porque os talibãs não obedeciam às suas ordens. Os EUA e a NATO, durante 20 anos de guerra, usaram todas as suas armas modernas de destruição maciça no Afeganistão e até detonaram a "mãe de todas as bombas" na província de Nangarhar, em Abril de 2017.

Após 20 anos de guerra, os EUA e a NATO não forneceram segurança nem restabeleceram a "democracia" e os "direitos humanos" no Afeganistão. Em vez disso, cerca de 20 grupos terroristas surgiram entre 2009 e 2019 e a situação de segurança continuou a deteriorar-se. Após a derrota dos EUA e da NATO, concordaram em Doha, em Fevereiro de 2020, em retirar as suas tropas do Afeganistão e entregar novamente o poder ao mesmo grupo que descreveram como terrorista e anti-feminista.

Hoje, as pessoas, os trabalhadores, as mulheres e as forças seculares no Afeganistão enfrentam uma tragédia humana sob o regime talibã. Sofrem de fome, pobreza, restrições severas e tirania. Os pobres, para sustentar as suas famílias, vendem os seus filhos e aparelhos domésticos. Em algumas cidades, muitas pessoas vendem os seus dois rins, acabando com as suas vidas.

Desde o primeiro dia em que os talibãs tomaram o poder, em 15 de Agosto de 2021, expulsaram todas as mulheres dos escritórios governamentais e impediram as raparigas de irem à escola. Impuseram restricções à aparência das mulheres quando estão fora de casa. Os talibãs reprimiram ferozmente os protestos e manifestações das mulheres em Cabul e noutras cidades e detiveram, torturaram e mataram dezenas de mulheres activistas. As forças seculares e socialistas não tiveram escolha a não ser esconder e suportar a fome e a falta de acesso às necessidades básicas.

Sob a sombra da guerra na Ucrânia, não é dada atenção à catástrofe no Afeganistão, onde os talibãs violam abertamente os direitos das mulheres e dos civis – e milhões de crianças abandonadas estão esfomeadas.

Os EUA e a NATO deixaram o seu poder aos talibãs para garantir que os seus interesses estratégicos na região fossem preservados. De acordo com o acordo de Doha entre os talibãs e os Estados Unidos, os talibãs prometeram assegurar interesses estratégicos dos EUA e promover a agenda e objectivos dos EUA na região - incluindo a Ásia Central, o Irão e a China.

Entretanto, milhares de pessoas abandonam o país todos os dias devido às acções brutais dos talibãs, à pobreza e à falta de oportunidades de trabalho. Os Estados Unidos e a NATO apenas ajudaram e concederam asilo àqueles que os serviram e implementaram os seus projectos e programas no Afeganistão. Além disso, os Estados Unidos, a Alemanha, a França e o Reino Unido aceitaram os pilotos de comandos afegãos e outros trabalhadores altamente qualificados de que precisavam. Em 01 de Março de 2022, o embaixador Philip Kosnett propôs formar "uma iniciativa comparável dos EUA – uma legião afegã dentro das forças armadas norte-americanas" para ser usada em qualquer guerra – incluindo na Ucrânia.

A guerra na Ucrânia mostrou mais uma vez o duplo padrão dos Estados Unidos e dos seus aliados no que respeita à questão dos refugiados e dos imigrantes. Os meios de comunicação social apoiados pelos EUA e pela NATO mostraram e relataram como os governos ocidentais se têm comportado em relação aos refugiados ou imigrantes provenientes do Afeganistão, da Síria, do Iraque e dos países africanos, por um lado, e agora como tratam os refugiados da Ucrânia. Os refugiados que fogem de países onde os EUA e os seus aliados travaram a guerra enfrentaram fronteiras fechadas e comportamentos policiais brutais, mas agora os refugiados que migram em resultado da guerra da Rússia na Ucrânia são acolhidos por fronteiras abertas.

A natureza racista dos regimes capitalistas que procuram lucrar com qualquer crise é clara. Através deste duplo padrão e conduta hipócrita, procuram separar e dividir a classe operária ou pessoas de diferentes origens nacionais e étnicas. Não podemos permitir isso. Nós, como vítimas da guerra EUA-NATO no Afeganistão, podemos sentir plenamente a dor e o sofrimento infligidos ao povo ucraniano durante a guerra.

Abaixo o imperialismo sob todas as suas máscaras!
Não travremos a sua guerra reacionária!

Fonte: Contre toute guerre réactionnaire quel qu’en soit le prétexte – les 7 du quebec

Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice




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