6 de Novembro
de 2023 Robert Bibeau
Por Dominique Delawarde
Três pontos para alimentar a sua reflexão.
1 – Boletim de situação número 158 de
Xavier Moreau sobre o impasse NATO-Rússia na Ucrânia.
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Insiste, e bem, nos aspectos económicos
que serão decisivos para o futuro.
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https://odysee.com/@STRATPOL:d/158comp:b?r=DGNNVxBtZpj7c7qvdbu9Co8waW6R4CNz
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Para mim, que acompanho de perto a evolução do crescimento económico ou da recessão nos países em conflito, observo que o crescimento russo em 2023 deverá atingir +3%, ou seja, 4 vezes a taxa de crescimento prevista pelo FMI em Janeiro de 2023. Constato também que a recessão na Alemanha, o motor económico da UE, deverá situar-se entre -0,5% e -1%, enquanto o FMI previu um crescimento muito ligeiro em Janeiro passado. Claramente, o diferencial de crescimento entre a Rússia e a OTAN está agora muito a favor da Rússia e está a aumentar a cada dia. ISSO É UM FACTO!
Quanto à economia israelita, que também foi afectada pela guerra, ela está pior do que nunca. https://www.rt.com/business/585279-fitch-israel-rating-negative/
2 – A África, mas também a América Latina,
parecem estar muito mais envolvidas do que o "Ocidente global" nos
acontecimentos no Médio Oriente. Dois exemplos entre muitos outros:
A Bolívia chegou ao ponto de romper
relações diplomáticas com Israel: https://tass.com/world/1699903
A Colômbia teve palavras duras para
Israel: https://www.rt.com/news/585782-colombian-president-us-hamas-aggression/
Por seu lado, a governação russa não tem exactamente a mesma abordagem que a governação da NATO: https://www.rt.com/news/586427-israel-no-right-self-defense/
Claramente,
a percepção dos acontecimentos não é a mesma em todo o planeta. O analista
geopolítico deve observar o mundo como um todo e não se ater à posição
defendida apenas pela grande media e pelos governos do seu campo... alguns dos
quais poderiam ser isolados ou mesmo rejeitados pelo resto do mundo.
3 – Numa recente entrevista que lança
muita luz sobre o ataque palestiniano de 7 de Outubro, Max Blumenthal,
destacado jornalista da comunidade judaica, que ficou famoso pelo seu discurso
sobre o papel dos EUA e da NATO na Ucrânia, discurso proferido aos membros
do Conselho de Segurança da ONU em Julho de 2023, faz várias revelações que
surpreenderão mais do que um leitor, mas que reforça a minha análise pessoal
dos acontecimentos.
https://www.youtube.com/watch?v=ESqmADgbEJI
Pela
minha parte, não sou de todo a favor do Hamas, que é, no início, uma
criação de Israel destinada a dividir os palestinianos para melhor os controlar
(Hamas contra a Fatah). Dito isto, a opinião pública ocidental só
reage às narrativas que lhes são servidas 24 horas por dia pelos principais
meios de comunicação ocidentais controlados por um bando de bilionários
pró-Israel e uma grande parte dos quais são tendenciosos ou falsos, o que foi
verdade para a crise da Covid, o que é verdade hoje para a Ucrânia, bem como
para o Médio Oriente. Por exemplo, a história dos bebés decapitados na
Palestina pelas más facções armadas palestinianas em revolta é hoje reconhecida
como uma fábula, uma fake news, como a famosa história dos bebés retirados das
incubadoras do Kuwait pelos maus soldados de Saddam Hussein, como foi a
história dos maus alemães que mataram bebés com baionetas durante a Primeira Guerra
Mundial. Histórias de bebés criam emoção e as mesmas mentiras repetem-se ao
longo da história para emocionar as multidões.
Os reféns israelitas do Hamas libertados admitem que foram bem tratados pelos seus captores. Eles fizeram declarações quando voltaram para casa.
As narrativas israelitas, retomadas sem verificação pelos meios de comunicação e políticos ocidentais, falam-nos dos “massacres”, em grande número, de mulheres e crianças desarmadas no ataque aos kibutzim vizinhos de Gaza. Esta é uma má compreensão da organização da sociedade israelita. O serviço militar é prestado por homens (3 anos) e por mulheres (2 anos). Os israelitas são um povo em armas, mais treinado que outros. Eles têm armas “em casa” (como os suíços) e particularmente nos kibutzim mais expostos perto de Gaza. Eles também as usam regularmente para fazer tiro ao alvo contra os palestinianos.
Claramente,
os israelitas que morreram no ataque de 7 de Outubro eram muito provavelmente
aqueles, homens ou mulheres, presumivelmente civis, mas
armados, que se defenderam com armas nas mãos. Os outros foram feitos
reféns e levados para Gaza. Os reféns que ainda não foram mortos pelos
bombardeamentos israelitas continuam vivos. Gostaria de acreditar que houve alguns
danos colaterais na troca de tiros com balas perdidas e que algumas mulheres
não combatentes e algumas crianças foram mortas. Que houve alguns erros, estou
disposto a acreditar também. Mas a ideia de um assassínio em massa premeditado
pelos palestinianos, não acredito nem por um segundo, nem acredito nos números
apresentados por qualquer um dos lados do conflito. Para mim, é apenas
uma narrativa da media israelita que se tornou ocidental e, portanto,
"viral" na nossa media.
A verdade mediática, que se torna A VERDADE pela força de matraquear, não é necessariamente a verdade real.
Então, quem massacrou e quem está realmente a massacrar civis hoje?
Quanto aos números de mortes apresentados por ambos os lados, eles não são confiáveis quando são dados por uma parte envolvida nos combates. Houve realmente 1.400 israelitas mortos? É um registo fornecido pelas autoridades israelitas que vale o que vale. Não vou meter a mão no fogo. Foi inflacionado para justificar a dimensão da repressão? É possível e pode até ser provável. O que Max Blumenthal nos diz na entrevista acima é esclarecedor.
Durante as minhas duas visitas à UNIFIL, a Força Interina das Nações Unidas no Líbano (quase dois anos no total), observei repetidamente os balanços inflaccionados dos israelitas quando foram atacados pela resistência libanesa. (número de foguetes disparados pelo Hezbollah, danos causados em território israelita) para se fazer passar por vítimas e justificar uma resposta em larga escala. A relação de "erro" nos balanços, transmitida pela imprensa mundial, pode variar de 1 a 5 e, às vezes, até de 1 a 10.
O
número de mortos e feridos do lado palestiniano seria igualmente questionável
se viesse das autoridades palestinianas. O problema é que estes números são apresentados
pela ONU, por representantes que estão no terreno e que não são palestinianos.
É evidente que o número de vítimas palestinianas avançados pelas Nações Unidas é provavelmente menos tendencioso do que as perdas israelitas dadas pelas autoridades israelitas.
Acrescento que, tal como o lançamento da operação russa na Ucrânia ocorreu num contexto de provocações que remonta, segundo alguns, a 2014, segundo outros, incluindo eu, a 1990 e ao início do avanço ininterrupto para leste de bases e misseis da NATO, também a eclosão da revolta das facções armadas palestinianas a 7 de Outubro faz parte de uma história contemporânea que remonta à criação do Estado de Israel e o destino dos palestinianos, submetidos durante 75 anos à opressão, confinamento e vexames impostos pela hegemonia local. De acordo com o site de estatísticas Statista, o número de vítimas em ambos os lados nos últimos 15 anos é o seguinte:
https://fr.statista.com/statistiques/1328063/nombre-victmes-palestiniens-israeliens-israel/
Na sua luta interminável contra a opressão que lhes é imposta, os palestinianos terão tido, antes da operação de 7 de Outubro, 797 mortos pelas forças armadas israelitas e colonos armados apoiados pelos governos ocidentais em menos de 4 anos. Este último teria tido apenas 64 vítimas. Essa é uma proporção de 1 para 12. Então QUEM está a abusar da sua força e apoio ocidental para matar aqueles que se opõem à colonização sem medida há 75 anos? QUEM viola as resoluções da ONU e o direito internacional sob a protecção dos vetos dos EUA, Reino Unido e França?
No entanto, é verdade que as 420 crianças palestinianas, segundo a UNICEF, mortas todos os dias por ataques aéreos israelitas constituem um crime de guerra à luz do direito internacional. São dois Oradour sur Glane, a cada três dias. Isso é legítima defesa? Tudo isto é intolerável para mim.
Mas cabe a cada um formar sua própria opinião, é claro.
Fonte: L’économie de guerre
militariste (Dominique Delawarde) – les 7 du quebec
Este artigo
foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice
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