27 de Novembro de 2023 Oeil de faucon
Para
seu conhecimento no Canadá, aqui estão os estudos económicos de Marcel
Roelandts que podem ser encontrados no site da esquerda comunista
"Controvérsias". Seguido de um texto de Alain Bihr.Ver também a obra
de François Chesnais.
Última actualização: Março de 2020
Marcel Roelandts nasceu em 1957. Lecciona em duas universidades (ULB e Paris-Diderot) e em várias Hautes Ecoles (HEFF, HELB, ISURU). O seu empenho político e profissional permitiu-lhe aprofundar questões relacionadas com o tema deste site e, mais particularmente, sobre:
1) As forças, as contradições e os limites da economia capitalista, com especial ênfase na análise das teorias da crise.
2) O estudo da dinâmica do capitalismo como modo de produção histórico
3) A força motriz e a evolução das sociedades desde as comunidades primitivas até aos nossos dias.
Bibliografia seleccionada relacionada com
o tema deste site
LIVROS: Dinâmicas,
Contradições e Crises do Capitalismo – Ed. Contradições 2010. Excertos
em Acesso Aberto: Introdução; Ch.V: O parêntese dos gloriosos anos trinta;
Conclusões.
ARTIGOS:
2020: 250 Anos de Capitalismo
– §1 a §3: primeira parte de uma contribuição que está a ser preparada e que constitui a espinha dorsal de um novo livro em
preparação, que tenta apresentar as linhas de força e dinâmica do capitalismo
desde a revolução industrial na Grã-Bretanha. Retomando uma preocupação de Marx
que ele não foi capaz de realizar, apoiamo-nos numa ilustração gráfica durante
um longo período de tempo dos indicadores que ele utilizou ou elaborou: taxa de
mais-valia, lucro, salário
real, tempo de trabalho, desemprego, etc.
04/2016: A crise que se
aproxima desenvolve a nossa mais completa
compreensão da teoria marxista das crises e sua análise.
08/2010: A Obsolescência do
Capitalismo Capítulo IV do nosso livro Dinâmicas, Contradições e
Crises do Capitalismo – Contradições
Ed., 2010.
07/2009: O referencial metodológico
da teoria da crise de Marx e sua validação empírica relembram alguns dos eixos metodológicos
essenciais tomados por Marx para analisar as forças e os limites do
capitalismo. Dois deles são importantes na articulação da sua teoria das
crises. Trata-se da extracção do excedente de mão de obra e da venda do produto
total. Por fim, clamamos pela superação das falsas oposições que florescem
nesse campo e pelo retorno à riqueza conceitual de Marx.
11/2008: Dinâmicas e Contradições do
Capitalismo apresenta de forma sucinta, e tão
clara quanto possível, as principais forças, contradições e limites do
capitalismo. A nossa compreensão da teoria marxista das crises, no entanto, é
melhor articulada no nosso artigo The Coming Crisis.
03/2008: Impulsionadores,
contradições e limites do crescimento na Ásia Oriental. Com a notável excepção da notável obra de Mylène
Gaulard, a compreensão do fenómeno
dos países ditos "emergentes" actua como um parente pobre no campo da
análise marxista. Este artigo procura oferecer um quadro teórico de análise
para compreender o enorme crescimento económico nesta região do mundo, bem como
as suas limitações. Está actualmente a ser actualizado e revisto porque está
datado e a nossa análise mudou significativamente em certos pontos essenciais.
Mylene.gaulard@univ-grenoble-alpes.fr.
O capitalismo à
lupa
por Alain
Bihr
Em que condições pode o
capitalismo sair da sua crise atual? Se não, quais são as possibilidades de a
ultrapassar? Poucos economistas continuam a colocar estas questões decisivas.
Com demasiada frequência, concentram-se no crash de 2007-2008, sem o lerem como
a última reviravolta de um processo caótico que começou com a crise estrutural
dos anos 1970.
Marcel Roelandts (1) tem uma visão oposta. Voltando ao texto marxista, recorda-nos que a contradição fundamental da produção capitalista, que a faz entrar periodicamente em crise, se exprime não só pela famosa tendência para a baixa da taxa de lucro, mas também e simultaneamente por um estrangulamento dos mercados, devido a uma procura insuficiente. Demasiada conversão da riqueza social em capital e insuficiente em rendimento. Roelandts integra assim, numa perspectiva marxista, a análise dos " gloriosos anos trinta" (1945-1975) proposta pelo grupo Socialismo ou Barbárie e por Paul Mattick, e retomada pela escola da regulação: a partilha dos ganhos de produtividade, no quadro da regulação keynesiana praticada pelos Estados nacionais, garantiu o crescimento paralelo dos lucros e dos salários reais, o fluxo da produção em massa através do consumo em massa.
Mas, no final dos anos 70, o financiamento simultâneo do crescimento dos lucros e dos salários já não estava garantido, em parte devido a um abrandamento dos ganhos de produtividade. Por conseguinte, o capital teve de alterar a distribuição do valor acrescentado a seu favor, em detrimento dos salários (directos e indirectos). É este o sentido das medidas de austeridade que foram introduzidas através da desindexação dos salários em relação à produtividade, do desmantelamento da protecção social e do agravamento da concorrência entre trabalhadores a nível nacional e internacional. A liberalização e a desregulamentação desequilibraram a relação de forças a favor do capital, com o aumento do desemprego.
No entanto, o capital depara-se agora com um obstáculo que ele próprio criou: a contracção cada vez mais drástica da procura de salários. Apoiando-se, nomeadamente, nos trabalhos de Michel Husson (2), Roelandts afirma que, nos últimos trinta anos, a crise de valorização (da rentabilidade do capital) foi substituída por uma crise de realização, ligada a uma insuficiência da procura final, apesar do endividamento das famílias assalariadas. Isto permite que o capital-dinheiro potencial, que não pode ser investido na economia real, engrosse as fileiras do capital financeiro: daí, uma vez rebentada a bolha especulativa, um agravamento da dívida pública, ao mesmo ritmo e à mesma escala que a socialização das suas perdas. Sem uma nova dinâmica de ganhos de produtividade e sem a capacidade colectiva dos assalariados para impor uma repartição mais equilibrada da mais-valia, as tensões entre os pólos mundiais de acumulação agravar-se-ão.
Estará, pois, o capitalismo em vias de se instalar num regime de "crise crónica"? Esta é a tese de Tom Thomas (3). Na sua opinião, o capital já não dispõe dos meios (técnicos, sociais ou políticos) para alimentar a sua acumulação. A sua corrida à produtividade faz com que empregue constantemente menos trabalho vivo, que é o único capaz de gerar mais-valia. Além disso, os seus "custos acessórios" aumentam, absorvendo uma parte dessa preciosa mais-valia, quer sob a forma de capital de mercado (comercial e financeiro), quer através da dilatação do aparelho de Estado que produz ou gere os equipamentos e serviços públicos tornados necessários pela socialização crescente da sociedade.
Isto não significa que o capital desaparecerá por magia. Ele pode sobreviver na destruição ecológica e na barbárie política, a menos que uma força social se levante para o substituir. Essa força existe potencialmente na imensa massa do proletariado, consideravelmente aumentada pela recente fase de "mundialização". A solução consistiria, então, em retirar das mãos do capital as formidáveis capacidades de produção que ele deve à ciência e à técnica e colocá-las ao serviço do maior número possível de pessoas, com uma redução substancial do tempo de trabalho como garantia do estabelecimento dessa "reunião de homens livres que trabalham com meios de produção comuns (...) segundo um plano concertado" que não é outra coisa senão aquilo que Karl Marx concebeu sob o nome de comunismo.
Alain Bihr
Professor de Sociologia na Universidade de Franche-Comté.
(1) Marcel Roelandts, Dinâmicas, contradições e crises do capitalismo. I:
Mise en perspetive, Contradictions, Bruxelas, 2010, 126 páginas, 12 euros.
(2) Michel Husson, Um Capitalismo
Puro, Página Dois, Lausanne, 2008; "O Debate sobre a Taxa de
Lucro", Inprecor, n° 562-563, Paris, Junho-Julho de 2010;
"A partilha do valor acrescentado na Europa", La Revue de
l'Ires, n.º 64, Noisy-le-Grand, Setembro de 2010.
(3) Tom Thomas, Dismantling
Capital or Being Crushed, Page Two, Coleção "Imprint", 2011, 124
páginas, 9,50€.
Fonte: Dynamiques, contradictions et crises du capitalisme – les 7 du quebec
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis
Júdice
Sem comentários:
Enviar um comentário