20 de Novembro
de 2023 Robert Bibeau
Por Khider Mesloub.
Silêncio, nós matamos. Este poderia ser o título do cenário encenado pelas personalidades corajosas, mas não imprudentes, da esfera cultural francesa, esses pobres actores da História que resolveram finalmente emitir gritos pacíficos de orcrim em modo menor e, sobretudo, mudo, para exigir silenciosamente a paz no Médio Oriente.
Paz para os plutocratas israelitas, criminosos de guerra que cometem uma limpeza ética, ou para os palestinianos, vítimas de genocídio?
Devido ao seu silêncio desavergonhado, nunca o saberemos. Ou melhor, se ouvirmos a resposta de um dos participantes: "Não é preciso tomar partido por um lado ou por outro". Por outras palavras, colocou os massacres das FDI e da população civil palestiniana lado a lado.
Vários milhares de pessoas reuniram-se em Paris no domingo, em resposta a
um apelo de 600 personalidades do mundo da cultura para uma "marcha
silenciosa" no domingo, 19 de Novembro, em Paris.
Sob o patrocínio do antigo ministro da Cultura, o sinistro Jack Lang, com
uma grande faixa branca e sem slogans, o cortejo partiu do Instituto do Mundo
Árabe em direcção ao Museu de Arte e História do Judaísmo. Dois símbolos
culturais da degenerescência do mundo árabe e do mundo judaico, ambos
gangrenados pelo islamismo e pelo sionismo, essas duas faces ideológicas da
mesma moeda sobrevivente, pertencentes ao velho mundo feudal obscurantista.
A sua manifestação de domingo assemelhava-se mais a um cortejo fúnebre. Um funeral da luta. Uma luta acabada. Como see estas palavras, luta e combate, lhes dissessem algo, eles que são habitualmente surdos ao sofrimento do povo. Mais ainda para os mártires dos povos oprimidos e colonizados.
Os nossos heróicos acrobatas, esses amotinados do silêncio ou amotinados
mudos, não queriam sobretudo perturbar os massacres das FDI na sua operação
genocida relâmpago e estrondosa. Os seus
gritos de revolta pretendiam silenciar os sons aterradores dos bombardeamentos,
os assobios ensurdecedores das balas sionistas, as estridências dos
palestinianos, esses "animais humanos" segundo os dirigentes do
governo fascista israelita, os lamentos dilacerantes dos bebés dilacerados de
Gaza, os gemidos de agonia das mulheres palestinianas.
O coletivo que está por detrás da marcha deu ao cortejo fúnebre o nome de
"Une Autre Voix, Ensemble" (Uma Outra Voz, Juntos). Para "fazer
ouvir uma outra voz: a da união". Ou melhor, um outro caminho, o da
oclusão. Do encerramento de qualquer perspectiva de luta anti-colonialista. De
obstruir a luta anti-sionista.
"Optámos por uma neutralidade absoluta face ao ruído das armas",
declarou em silêncio um dos organizadores da marcha, um pacifista.
A neutralidade benévola preconizada pela pacifista burguesa parisiense e seus congéneres degenerados é mais uma questão de neutralizar qualquer reacção revolucionária aos massacres perpetrados pelo Estado nazi de Israel. Uma política de "silêncio", sinónimo de resignação e de indignação muda. De um pacifismo feliz.
E, no entanto, como mostra a história, o pacifismo nunca evitou as guerras. Menos ainda impediu as guerras depois de estas terem começado. As manifestações pacifistas serviram sempre apenas para desmobilizar o melhor da vontade insurreccional em procissões desmoralizantes, fúnebres e, sobretudo, fúteis.
O pacifismo é uma arma
da burguesia. E em nenhuma circunstância o pacifismo pode opor-se à guerra.
Muito menos pelo silêncio.
"Confrontar uma pessoa faladora é certamente uma provação. Mas o que
fazer com aquele que nos invade e nos impõe o seu silêncio?", escreve
Amélie Nothomb. Bem, silenciamo-los para os silenciar para sempre. Ao silêncio
dos cobardes, preferimos o motim revolucionário. À paz dos cemitérios
preconizada pelos pacifistas sem espinha, impondo a guerra de classes aos
poderosos que querem transformar o mundo num cemitério e a Palestina numa vala
comum.
Com estes pacifistas mudos, não é a "paz" em oposição às potências imperialistas e aos sionistas que é defendida, mas apenas a "paz" entre as classes, a paz social, a pacificação nacional em benefício do capitalismo imperialista, que é por natureza belicista.
Uma coisa é certa, nenhuma manifestação pacífica ou marcha muda pode parar
as guerras, o militarismo, ou seja, o imperialismo e o seu sucessor, o
sionismo, enquanto as classes capitalistas exercerem o seu domínio de classe
sobre todos os povos oprimidos e o proletariado mundial.
A guerra imperialista é um produto do capitalismo. A guerra só pode ser
combatida atacando o capitalismo. Por outras palavras, as classes dominantes e
possuidoras que dominam o mundo.
Khider MESLOUB
Fonte: Silence, on tue – les 7 du quebec
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice
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