sexta-feira, 3 de novembro de 2023

O MILITARISMO ESTÁ EM ALTA EM TODO O MUNDO

 


 3 de Novembro de 2023  Robert Bibeau 

 


Sobre a ascensão do militarismo | Communia.


O QUE É MILITARISMO?

O militarismo não se limita à hipertrofia da indústria armamentista. É, acima de tudo, a subordinação de toda a produção à guerra. Isto assume a forma de um circuito de acumulação específico, organizado pelos Estados e garantido por impostos e taxas.

Ver também no Diccionário de Marxismo as definições de:

§  Militarismo

§  Acumulação de Capital

§  Defensividade e

§  Derrotismo revolucionário



O MILITARISMO JÁ ESTÁ AQUI, NÃO É UMA PERSPECTIVA, É UMA DINÂMICA

1.     Embora a hipotrofia do sector das armas seja endémica desde o declínio do capitalismo, a guerra na Ucrânia elevou a fasquia. Nesta fase, os Estados Unidos estão a viver um verdadeiro boom sem precedentes em "tempo de paz", a Rússia viu a sua carteira de encomendas aumentar em 50.000 milhões de dólares, a China está a fazer o seu caminho em África para obter um pedaço do bolo e até o governo francês está a falar descaradamente sobre a "magnífica oportunidade que a guerra é para a indústria".

2.     subordinação da produção às necessidades da guerra tem muitas faces. Mas a primeira delas é a expansão da produção para fins militares em sectores supostamente civis.

O exemplo mais recente apareceu hoje na imprensa: a 
Grifols, uma empresa catalã dedicada à produção de plasma sanguíneo, anunciou um contrato de 11 milhões de euros com o Departamento de Defesa dos EUA para a investigação de medicamentos contra possíveis ataques biológicos.

O sector farmacêutico e os laboratórios são apenas um exemplo, mas é muito ilustrativo. Embora os militares paguem rápida e generosamente pela investigação de que necessitam e tenham pouco incentivo para arriscar investimentos em I+D que abordem doenças raras ou "pobres", é altamente provável que vejamos uma reorientação das capacidades da indústria farmacêutica de todas as dimensões... para as necessidades do exército numa guerra futura.Mas, além disso, o principal e quase único comprador do sector das armas é o Estado. E é o Estado que paga com base no imposto. A criação de novos impostos ou a redução dos serviços básicos universais para pagar o armamento é outra expressão característica do militarismo.

3.     Ainda ontem, Biden, que acaba de sair de uma batalha com os republicanos para definir o tecto da dívida, apresentou num discurso à nação com um ar de urgência nacional, o argumento para o que agora se tornou um pedido ao Congresso dos EUA para um orçamento militar adicional de 105.000 milhões de dólares. Destes, 60.000 são para armar a Ucrânia na sua guerra contra a Rússia, 14.000 milhões para Israel contra o Hamas, e 13.600 para reforçar o exército dos EUA na fronteira com o México e 7.400 para as forças armadas taiwanesas. E tudo isso, dado o tecto da dívida, virá de itens já aprovados e/ou novos impostos.

Na Europa, é ainda mais claro. A Comissão Europeia e os governos falam abertamente de um regresso à austeridade. E, ao mesmo tempo, pedem à indústria bélica que lhes peça financiamento preferencial. A própria UE garantirá e cobrirá parte do custo das dotações necessárias.

4.      Hoje, o sistema de armazenamento já está em capacidade plena. E não é apenas alimentado por doações dos EUA e tensões crescentes na África e na Ásia. As despesas militares dos países europeus já ultrapassaram os níveis da Guerra Fria.


Ver vídeo neste link: https://les7duquebec.net/wp-content/uploads/2023/05/Military_Pride_parade_Stockholm_2022.mp4?_=1

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O MILITARISMO COMO CONDIÇÃO DO MILITARISMO E COMO MODO DE VIDA DO CAPITAL

1.     O militarismo não é mais uma perspectiva, mas uma dinâmica contínua que se torna mais poderosa a cada dia. Já condiciona tudo, desde a largura das estradas até às estratégias de abastecimento de combustíveis, I+D, desenvolvimento tecnológico, agricultura e saúde.

2.     O militarismo, à medida que se desenvolve, deixa de ser um condicionante, para se tornar um guia que acaba por ser um modo de vida do capital. Estamos a caminhar para uma subordinação total da economia e da produção à guerra... Estilo russo.

3.     O custo do militarismo é tão alto para qualquer sociedade que, além de um certo nível, ela necessariamente socializa. E a forma mais óbvia de socialização do militarismo é o recrutamento.
Na resposta europeia e americana destes dias à mobilização geral da sociedade israelita para a guerra, vimos muito mais do que admiração. Esse é o modelo. O recrutamento obrigatório, que voltou ao horizonte dos objectivos da maioria das burguesias europeias em 2020já se estende de Norte a Sul.

4.     Orientada e focada nas guerras actuais, mas sobretudo no futuro, a burguesia precisa mobilizar toda a indústria da opinião para gerar um consenso em torno dos seus objectivos. Uma cultura ainda mais belicista e anti-humana está a chegar. Se já tínhamos todo um bombardeamento defensivo e infame para justificar o massacre ucraniano, com as justificações da barbárie do Hamas contra civis como parte de uma "luta de libertação nacional" (ou seja, como uma forma supostamente legítima de luta de uma burguesia nacional), vemos para onde vão literalmente os tiros... contra os trabalhadores de todos os lados de todas as fronteiras. 

5.     Devemos denunciar o militarismo, mostrar para onde ele quer nos levar e o que o move, confrontar a cultura que ele promove e levantar a única alternativa válida para os trabalhadores e a humanidade em todos os lugares e em todos os conflitos armados liderados pelas suas classes dominantes.


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Fonte: LE MILITARISME EST EN HAUSSE PARTOUT DANS LE MONDE – les 7 du quebec

Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis Júdice




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