15 de Dezembro de 2024 ROBERT GIL
Pesquisa liderada por Robert Gil
A democracia pode ser combinada com todos
os sabores, social, nacional, autoritária, liberal, enfim, a democracia é um
vasto apanhado (10) que permite a cada governo poder dar
lições a quem não é democrático. No Ocidente, decretamos que a melhor forma de
democracia é a nossa “democracia capitalista”, e achamos normal que a gestão da
nossa economia dependa inteiramente da chamada “mão invisível do mercado”.
Apoiamos regimes totalitários sem qualquer problema, desde que partilhem a
nossa visão de mercado e não interfiram contra os nossos interesses e,
portanto, contra a nossa noção de democracia. Por outro lado, ai do país cujo
líder já não respeita as nossas regras do jogo e decide que os interesses do
seu país e do seu povo são mais importantes do que os lucros das nossas
multinacionais. Neste caso, não hesitaremos em usar a força forte, se
necessário, para trazê-lo de volta à razão, para que ele possa retornar ao
caminho da nossa democracia liberal.
O mais próximo de uma democracia seria um
sistema socializado, onde o povo seria regularmente consultado e participaria
directamente em importantes decisões económicas e políticas, e onde os seus representantes
poderiam ser demitidos por não cumprimento do programa para o qual foram
eleitos. Nos países orientais, mesmo que parte da população aspirasse à
mudança, fascinada pela nossa sociedade de consumo, a grande maioria queria
permanecer numa economia socialista e não queria uma economia de mercado. Eles
acreditavam sinceramente que era possível aceder à nossa sociedade de consumo
sem abrir mão de nada dos aspectos positivos do socialismo. Eles estavam
seriamente enganados! Os casos mais marcantes são os da RDA (11) e
da Rússia. A RDA foi dividida por grandes empresas e bancos da Alemanha
Ocidental (12) .
Na Rússia, Yeltsin (13) e os seus, apoiados pelos EUA e pela UE,
monopolizaram todos os sectores lucrativos da economia. A Rússia passou de um
“regime comunista” para uma “democracia capitalista”, sem que isso satisfizesse
o Ocidente (14) cujo objectivo final era repartir e
dividir o país em várias nações mais facilmente controláveis. Vladimir Putin
foi oficialmente eleito presidente da Federação Russa em 26 de Março de 2000, e
o Ocidente rapidamente compreendeu que os seus planos para destruir a Federação
Russa estavam permanentemente comprometidos.
A diferença entre a Rússia (18) ,
a China (15) e
os EUA é que a economia dos dois primeiros é gerida pelo “punho de ferro” do
Estado, ainda que na Rússia tenhamos que lidar com os bilionários resultantes
da decomposição do Estado na década de 1990, e do golpe de Estado de Yeltsin em
1993 (14) ,
enquanto o dos Estados Unidos é liderado por lobbies poderosos que representam
os interesses de uma oligarquia militar-financeira. As multinacionais
americanas, se dispõem de imensos meios financeiros e coercivos para se
estabelecerem e imporem os seus interesses em numerosos países, por outro lado
têm muito mais dificuldade em ditar os seus desejos em países onde a economia é
controlada pela “mão de ferro do Estado”. Mas até quando poderá uma economia
administrada pelo Estado, e que tolera bilionários, resistir face a uma
economia dirigida pelo que modestamente chamamos de “a mão invisível do
mercado”? Presumo que os bilionários russos ou chineses tenham as mesmas
ambições que os bilionários americanos ou franceses: ficarem cada vez mais
ricos! É assim, provavelmente não podemos fazer nada: é patológico. Não existe
lei que os obrigue a procurar tratamento, nem vacina para o prevenir.
Aqui, em França, “um país de direitos
humanos”, não existe vontade popular. Em 2005, os franceses disseram “não” ao
tratado europeu na sequência de um referendo, mas em 2008 o parlamento reunido
no Congresso em Versalhes votou “sim” a este tratado (16) .
Este golpe de Estado contra a vontade popular deveria ter-nos feito reagir,
sair às ruas, protestar, mas não, ficamos quietos em casa, lamentando, dizendo
a nós mesmos que nada pode ser feito sobre isso de qualquer maneira! A minha
avó dizia “ se abaixares as calças não consegues mais andar ”
Então, como é que queres essa democracia?
o sistema económico determina o sistema político com o qual deseja coabitar, a
política é apenas um instrumento, ao serviço de quem dirige esta economia. O
capitalismo é profundamente desigual e baseia-se numa relação de dominação de
uma classe sobre outra. Assim, quando um sistema político serve interesses
privados decorrentes do capitalismo, não podemos chamá-lo de
democracia (17) . Uma democracia não se baseia na competição de
todos por si, mas na cooperação de todos em conjunto. Portanto, não tenhamos
ilusões, penso que numa sociedade inteiramente baseada no poder do dinheiro, na
qual uma pequena minoria de pessoas possui todas as alavancas económicas,
financeiras, mediáticas e, portanto, políticas, não pode ser nem livre escolha,
nem liberdade, nem democracia. Actualmente, a nossa democracia é na realidade a
ditadura da minoria (Grande Burguesia) sobre a maioria (o povo). Uma verdadeira
democracia seria exactamente o oposto.
Todas as referências estão em Miscellanées Politiques N°2: “Cogitação de
uma pessoa comum”
Fonte: https://les7duquebec.net/archives/296117?jetpack_skip_subscription_popup
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis
Júdice
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