21 de Novembro de
2022 Olivier Cabanel
OLIVIER CABANEL — Localizado numa Europa ligada ao petróleo e à energia
nuclear, uma ilha, a Islândia, passou de muito pobre, para o oposto, graças à
sua escolha ecológica.
O fim da miséria da Islândia começou após a sua
independência em 1944.
Até então, este país de 309.700
habitantes tinha sofrido fome, peste, pobreza, a que foram adicionados
desastres naturais.
Hoje acumula recordes:
Tem a maior taxa de fertilidade da
Europa, o recorde mundial de esperança de vida para os homens (79,4) e o
segundo depois do Japão para as mulheres (82,9), a taxa de mortalidade infantil
mais baixa do mundo (2,3).
A Islândia tornou-se mesmo o 5º país
mais rico do mundo, com um crescimento de 2,6 em 2006, uma taxa de desemprego
de 2,9 e uma inflacção de 6,7.
Mas o seu registo mais original continua
a ser o de que é o principal produtor de bananas na Europa.
Há que dizer que, tal como a França, é
uma sorte dispor de recursos geotérmicos significativos.
Produz, portanto, bananas em estufas
aquecidas graças a esta energia limpa e inesgotável.
A Islândia jogou a carta ecológica.
Produz toda a sua energia sem petróleo
ou nuclear, pode orgulhar-se de ser o estado menos poluído do planeta.
Quase 99% da sua electricidade provém de
hidráulica ou geotérmica.
Os islandeses não vivem apenas em
harmonia com as forças da Terra, há muito que se beneficiam delas.
A Islândia tornou-se o país líder
mundial para aproveitar o calor da Terra, e os seus engenheiros são
reconhecidos mundialmente como especialistas em energia geotérmica.
Esta energia geotérmica aquece 85% das
casas e, mesmo nos últimos anos, calçadas e ruas em Reykjavik.
Original para este país que namorisca
com o Polo Norte.
Muito perto do vulcão Krafla, os
islandeses construíram uma grande central geotérmica de última geração.
A Catedral do Fogo da Terra.
Existem naturalmente alguns perigos, uma
vez que a área ainda é extremamente activa, e o enorme edifício é por vezes
abalado por movimentos no subsolo.
Na península de Reykjanes, a central de
Svartsengi usa um furo de 2.000 metros de profundidade para extrair água
pressurizada de 240° que gira poderosas turbinas de vapor.
Combinando negócios com prazer, os
islandeses usaram o transbordo de água carregada de sílica para alimentar um
lago artificial de uma cor irreal: a lagoa azul.
Tornou-se um local de banho apreciado
durante todo o ano por islandeses e turistas, sendo que a água está continuamente
a 40 °.
Outra originalidade energética é o uso
da célula de combustível:
Este é o princípio oposto da electrólise
da água. O núcleo consiste num eléctrodo positivo e num eléctrodo negativo,
separado por um electrólito (material que bloqueia a passagem de neutrões).
Graças ao catalisador (platina que cobre as superfícies activas dos eléctrodos),
o hidrogénio combina com oxigénio, gerando água, calor e electricidade. Muitas
vezes, a água produzida desta forma é naturalmente evacuada para o ar sob a
forma de vapor.
Graças à energia geotérmica, a Islândia
é um dos poucos países capazes de produzir hidrogénio em quantidades
suficientes e a um preço acessível.
Tem uma frota inteira de veículos
movidos por esta célula de combustível, sendo o hidrogénio distribuído em
postos de serviço.
Isto não é um exemplo para todos nós?
Porque, como dizia um velho amigo
africano:
"O elefante não pode correr e coçar
as nádegas ao mesmo tempo."
Fonte: Au chaud sur la terre de glace – les 7 du quebec
Este artigo foi traduzido para Língua Portuguesa por Luis
Júdice
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